Os dias correram, vertiginosos, este ano.
No final do ano passado contei que não gosto dos anos pares, 2014 tinha deixado a desejar.
Este 2015 foi difícil de viver! Ter mamãe presa a uma cama parece ficção. Não entendo, não aceito, não "absorvo". Enquanto se vê, na política, a podridão do ser humano, os bons sofrem de todas as formas.
Não sou pessimista nem alienada. Não consigo ver o mundo cor de rosa, como se minha alma não sangrasse. Não mais admiro quem o consegue, acho que é só fachada, ou não sentem assim ou não se importam com o que não lhes atinge diretamente.
Claro que trago em mim a alegria, a gratidão. Dou graças a todo momento, porque sei que tenho uma vida privilegiada. Eu e Deus nos entendemos e Ele vai me carregando, quando estou cansada demais.
2015 passou tão célere quanto a vida passa e a gente vive no automático, sem perceber.
Não sei viver uma realidade e mostrar outra, não sei se felizmente ou infelizmente.
Mas é bom poder escrever, ter esse dom de exteriorizar os sentimentos.
O mundo não mudou nem vai mudar. Quem precisa mudar é o ser humano. Cada dia mais egoísta, cada dia mais alienado.
Quer dizer, sair da Idade da Pedra e chegar até aqui é ter certeza de mudanças, mas é preciso entender que não mudamos muito por dentro, estamos mais centrados em nós mesmos e o resto que se dane!
Acreditar que devemos relevar tudo, que as pessoas são como são e devem ser aceitas é bem aborrecido. Eu não relevo o que me fere, mesmo que não deseje o mal do outro e mesmo que não perdoe. Para mim, perdoar é aceitar o outro. A partir do momento que se é ferido e não se 'abandona' a pessoa que o feriu, o perdão está instalado. Só não me peça para continuar acreditando e deixar que me firam de novo.
Dezembro é um mês que "me dá nos nervos", porque a falsidade impera e não consigo digerir essa euforia absurda, esse consumismo desenfreado, esse "paz e amor" que não rolou no ano todo, essas luzinhas falsas, com esse brilho passageiro, anunciando um tempo que não virá, ninguém vai mudar efetivamente.
Enfeitar a casa nunca me encantou, não com esse fausto de hoje. Lembrar do galho seco que enchíamos de algodão e bolinhas coloridas me dá muito mais prazer do que ver esses falsos pinheiros cheios de enfeites.
Entender essa figura gorda e sorridente, com uma roupa de inverno, sufocante, e acreditar que ela é milagrosa, que a paz chegará junto com ela, a prosperidade, a fé...Ahhh, cansei!
Mas é claro que o sonho tem que continuar, como a vida continua, e as crianças precisam da ilusão, mesmo que passageira, de que há um mundo melhor, onde o amor impera.
Antes de dar presentes caros, é preciso que se dê amor o ano todo, carinho, compreensão, abraços e beijos em profusão.
E abrir os braços para os que nada têm também não pode se limitar a um pequeno período do ano.
Deus esteja conosco, abrindo todos os corações para o verdadeiro sentido da vida: espalhar o amor. E com ele vem a paz, a igualdade, a prosperidade para os que assim quiserem.
Igualdade, para mim, significa não ver o outro como negro, pobre, amarelo, rico, índio, branco, mas tão-somente gente. Ser igual, para mim, não é ter todos os mesmos bens materiais, afinal cada um tem que lutar por seu lugar ao sol.
Igualdade, para mim, é cada ser humano poder ter uma casa onde se abrigar no fim do dia, com cama feita, panela cheia de comida, luz e água, direitos simples e necessários.
Direito que vem junto com o dever de lutar pelo que quer, sem atropelar ninguém, sem roubar, sem "coitadismo" de que "não teve oportunidade".
Quem nasce em berço de ouro, certamente nasceu para partilhar. Doar-se especialmente, para que o seu irmão menos favorecido tenha uma vida minimamente digna, como falei acima. E isto não vem de doações, vem de ações, de ensinar, de empregar, de respeitar.
Todos somos iguais, temos os mesmos direitos e deveres, mesmo que a carga de um seja maior do que a do outro.
Nunca iremos entender porque uns nascem com possibilidades e outros nascem com inúmeros entraves, mas assim é e o que cabe a cada um é fazer a sua parte, ajudando seu semelhante a se erguer. A velha história de ensinar a pescar, para que pesque sozinho.
O nascimento e a morte nos igualam. Ricos ou pobres, todos nascemos pelas mesmas vias e apodrecemos ou queimamos depois de mortos. O que fazer desse tempo que passamos aqui cabe a cada um.
Não é um político, nem um partido, nem uma nação que vão fazer de nós pessoas diferentes.
Cada um de nós é sua própria responsabilidade.
Por isso, dezembro para mim é um mês como outro qualquer, apenas o último do ano.
Sem esperar demais de nada nem ninguém. Não é o numeral do ano que determinará suas alegrias ou tristezas.
A alegria tem que ser companheira diária, mesmo que corram lágrimas pelo rosto, em alguns momentos. Estar junto aos que amamos, mesmo que não os vejamos pessoalmente todos os dias, é o bem maior.
Saúde e paz interior são indispensáveis.
E muita conversa fiada, para organizar os pensamentos e os sentimentos.
5 comentários:
Lúcia,
Amor e paz. É o que precisamos, e o que devemos espalhar.
Passamos, na vida, por momentos difíceis, de enfrentamento com nossas crenças, valores, ilusões.
Apesar de tudo, constatamos que há muito a ser vivido, aprendido, experimentado.
Nessa mistura de certezas, nos debatemos.
Que saibamos valorizar mais as alegrias e consigamos enfrentar as adversidades, sem sofrer além da conta.
Sempre podemos escolher o melhor, de cada situação, não é?
Que venha o novo ano e ele seja muito bom!
Beijo enorme!
Oi Lucia!
Parabéns pelo post. Você não só conseguiu expressar seu sentimento, como também colocou o sentimento de muita gente que não tem esse dom p/se expressar.
Bjssss
Oi, Lucinha!
Dezembro sempre me é um mês de melancolia, introspecção. Um mês em que se fecha um ciclo para abrir-se outro.
Meu pensamento fica mais carregado nas minhas crianças já se desgarrando. A sala de aula é um ecossistema - pobres e remediados; cérebros mais e menos privilegiados; habilidades diversas; crença e descrença em papais noeis.
O verdadeiro sentido cristão do natal fica cada vez mais distante do mundo moderno. Entretanto num piscar de olhos sejá 2016 e o recomeço nos aguarda...
Beijin procê, Amiga!
Oi Lucia, é a Vi, na vida não existe explicação para tudo, e ai poderíamos apelar para Hamlet: "Há mais coisas entre o céu e a terra,do que sonha a nossa vã filosofia".
A cobiça humana que para alguns pode ser positiva, pois faz ela lutar honestamente para seu crescimento, para outros é negativa, faz descer ao mais baixo estagio moral e ético, pois fazem qualquer coisa para obterem que querem, o mesmo sentimento, mas que adquirem outras conotações, assim como as cores,tem a matriz e as diversas nuances, tons.
Não é facil enfrentar a doença, principalmente quando vemos quem amamos doente, esse é um momento que precisamos crer, a fé, nos da suporte para dor.
Muitos beijos,Vi
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