Interação de Natal/ O numinoso em mim

O termo Numinoso foi cunhado pelo teólogo e filósofo da religião Rudolf Otto (1869 - 1937) para designar aquele elemento místico e transcendental que é encontrado em todas as religiões constituindo-se no seu mais íntimo do seu cerne, sem o qual, afirmava Otto não haveria religião.

Numinoso é o estado de vivência que possuímos acerca de questões sobrenaturais, geralmente sagradas, transcendentais ou de divindade, comportando-se e sendo influenciado por essas questões.
Sinônimos: misterioso, sagrado, sobrenatural.




Não sei se entendi bem o que pode ser "o numinoso em mim", proposta da Rosélia para a interação entre os blogs, nesta época do Natal.
Creio que pode ser a minha crença a respeito de questões que envolvam a religiosidade, não como religião, mas como método de vida. Quando cremos, por menos que entendamos racionalmente, sabemos que há Alguém (e muitos, além Dele) que vela por nós e nos acompanha pela vida afora.
Acreditar ou não é muito pessoal e a crença não envolve racionalidade: "eis o mistério da fé".
E quem crê o faz simplesmente porque acreditar é se entregar, é se envolver completamente, e para isso não é preciso fanatismo, aliás, é totalmente dispensável.
O numinoso que me envolve certamente faz de mim alguém melhor.
Quando estou desanimada, triste, jamais perco a esperança de dias melhores, porque sei que há Alguém que está comigo, amparando-me e me reanimando.
Acreditar, quando não vemos, não é fácil.
Entender que somos, sim, parte de um universo que transcende qualquer compreensão, facilita tudo.
O numinoso age em mim lindamente, porque não preciso ver para crer.
Se ninguém tem respostas, não é melhor acreditar? Que mal faz? Ao contrário, a fé só nos faz bem.
O importante é levarmos com calma e consciência a nossa fé, sem querer impor. 
Agir para mostrar o poder de crer é muito mais eficaz do que simplesmente falar.
O que eu faço repercute muito mais do que o que eu falo, embora a fala seja mais compreendida. Sem que com isso seja entendida, necessariamente.
O numinoso  em mim me faz acreditar que cada dia é um milagre em si.
Que só somos completos quando aquecemos o coração com as pessoas certas, as ações certas, os pensamentos elevados para o bem de quem está a nossa volta.

Que Jesus renasça a cada dia em nossos corações e seja parte de nossas vidas, não apenas numa data (falsa) do ano. 
Que realizemos o milagre do natal (nascimento) todos os dias, nos doando, confraternizando, amparando, repartindo.
Feliz Natal!



Dezembro 2015

Novembro passou e eu deixei o blog fechado. Nem me toquei que deveria pelo menos escrever semanalmente. 
Os dias correram, vertiginosos, este ano.
No final do ano passado contei que não gosto dos anos pares, 2014 tinha deixado a desejar.
Este 2015 foi difícil de viver! Ter mamãe presa a uma cama parece ficção. Não entendo, não aceito, não "absorvo". Enquanto se vê, na política, a podridão do ser humano, os bons sofrem de todas as formas.
Não sou pessimista nem alienada. Não consigo ver o mundo cor de rosa, como se minha alma não sangrasse. Não mais admiro quem o consegue, acho que é só fachada, ou não sentem assim ou não se importam com o que não lhes atinge diretamente.
Claro que trago em mim a alegria, a gratidão. Dou graças a todo momento, porque sei que tenho uma vida privilegiada. Eu e Deus nos entendemos e Ele vai me carregando, quando estou cansada demais.
2015 passou tão célere quanto a vida passa e a gente vive no automático, sem perceber.
Não sei viver uma realidade e mostrar outra, não sei se felizmente ou infelizmente.
Mas é bom poder escrever, ter esse dom de exteriorizar os sentimentos. 
O mundo não mudou nem vai mudar. Quem precisa mudar é o ser humano. Cada dia mais egoísta, cada dia mais alienado.
Quer dizer, sair da Idade da Pedra e chegar até aqui é ter certeza de mudanças, mas é preciso entender que não mudamos muito por dentro, estamos mais centrados em nós mesmos e o resto que se dane!
Acreditar que devemos relevar tudo, que as pessoas são como são e devem ser aceitas é bem aborrecido. Eu não relevo o que me fere, mesmo que não deseje o mal do outro e mesmo que não perdoe. Para mim, perdoar é aceitar o outro. A partir do momento que se é ferido e não se 'abandona' a pessoa que o feriu, o perdão está instalado. Só não me peça para continuar acreditando e deixar que me firam de novo. 
Dezembro é um mês que "me dá nos nervos", porque a falsidade impera e não consigo digerir essa euforia absurda, esse consumismo desenfreado, esse "paz e amor" que não rolou no ano todo, essas luzinhas falsas, com esse brilho passageiro, anunciando um tempo que não virá, ninguém vai mudar efetivamente. 
Enfeitar a casa nunca me encantou, não com esse fausto de hoje. Lembrar do galho seco que enchíamos de algodão e bolinhas coloridas me dá muito mais prazer do que ver esses falsos pinheiros cheios de enfeites. 
Entender essa figura gorda e sorridente, com uma roupa de inverno, sufocante, e acreditar que ela é milagrosa, que a paz chegará junto com ela,  a prosperidade, a fé...Ahhh, cansei!
Mas é claro que o sonho tem que continuar, como a vida continua, e as crianças precisam da ilusão, mesmo que passageira, de que há um mundo melhor, onde o amor impera.
Antes de dar presentes caros, é preciso que se dê amor o ano todo, carinho, compreensão, abraços e beijos em profusão. 
E abrir os braços para os que nada têm também não pode se limitar a um pequeno período do ano.
Deus esteja conosco, abrindo todos os corações para o verdadeiro sentido da vida: espalhar o amor. E com ele vem a paz, a igualdade, a prosperidade para os que assim quiserem.
Igualdade, para mim, significa não ver o outro como negro, pobre, amarelo, rico, índio, branco, mas tão-somente gente. Ser igual, para mim, não é ter todos os mesmos bens materiais, afinal cada um tem que lutar por seu lugar ao sol. 
Igualdade, para mim, é cada ser humano poder ter uma casa onde se abrigar no fim do dia, com cama feita, panela cheia de comida, luz e água, direitos simples e necessários.
Direito que vem junto com o dever de lutar pelo que quer, sem atropelar ninguém, sem roubar, sem "coitadismo" de que "não teve oportunidade". 
Quem nasce em berço de ouro, certamente nasceu para partilhar. Doar-se especialmente, para que o seu irmão menos favorecido tenha uma vida minimamente digna, como falei acima. E isto não vem de doações, vem de ações, de ensinar, de empregar, de respeitar.
Todos somos iguais, temos os mesmos direitos e deveres, mesmo que a carga de um seja maior do que a do outro. 
Nunca iremos entender porque uns nascem com possibilidades e outros nascem com inúmeros entraves, mas assim é e o que cabe a cada um é fazer a sua parte, ajudando seu semelhante a se erguer. A velha história de ensinar a pescar, para que pesque sozinho.
O nascimento e a morte nos igualam. Ricos ou pobres, todos nascemos pelas mesmas vias e apodrecemos ou queimamos depois de mortos. O que fazer desse tempo que passamos aqui cabe a cada um. 
Não é um político, nem um partido, nem uma nação que vão fazer de nós pessoas diferentes. 
Cada um de nós é sua própria responsabilidade.
Por isso, dezembro para mim é um mês como outro qualquer, apenas o último do ano. 
Sem esperar demais de nada nem ninguém. Não é o numeral do ano que determinará suas alegrias ou tristezas.
A alegria tem que ser companheira diária, mesmo que corram lágrimas pelo rosto, em alguns momentos. Estar junto aos que amamos, mesmo que não os vejamos pessoalmente todos os dias, é o bem maior. 
Saúde e paz interior são indispensáveis.
E muita conversa fiada, para organizar os pensamentos e os sentimentos.


Por momentos melhores

Navegando pelo Facebook, encontrei o texto abaixo. Como o mural era de uma amiga portuguesa, pensei que a autora do texto fosse de Portugal, o nome até sugeria. 
E vou à procura, como costumo fazer.
Ita Portugal (Itaneide Alves Bezerra Portugal) é brasileira, maranhense, pedagoga e escritora. 
Escreve com leveza e alma. 
E tem página no FB,  https://www.facebook.com/Ita-Portugal-579930102030799/

"Faça mais. Muito mais. 
 Faça pipocas, faça graça, tome sorvete. 
 Durma até mais tarde. Dê uma espreguiçada generosa.  Tome um banho demorado. 
 Ande de bicicleta. Compre flores. Ande descalça dentro de  casa. Vista uma roupa folgadona. Retire a maquiagem.
 Leia um livro. Escreva um poema. Coma chocolates.  Converse com amigos. Conte piadas.
 Pule poças d’água, suba as escadas no lugar de elevador.  Faça uma receita nova. Faça artesanato. Pinte um quadro  ou borde uma bagunça. 
 Escreva uma música. Invente um verso. 
 Faça uma boa ação. 
 Esqueça uma má ideia. 
 Retire a mágoa. 
 Despache a tristeza. 
 Por um dia, faça muitas coisas ou não faça nada.
 Troque a roupa, vire a página, mude o verso, atravesse a  calçada, equilibre-se na ponte, dobre a esquina, apague o  texto, enxugue as lágrimas, quebre os discos, rasgue os  bilhetes, troque a música, porque saudade não resolve as  ausências, não muda a estação e nem a situação. 
 Deposite a tristeza nos latões e não recicle sentimentos  imaginários. 
 Use e abuse do poder de recomeçar e experimentar. 
 Reaja, repense, reflita, mude, altere, reveja, aceite, revide,    resmungue, crie, pinte, borde, flutue, compre,guarde,  ofereça, ande, corra, levante-se, descanse. 
 Se faça feliz. 
 O depois é para amanhã. Faça uma loucura: ame!"

Aproveita o fim de semana para começar a praticar.

(Orquídea. Arquivo pessoal)



Porque não faço dieta

Dieta é o conjunto de alimentos e bebidas ingeridos usualmente por uma pessoa. A palavra "dieta" tem origem no latim diaeta, que vem do grego “díaita”, que significa "modo de vida". As dietas podem ser modificadas e adaptadas com diferentes objetivos, de acordo com as necessidades nutricionais ou restrições alimentares de cada um.
Não faço dieta restritiva porque já fiz muitas, desde os meus 30 e poucos anos.
Dieta restritiva é só para quem tem problema de saúde.
Glicose alta? Cortar o açúcar e alguns carboidratos.
Colesterol alto? Cortar gordura animal e alguns carboidratos.
Problema renal? cortar isso e aquilo.
Ácido úrico alterado? Não coma isso e aquilo. 
E por aí vai.
Mas se estamos com tudo em dia, só queremos mesmo perder peso, o jeito é aprender a comer.
Comer menos, comer variadamente, priorizar verduras, frutas, legumes.
O segredo de comer e não engordar é um só: gastar o que se come.
O resto é blá blá blá, é conversa para boi dormir.
Se você não tem restrição a determinados alimentos, pode comer de tudo. T U D O mesmo. Só que com bom senso, com comedimento.
Nenhum alimento faz mal - desde que você não tenha restrição a ele - e nenhum alimento engorda. 
Quem engorda é você.
Não adianta se privar de vários alimentos. Vai emagrecer, sim. Mas não vai dar conta de passar a vida inteira sem eles e quando voltar a comê-los, achando que agora já sabe dosar, mas enfia o pé na jaca, pois a vontade é muita, vai engordar tudo de novo...e de novo vai restringir a alimentação ... e de novo vai voltar a engordar.
Não falo para desanimar ninguém, falo por experiência própria.
E fuja de remédios, que só ajudam momentaneamente, depois têm o poder de fazer você ganhar mais peso ainda...
Uma alimentação equilibrada é o certo.
Em pequenas quantidades.
Cortar pães, para quem ama pães, não tem sentido...Vai sonhar com pão, vai voltar a comer até em horários que não comeria normalmente.
A dobradinha comerXgastar ganha tudo.
Sem exercício físico também se emagrece, desde que se incorpore bons hábitos de alimentação, mas para por aí, o peso se estabiliza, às vezes num ponto em que ainda precisamos emagrecer mais. É onde precisamos intensificar exercícios e chegar onde queremos. 
Esta parte também falo com certeza, visto que não gosto de exercício físico, nem uma simples e boa caminhada. Por isso há anos não engordo, mas também não emagreço, cheguei num ponto que "sei comer", mas sem exercício físico não consigo perder peso. 
Toda vez que leio no FB posts de amigas empenhadas em emagrecer, mostrando pratos restritivos, aquela comida saudável, que deveria fazer parte da vida, não de um período apenas, sei que não conseguirão, por mais otimistas que sejam. Vão emagrecer, mas voltarão a engordar, mais cedo do que um piscar de olhos. 
Não faço dieta para emagrecer, mas cuido do que como, visto que tenho o colesterol alterado e preciso de medicação para deixá-lo bom. O colesterol é fabricado pelo fígado, adoecemos mais por disfunção de fabricação dele do que por meio da alimentação. Isto quer dizer que não basta tirar a gordura da sua vida, seu organismo pode estar fabricando muita gordura e é uma luta perdida, se não tiver orientação médica. 
Dieta por conta própria, repetindo a que fez há 5 anos, por exemplo, também é perda de tempo. O corpo muda ano a ano, ainda mais a partir de certa idade e o que comíamos ontem e não alterava nada, hoje pode nos ser prejudicial.
Estar insatisfeita com o corpo é característica feminina e a briga com os hormônios dificulta demais.
Ir ao médico e iniciar uma atividade física é tudo de que precisamos para emagrecer. 
Mediu todos os elementos, está tudo em ordem? Sem restrição. Coma de tudo. Açúcar não engorda, gordura não engorda, glúten não engorda. Quem engorda é você. 
Coma menos e se exercite mais. Ponto final.

(Sei que "açúcar não engorda, gordura não engorda, glúten não engorda" é forte, sabemos que hoje todos os alimentos estão prejudicados por agrotóxicos, por branqueamentos, etc. mas sou de opinião que tudo que a natureza nos dá é saudável, desde que saibamos comer. E é só uma opinião, baseada na minha experiência.)

A senhorinha e o filtro solar


Quanto mais amadurecemos, mais temos que ver tudo com leveza.
Amadurecer passa por aí, por aprender a valorizar o que se tem, sem sofrer pelo que se quer.
Amadurecer é "amolecer" também. É não levar a vida tão a sério, saber dosar tudo e de tudo tirar proveito.
Quando jovens, temos pressa e não adianta nos dizerem para ter calma, tudo a seu tempo. 
Para os jovens, vale o hoje e tudo tem que ser feito já.
Quando "amolecemos", deixamos de ter urgências e passamos a ser mais contemplativos.
Regra? Não, claro que não.
Leio textos e textos falando da mulher madura, da velhice, do que deixamos para trás e do que priorizamos. Não é fácil entender as limitações naturais, é preciso desacelerar. Mesmo porque, o pensamento ainda voa, mas as pernas...
Ontem estava na farmácia e uma senhorinha se postou ao meu lado, prontamente atendida por 2 balconistas. Pequenina, mirrada, pele cheia de marcas da idade, manchas senis misturadas com manchas de sol. E queria saber como tirar aquelas manchas. As moças recomendaram filtro solar. Marido ouvindo e depois delas muito explicarem, ele complementou que o filtro tinha que ser passado também no rosto e pescoço. Porque elas enfatizavam muito as manchas dos braços, acho que conheciam a senhora, farmácia de bairro, devia sempre estar por ali. E, conversa vai, conversa vem, ela soltou: "Minha filha mais velha tem 84 anos. Eu vou fazer 100 anos em janeiro do ano que vem". 
E nós, embasbacados, no máximo eu lhe dava os 84 anos da filha mais velha... E ela, pressurosa, tirou os documentos do bolso de um vestidinho simples, bem feito, estampa bonita, e lá tinha tudo: cartão de banco, cartão do plano de saúde, carteira de identidade. 16 de janeiro de 1916. 
E eu, comentando com a moça que me atendia: como é que a família deixa que ela saia sozinha?! 
Mas não estava. Depois, no caixa, vi que estava com uma filha, uma mais nova, uns sessenta e poucos, não a de 84 anos. 
O andar era vagaroso, as marcas do tempo eram muitas, mas a voz era firme e a vaidade de querer a pele bonita, sem manchas, era o motivo dela estar ali. Não sei se comprou o filtro solar, a filha não tinha cara de bons amigos, vai ver nem deixou. Ou comprou, sei lá, não reparei.
A vida é isso, estar de pé, preocupar-nos com a estética, em vez de choramingar pelos cantos.
O amadurecimento físico é natural da vida. É hora de pensar menos e agir mais em função de nós mesmos, e aí não tem a ver com idade. Pensar mais, mudar de ideias, falar menos, agir com sabedoria e objetividade. 
Quem sabe, chegar aos 100 anos de pé, querendo que a pele fique mais bonita, mais "clean".





Sem novidades

Post novo, sem novidades.
Tudo igual no front, tanto da minha vida quanto do nosso Brasil e do  mundo.
Este mundo conturbado, assolado por intempéries e por homens sem boa vontade.
Homens que lutam em nome de um deus que não quis, não pediu, não ensinou a ninguém esta belicosidade.
Onde o amor aos semelhantes impera, não há lugar para guerras.
Mas também não quero falar disso.
Enquanto vivo minha vida e cuido dos meus afazeres, penso em  muita coisa para escrever. Faço posts inteirinhos na cabeça e depois desisto de publicar. 
Cansei de ser "doutrinadora", não dá mais para querer mudar o mundo, as pessoas, a não ser que se cheguem a mim e peçam ajuda. 
Mas o que posso falar é o que penso e, de fora, todos os problemas têm solução. 
Mudei muito, ao longo dos anos. e quem falar que não mudou, deve ser bem bitolado.
Não mudamos valores, seguimos a moral vigente, mas mudamos maneira de pensar, mudamos atitudes. E que seja sempre para melhor, esperemos.

Na essência, aquela carga genética que trazemos, nosso meio, nossa família, isso fica na gente, às vezes criando ranço, gritando por mudanças, mas não conseguimos.
Conseguimos mudar muita coisa, mas não tudo. Quem muda tudo, nega suas heranças e vive uma vida que não é a dela, é um personagem.
Poucas pessoas conseguem dar uma virada na vida, abandonar tudo e todos e recomeçar, às vezes bem longe. Mas, lá dentro,  um dia ou outro, a essência transborda. 
A vida é para ser bem vivida, mas sem ser levada muito a sério, no sentido de pensar que podemos, de uma maneira ou de outra, mudar o mundo.
Cada um cuidando de si já é uma ótima forma de viver.
(Portão do sítio da família, sempre florido, embora a terra não seja boa. É preciso vontade, cuidado constante, regas, para que a planta não morra. 
Assim também são as pessoas.É preciso uma série de cuidados para que saibamos florescer todas as manhãs.Independentemente do sol, da falta de chuva, dos bichinhos que corroem as plantas, como os que corroem nossa alma - ciúme, inveja, medo, maledicência, raiva, tristeza, etc. 
É preciso abrir portas todos os dias. 
E fechar portas todos os dias.)

Confiança virtual


A convite da Rosélia,de "mil e um blogs", todos voltados para a espiritualidade, vamos ver o que entendo por "confiança virtual". (clica no nome dela e conheça o blog).
Entrei para esse mundo virtual há 8 anos, quando meu neto mais velho nasceu. Nunca tinha ouvido sequer a palavra "blog" e fui apresentada a um quando uma filha, a tia do menino, criou um blog para ele. Aí me apaixonei pelos blogs e seus blogueiros. Cada blog que visitei o fiz por indicação de alguém e aí outro indicava outro e lá fui eu, criar o meu, por incentivo de duas amigas muito queridas, que ainda estão no campo virtual, mas desde ali vivem no meu coração. 
E assim é, se não me identifico com a/o blogueira/o, não volto ao blog, nem por curiosidade.
A confiança entre pessoas é algo que não pode deixar dúvida. Confia-se ou não. Não há meio termo.
Não precisamos pensar exatamente igual, mas seguir uma certa linha de compatibilidade, senão não "rola" nada. Sempre haverá quem goste do azul e não goste do verde e não é por isso que não vou me dar bem com a pessoa. 
Tenho amigas com religiões diferentes, amigos ateus, amigos petistas, amigos que amam cozinhar, amigas artesãs, amigos escritores, amigos caseiros, amigos que amam viajar, amigos ativos, "elétricos" e amigos dorminhocos, amigos que moram pertinho, ou bem longe, fora do Brasil. 
Amigos que vivem na França, na Alemanha, na Noruega, nos EUA, na Itália, na Espanha, no Japão.
De cada um pego um pouco e espero deixar um pouco de mim neles. 
A confiança vem naturalmente, quando começamos a ler até nas entrelinhas. Se não acontecer assim, melhor nem insistir. 
O blog da Rosélia, o seu carro-chefe, Espiritualidade, completa 6 anos de muita coisa boa. Fala de Deus mas não obriga ninguém a acreditar. Principalmente, ela respeita cada pessoa.
O que precisamos, afinal, para viver bem, além da compatibilidade, que é o nos que aproxima, é ter respeito por cada um, em nome da boa convivência.
Tive o prazer de conhecer pessoalmente a Rosélia e só confirmei o quanto ela é uma pessoa do bem, aquela com a qual se quer conviver e ser amigo para sempre. 
Vida longa ao blog e sempre nos ofereça lindas mensagens, Rosélia. 


A alegria de crer

Nem todos os dias se tem inspiração para escrever. Para um profissional, deve ser um caos a página em branco, à sua frente. Ou a tela em branco.
Um assunto que é tabu sempre me leva a escrever textos enormes, que ficam somente no pensamento, nunca acho que devo publicar.
Porque as pessoas, de um modo geral, não todas, felizmente, resolveram que "religião" não é uma boa coisa, que não precisamos de uma para reconhecer Deus e tantas questões mais.
Eu creio e sinto-O em todos os momentos da minha vida. E também "brigo" com ele, quando não entendo a doença da minha mãe ou a morte abrupta de uma menina de 17 anos, de uma meningite que a acometeu de manhã e à noite estava morta. Não há explicação e se não for "o mistério da fé", não há como prosseguir.
O texto abaixo fala por mim. 


No ventre de uma mãe havia dois bebês. Um perguntou ao outro:
"Você acredita em vida após o parto?"
O outro respondeu: "É claro. Tem que haver algo após o parto. Talvez nós estejamos aqui para nos preparar para o que virá mais tarde."
"Bobagem", disse o primeiro. "Não há vida após o parto. Que tipo de vida seria esta?"
O segundo disse: "Eu não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez nós poderemos andar com as nossas próprias pernas e comer com nossas bocas. Talvez teremos outros sentidos que não podemos entender agora."
O primeiro retrucou: "Isto é um absurdo. Andar é impossível. E comer com a boca!? Ridículo! O cordão umbilical nos fornece nutrição e tudo o mais de que precisamos.O cordão umbilical é muito curto. A vida após o parto está fora de cogitação."
O segundo insistiu: "Bem, eu acho que há alguma coisa e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vá mais precisar deste tubo físico."
O primeiro contestou: "Bobagem, e além disso, se há realmente vida após o parto, então, por que ninguém jamais voltou de lá? O parto é o fim da vida e no pós-parto não há nada além de escuridão, silêncio e esquecimento. Ele não nos levará a lugar nenhum."
"Bem, eu não sei", disse o segundo, " mas certamente vamos encontrar a Mamãe e ela vai cuidar de nós."
O primeiro respondeu: " Mamãe, você realmente acredita em Mamãe? Isto é ridículo. Se a Mamãe existe, então, onde ela está agora?"
O segundo disse: "Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela este mundo não seria e não poderia existir."
Disse o primeiro:" Bem, eu não posso vê-la, então, é lógico que ela não existe."
Ao que o segundo respondeu: " Às vezes, quando você está em silêncio, se se concentrar e realmente ouvir, poderá perceber a presença dela e ouvir sua voz amorosa lá de cima."
Segundo encontrei, este texto é de um escritor húngaro explicando a existência de Deus.Não sei o nome nem se procede ser ele um "escritor húngaro".
Só sei que o texto é lindo e me comoveu.

Era uma vez... Uma memória avariada...

Para comemorar os  6 anos do blog http://pensandoemfamilia.com.br/blog/, a Norma convida a falar de nossa vida, a partir de uma foto, uma lembrança. 
Já falei algumas vezes que não tenho memória da minha infância e juventude, a não ser de pequenos flashes, algo que me ocorre se alguém fala muito sobre. Algumas vezes isso me incomoda, outras nem penso nisso.
Atualmente uma foto me emociona. Não tive vontade de colocá-la na caixa de fotos. Deixo-a no armário, bem à vista, quero que fique ali.
Eu, aos 2 anos e Carlos, meu irmão, com quase um ano. 
Carlos não está mais conosco, morreu há quase 3 anos. Talvez por isso não quero deixar a foto "enterrada" na caixa.
Sou a terceira filha e ele foi o primeiro filho homem. Foi muito esperado, com certeza. Tenho uma carta, onde meu pai escreve para avisar a minha avó do meu nascimento. Ele diz que mamãe achava que estivesse aborrecido por ter tido mais uma menina e ele dizia que não, que estava satisfeito. Então, com a chegada, 1 ano e meio depois, do primeiro varão, certamente ficou muito feliz.
Eu e ele tivemos uma boa relação, ele sempre me agradou e eu sempre tentei ajudá-lo quando precisou, em momentos confusos de sua vida. 
Eu fui a primeira de cabelos escuros. As duas irmãs acima de mim eram loiras e Carlos era ruivo, herança do avô materno. Eu era pequenina, eles eram grandes.
Minha família não era de tirar fotografias, embora me lembre que meu pai tinha uma máquina maravilhosa, alemã. Acho que a revelação era algo caríssimo e ele não tinha como revelar fotos todos os dias, sei lá eu.
Esta foto era de uma tia, que me deu há uns 10 anos. 
Vivemos nesta casa e nesta cidade até os meus 7 anos, quando viemos para a capital, Belo Horizonte, e daqui não saímos mais. 
Uma foto traz mil lembranças, ou nenhuma, como esta. Mas sei que envolve muito amor e carinho. Éramos, os 4 de meus pais e mais 2 de outra tia, os primeiros netos maternos, então reinávamos nos corações de tios e tias. 
Noto minha mão na perninha dele, talvez tentando apoiá-lo, talvez um carinho. 
Éramos bem felizes, os sorrisos atestam.
Lembranças que não tenho, de um tempo que passou, mas que fez de mim o que sou.
E a minha história pode ser um pouquinho assim: 
"Era uma vez uma menininha de cabelos escuros, fartos, cacheados, que se sabia muito amada, mas que não se lembrava de nada da vida dela. Sua memória eram os irmãos e a mãe. Mas ela não pensava muito nisso e se contentava com o que lhe contavam sobre seu passado. 
Afinal, não dizem que 'o que passou, passou'? 
Melhor deixar o passado lá, onde ele mora.
E viver o hoje, tentando guardar melhor suas lembranças."


Gente boa

Que blog mais abandonado!
Vamos lá, tentar inspiração.


Acabei de ver esse banner, numa postagem da Calu, no FB e respondi:  "O melhor, afinal. rs Como diziam antigamente, "lé com lé, cré com cré", né?"

Esta expressão pode parecer preconceituosa. "Lé" é diferente 

de "cré" por quê? Um é melhor do que o outro? 

Este é um provérbio português, "lé com lé, cré com cré, cada um com os da sua ralé".
(ralé é o conjunto de indivíduos pertencentes à camada 

inferior de uma sociedade; arraia-miúda, plebe, populacho).

Uma expressão comum "na minha época"  e acho que um alerta para mostrar que nem todos somos iguais, no que se refere a hábitos, atitudes, moral, crenças, etc.
Nada a ver com status, posição social, embora a citação de classes. 
O célebre "não se misture com essa gentalha". 
Ninguém é igual a ninguém, mas pode ser melhor ou pior. Nem os dedos das mãos e dos pés são iguais, por que teríamos que ser? A cada um de nós foi dado um destino. 
Mesmo quando destinos se cruzam é para somar, para purificar, talvez, e por isso devemos saber separar o joio do trigo.
Doce é mais gostoso do que salgado
ar puro é melhor do que quarto escuro
alegria é melhor do que tristeza
silêncio é melhor do que barulho, tantas e tantas comparações, que nada têm a ver com o que queria escrever...
Vamos, lá, recomeçar...
Cercar-nos de gente boa é o ideal. Ou cercar-nos de gente tão legal como nós mesmos.
Embora "os opostos se atraiam", as diferenças têm que ser só em alguns aspectos, mas há aqueles que não podem se chocar.
Gostos podem ser diferentes em tudo e ainda assim dar certo a convivência, desde que haja respeito. Mas não podemos divergir na moral, por exemplo. A moral é o conjunto de valores e princípios éticos. 
"Gente boa" é gente que respeita o outro, que está sempre disposta a ajudar, que é um ombro amigo. Uma pessoa em quem acreditamos justamente porque nos parece igual a nós. "Igual"  quanto a seguir todas as regras da boa convivência, que incluem o respeito, a admiração, o carinho. 
"Gente boa" é gente que nos faz rir quando estamos tristes, que brinca na hora certa, que sabe ficar em silêncio quando é preciso.
"Gente boa" é gente que não fica com raiva de você sem motivo, ou se o tem, vem e lhe conta, porque muitas vezes a gente fere sem querer, sem intenção, mas o outro se ofende e o certo é conversar e mostrar o que lhe desagradou.
"Gente boa" é quem nos acolhe, quem chora conosco, quem luta por nós, se preciso for.
"Gente boa"  é quem confia em você, conta suas tristezas, compartilha suas alegrias, confidencia, acolhe, acredita.
"Gente boa" é gente que deixa a vida mais simples. 

Domingo de calmaria

Domingo era o Dia do Senhor. E a melhor manifestação era ir à missa, para os católicos.  Ainda é, para muita gente, mundo afora. Mas não para mim. Quando começaram as palmas, os abraços, os discursos, desencantei-me. Coincidiu que era mais velha, já tinha entendido que Deus se encontra em nós mesmos. Que para tê-Lo não precisava estar em um lugar específico. Mas entendo que é necessário, também. Porque um templo nos acolhe, nos deixa ali, "trancados" com Ele, mais intimamente.
Estou escrevendo e ouvindo o quarteto Il Divo, que me inspirou. Alguém com estas vozes não podem ser senão obra de um ser especial, dadivoso. E as músicas, que inebriam.

Não esquecendo que uma orquestra assim valoriza qualquer apresentação.
O que importa, nesse post, é que a música me inspirou a pensar no início do meu blog.
Disse que escreveria para que meus netos me lessem, um dia, e me conhecessem. Mas não ando fazendo nada disso. Claro que tudo que postei até hoje é parte de mim.
Um texto que leio e me agrada, ou não.
Uma frase que escrevo, uma imagem que posto, tudo reflete um pouco do que sou.
Só preciso cuidar para não me deixar envolver pela tristeza, pois esta não faz parte de mim. Por isso deixo de escrever mais sobre mim, para não cair no lugar comum e também, claro, para não me expor desnecessariamente.
Não douro a pílula, a vida é, sim, a maior parte do tempo um porre, mas a gente dá conta.
Há quem ame e quem odeie os domingos. Acho que faço parte da turma do "tanto faz".
Namorei com namorado e noivo à distância, só nos víamos nos finais de semana. Então, domingo de manhã era a glória, pois ia ficar o dia todo com ele. E domingo à noite era o desespero, pois ele iria embora e só daí a 6 dias nos veríamos de novo. Mas passou, como tudo passa.
Domingo é dia de moleza, de passeios, de uma comidinha mais caprichada, ou um passeio e almoço fora.
Domingo é dia de parar e pensar, programar a semana, mesmo que venha o destino e desprograme o que quiser.
A bem da verdade, domingo é dia de nada. Com força.
Depois vou contar a história desses meninos que formam, esse sim, um quarteto fantástico.


Poema Celta

"Que o caminho venha ao teu encontro.
Que o vento sopre sempre às tuas costas
e a chuva caia suave sobre o teu campo.
E até que voltemos a nos encontrar,
que Deus te sustente suavemente
na palma de Sua mão.
Que vivas todo o tempo que quiseres,
e que sempre vivas plenamente.
Lembra-te sempre de esquecer as coisas que te
entristeceram, e não te esqueças de lembrar das
que te alegraram.
Lembra-te sempre de esquecer os amigos que se
revelaram falsos, mas nunca deixes de lembrar
daqueles que permaneceram fiéis.
Lembra-te sempre de esquecer os problemas que já passaram, 
mas não deixes de lembrar das bençãos de cada dia.
Que o dia mais triste do teu futuro não seja pior
que o mais feliz do teu passado.
Que o teto nunca caia sobre ti,
e que os amigos debaixo dele nunca partam.
Que sempre tenhas palavras cálidas em um
anoitecer frio,
uma lua cheia em uma noite escura,
e que um caminho se abra sempre à sua porta.
Que vivas cem anos, com um ano extra para
arrepender-te.
Que o Senhor te guarde em Suas mãos,
e não aperte muito Seus dedos.
Que teus vizinhos te respeitem,
que os problemas te abandonem,
os anjos te protejam,
e o céu te acolha.
E que a sorte das colinas celtas te abrace.
Que as bençãos de São Patrício te contemplem.
Que teus bolsos estejam pesados,
e o teu coração leve.
Que a boa sorte te persiga,
e a cada dia e cada noite tenhas um muro contra o vento,
um teto para a chuva,
bebida junto ao fogo,
risadas que consolem aqueles a quem amas,
e que teu coração se preencha com tudo o que desejas.
Que Deus esteja contigo e te abençoe,
que vejas os filhos dos teus filhos,
que o infortúnio te seja breve e que te deixe cheio de bençãos.
Que não conheças nada além da felicidade
deste dia em diante.
Que Deus te conceda muitos anos de vida.
Com certeza Ele sabe que a Terra não tem anjos suficientes.
E assim seja a cada ano, para sempre !"

(Este poema corre pela internet, somente os primeiros versos. Não encontrei a autoria precisa, somente que é um poema celta. 
Para lerem e se acalmarem, principalmente o pessoal do Facebook, que parece desnorteado!
Tudo é motivo para discussão, todos têm opinião e só a deles vale! Claro que nem todos agem assim, mas a maioria. E é onde mora a decepção. 
De repente, pessoas que temos como inteligentes, estudadas, se posicionam de uma maneira que nos leva da indignação à raiva, da tristeza ao desaponto. 
Não somos todos iguais, que bom! Mas devemos, para conviver bem, primeiramente respeitar o que cada um pensa.) 

Viver

Viver é um exercício diário. Mesmo quando temos vontade de nem levantar da cama, estamos no exercício de decidir se o fazemos ou não.
Viver nos cobra quase que milímetro a milímetro até o ar que respiramos.
Não existe vida fácil, nem pras meninas que ficam nas esquinas e na horizontal.
Viver é um constante questionamento e se você acha que não, que dá pra levar tudo numa boa, não está vivendo da maneira certa.
E qual é a maneira certa de viver? De bem viver todo mundo sabe.
O jeito certo de viver é esperar de cada dia somente o que ele pode nos dar, ou seja, o que plantamos para colher.
Os dias que são cheios de imprevistos, esses temos que enfrentar e ainda agradecer quando ele acaba.
Viver é descobrir uma cor diferente numa flor diferente.
É sorrir diante de uma situação inesperada, que tinha que nos tirar do sério e no entanto tiramos "de letra".
Viver é acordar com sono, sem tempo para a fome, banho rápido e pé na estrada, pois o trabalho não espera. Ou o chefe.
Viver é esperar o certo e rezar para que o errado não nos aconteça.
Viver é chorar uma perda, seja de um ente querido, de um salto de sapato, de um cabelo que não queríamos cortar, ou deu errado aquela cor.
Viver é aceitar que nem sempre o dinheiro ajuda, pois ele não compra a felicidade.
Viver é essa busca frenética, não é possível que só você não seja feliz!
Não é possível que todos os jardins sejam mais floridos que os seus, nem que a grama do vizinho seja mais verdinha.
Viver é não ter medo, porque se o temos, desanda mais ainda. 
Viver não é esperar que as coisas aconteçam, é lutar todos os dias para que seja realidade o que ontem era sonho.
Viver é respeitar seus limites, nem sempre quem tem pressa alcança o que quer.
Viver "é afinar um instrumento". Só conseguimos harmonia sabendo o que queremos. Ou então, o que não queremos.
Viver não depende da passagem do tempo, visto que viver é agora, nesse instante, pois o segundo seguinte pode nem existir.
Viver é filosofar, simplesmente, sem querer chegar a lugar nenhum.
Só viver. 

O filho predileto


Predileto ou preferido, tanto faz.
Sei de pais e/ou mães que claramente têm essa particularidade, mas não eu.
Claro que há hora que um se aconchega mais, outro paparica mais, outro tem uma lembrança que nos distingue mais.
Mas no coração cabem todos igualmente, por mais que, como filhos, não entendamos isso.
Eu, no meio de 1o, como podia ser a preferida? Não tem jeito, o melhor é nem se pensar nisso. 
Se esta possibilidade lhe passa pela cabeça, ao contrário, de ser preterida/o , pense bem, reveja seus conceitos e, quem sabe, acabe percebendo que muitas vezes a gente se afasta e outro se chega. 
"Quem muito se ausenta, uma hora deixa de fazer falta".


FILHO PREDILETO

Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido,
aquele que ela mais amava.
E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu:
"Nada é mais volúvel que um coração de mãe.
E, como mãe, lhe respondo: o filho dileto,
aquele a quem me dedico de corpo e alma...
É o meu filho doente, até que sare.
O que partiu, até que volte.
O que está cansado, até que descanse.
O que está com fome, até que se alimente.
O que está com sede, até que beba.
O que estuda, até que aprenda.
O que está com frio, até que se agasalhe.
O que não trabalha, até que se empregue.
O que namora, até que se case.
O que casa, até que conviva.
O que é pai, até que os crie.
O que prometeu, até que se cumpra.
O que deve, até que pague.
O que chora, até que cale.

E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou:
O que já me deixou...
...até que o reencontre...


(Erma Bombeck)

Uma foto, duas vidas/O Clube da esquina


Duas crianças sentadas à beira do caminho. Um carro que passa, clicando nuvens.
Anos depois, os meninos resgatados da memória, Cacau caladão, sem sorriso, e Tonho com  a mesma carinha de moleque levado.
Capa de um disco de valor inestimável para a música brasileira. 
O começo do Clube da Esquina, que muitos pensam que seja um clube mesmo, uma sede, quando não passa de uma esquina num bairro de classe média, em Belo Horizonte. Agora vai ter sede mesmo, nas imediações da Praça da Liberdade, onde hoje funciona o SERVAS (Serviço Voluntário de Assistência Social). 
40 anos se passaram entre uma foto e outra. 40 anos se passaram entre o lançamento do disco Clube da Esquina e os dias de hoje.
Um disco que deu à luz os talentos sem fim de grandes nomes da música brasileira. No caso, encabeçado por Milton e um garoto de menos de 20 anos, Lô, que se assustou com o sucesso estrondoso. E teve a participação de nomes que nunca mais sairam do cenário musical do Brasil: Wagner Tiso, nos arranjos, Ronaldo Bastos como  produtor e letrista, Fernando Brant como um dos principais letristas, Márcio Borges, Toninho Horta, Beto Guedes, Tavinho Moura e mais nomes. A época era de ditadura e as letras tinham que ser feitas com cuidado ou não passavam pela censura. 
Letristas jovens, idealistas, revolucionários, querendo um Brasil livre e melhor, devem ter refeito várias, volta e meia...
O Brasil é mais rico, certamente, com tantas músicas e letras lindas produzidas por esta turma que ainda hoje acontece. 
O segundo Clube da Esquina, em 1978, trouxe a parceria de Flávio Venturini, Joyce, Elis Regina, Boca Livre, Gonzaguinha, Chico, Francis Hime, Tavinho Moura, Murilo Antunes, Paulo Jobim (filho do eterno Tom) e o coral Canarinhos de Petrópolis. 
Mas o que achei lindo foi o encontro dos dois meninos, hoje com 48 (Cacau) e 47 anos (Tonho). Meninos que brincavam na rua, na região de Nova Friburgo, amigos de infância, nascidos numa área rural, Rio Grande de Cima. 
Hoje a vida os separou, Tonho  (José Antônio Rimes) está casado, tem 2 filhas e é recompositor de mercadorias em um supermercado de N.Friburgo. E Cacau, (Antônio Carlos Rosa de Oliveira), vive em Rio das Ostras, onde é pintor e jardineiro.
Tonho nem sabe quem é Milton e ainda menos o que foi o Clube da Esquina.
Cacau viu o disco, há muitos anos e desconfiou que era ele na capa, até comprando o CD, mas queria mesmo o LP, que não tinha mais. Pediu o da jornalista que os encontrou, mas não sei se o ganhou.
Meninos pobres, despreocupados, clicados por acaso, Tonho conta que se lembra direitinho do dia, que alguém lhe tinha dado o pão que tem na mão, pois estava com fome e que estava descalço porque só gostava de andar assim. Cacau não se lembra com exatidão.
Duas figurinhas clicadas por um fotógrafo (o pernambucano Cafi - Carlos da Silva Assunção Filho), que procurava nuvens pra colocar numa capa e clicou os meninos sem intenção, apenas ficaram na frente da câmera.
Bem podia sobrar um dinheirinho pra Cacau e Tonho, depois desse encontro, heim?
Afinal, por muitos anos eles foram Milton Nascimento e Lô Borges na imaginação de muita gente.

(Este post foi publicado pela primeira vez no blog EmQuantos, em 22 de março de 2012)

5 comentários:

  1. eles pediram o disco? deveriam mesmo ganhar cache!
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  2. Puxa, que história,heim? Tomara sobrasse uma graninha pra eles...beijos,lindo dia!chica
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  3. Pois é, concordo com você e com a Inaie e com a Chica, devia sobrar mesmo um dinheirinho para eles...

    E Lúcia, eu brinco que esse blog tem alta densidade de História, mas cada dia mais eu vejo que essa afirmação não tem nada de brincadeira, adorei o post e conhecer mais esse capitulo de nossa história!!!
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  4. Adorei as imagens e como elas ganharam ainda mais vida com seu texto! nao conhecia nada dessa historia!

    beijcas
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