A gente entra, mesmo assim

Tenho medo de multidão. Uma fobia chamada agorafobia (do grego ágora - assembleia; reunião de pessoas; multidão + phobos - medo), que é o medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão.
Não tenho claustrofobia, que é o medo de ficar em lugares fechados (elevador, avião, cômodos fechados, principalmente se pequenos, trens,etc.) mas pode se manifestar também em meio a multidão.
Portanto, nunca estarei no meio de aglomeração, seja de que ordem for: um show, uma missa campal, uma palestra concorrida, grandes espaços cheios de gente, seja em local fechado ou aberto.
Mas, curiosamente, vou ao cinema e ao teatro, talvez porque ali esteja sentada, cômodamente. Não há confusão, as pessoas não se acotovelam.
Acho que, de verdade, não gosto mesmo é de muvuca.
Palavra de origem indígena, é a mistura de vários grãos e sementes com terra, para reflorestar uma área devastada. Mas, não se sabe como, acabou ganhando outra denominação: grupo de pessoas fazendo bagunça, desorganizado. Bagunça, farra, festa.
Por isso, sem chance de me colocarem num espaço onde cabem 1000 pessoas, totalmente fechado (sem janelas), com apenas uma porta para que eu saísse, mesmo que calmamente, na mesma hora que umas tantas pessoas quisessem o mesmo, como é comum num fim de  festa.
Ainda mais se, neste espaço estivessem mais 500 pessoas , sem lugar sequer para se balançar ao som da música (números inexatos).
Entraria, veria a situação do local, não ficaria ali, nem procuraria nenhuma autoridade, porque sei que numa noite de sábado não encontraria nenhuma. Nem comentaria com meus pais o absurdo de estar num lugar pelo qual paguei para me divertir e encontro-o superlotado. Eles nem sabem os riscos que corro nas noites que saio para me divertir.
E, se mesmo pensando assim, não quero decepcionar meus amigos entro ali para curtir  a banda, o show pirotécnico,  lutando por meus 30 cm quadrados de espaço? 
Tiro um pé, me equilibro dançando, coloco o outro pé. Desequilibro-me, resvalo pro lado do outro, rio e tá bom, vamos curtir a noite. Não cabe a mim, nem a meus pais, saberem se os extintores de incêndio estão funcionando.Não tenho como saber se a forração da boate, para conter o som, foi feita como deve ser.
Não tenho que pedir o documento de alvará concedido à casa de shows onde estou.
Não tenho que  ter medo ao ver apenas aquela saída, o mesmo lugar por onde entrei, estreito, afinal, não tenho que pensar em nada, só fui ali me divertir.
Não preciso entender o caos que se faz, de repente. Só sou empurrada pra fora, como por milagre, espremida entre muitos. Ainda bem que não fui muito longe da porta. Tento não respirar a fumaça preta que toma conta de tudo. Saio. Estou livre!
Agora são muitos os culpados. Alguns serão penalizados, outros não sofrerão nenhuma punição.
E a vida segue.
Sem os mais de 200 jovens que estavam na boate Kiss, em Santa Maria, pequena cidade do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, 27 de janeiro de 2013.

Manual para a vida / Parte 1

Embora seja fato que a vida não nos vem com manual, algumas regras são básicas para se viver bem.
Na parte da alimentação, nosso combustível, que é vital para o corpo, é interessante perceber como podemos levar pra dentro de nós um mundo de imundícies e ainda assim achar que o corpo agradecerá.
Por isso a água, um dos 4 elementos da vida (água, ar, fogo e terra) é importante. Não à toa ela é incolor, inodora e insípida. Para podermos misturá-la com a cor que quisermos, perfumá-la a nosso gosto e dar-lhe o sabor que precisamos naquele  momento, de um suco refrescante, por exemplo. Mas bom mesmo é in natura, à vontade, gelada ou apenas friinha, como gosto.

E na hora de nos alimentarmos, procuramos os fast foods, as comidas a quilo, gordurosas, salgadas, contaminadas, muitas vezes. Não que eu não coma fora de casa, mas escolho muito o lugar, para garantir uma boa higiene, no mínimo. Comer o industrializado está na ordem do dia e enchendo os consultórios. Cadê quintal pra ter nossa horta, nossas frutas, colhidas diretamente? Um sonho para poucos.


No manual que recebi (sim, escritos pelo homem tem muitos!), é necessário não nos esquecermos de viver com os 3 E: Energia, Entusiasmo e Empatia. 
Empatia é a "capacidade de se identificar com outra pessoa; faculdade de compreender emocionalmente outra pessoa"  e aí precisaria de outro manual para exercitar isso, já que a maioria das pessoas deixou de enxergar o outro e só enxerga seu próprio umbigo.
 E ainda, o manual orienta-me a não me esquecer de rezar (orar). O que me faz bem ler, porque rezar faz parte das minhas atribuições diárias. Não vivo sem a oração, nem sempre a convencional, que se pode repetir exaustivamente, sem nem sentir. Rezo num tête-à-tête com Deus, porque sou íntima Dele e porque é como respirar, para mim. Natural. Nisso, então, a vida me trouxe com manual.


 E para que a vida seja mais leve, não se pode esquecer de um básico exercício mental, alguma atividade para manter o cérebro funcionando direitinho, seja fazendo palavras cruzadas, sudoku, lendo (sempre ler mais livros do que o ano anterior, superando-se), assistindo a filmes, divagando a olhar uma paisagem, enfim, qualquer coisa que desvie os pensamentos dos problemas cotidianos e nos enriqueça intelectualmente. Ou não, apenas o prazer de ver e apreciar, sem entrar nos detalhes, mas entendendo os detalhes. Entendeu?
 Não nos esquecendo que o silêncio sempre é uma grande companhia e que sentar-nos num cantinho, mesmo que por apenas 10 minutos, e não pensar em nada, ou ter essa capacidade de desligarmos de tudo e entrar num mundo particular, mesmo em meio ao caos, fará bem à mente e ao coração.
À noite, todo um doce ritual para o sono, que é de ouro. Dormir 8 horas por noite é o ideal, seja em que idade for. Cresci ouvindo que quanto mais velhos, menos sono temos e isso me faz pensar que minha idade cronológica então não é a real, visto que adoro dormir muito, há dias que mais de 8 horas. E, bem verdade, há noites insones, também, mas bem poucas, felizmente.

                      (Samuel, aos 4 meses. Foto tirada pela amiga Daniela Castro)

Outra das regras de ouro: caminhar. Não caminho e sinto falta disso, o corpo reclama, a gordura se acumula, os pneus já estão quase iguais aos do bonequinho da Michelin (claro, exagerei). O que reflete no meu ânimo geral e não me faz bem, definitivamente.
 E por último, na lista, mas nunca o último, sorrir. Sim, sorrir é vital. Abre portas. Abre corações.
O sorriso é a nossa força. Um sorriso desarma. Ou irrita, se não for sincero, amigável, realmente de alegria. Não percamos tempo com sorrisos de ironia. Não são os legítimos.
Quem sabe sorrir o faz primeiro com os olhos.

(E o manual segue, com mais regras para a vida, num próximo post).

"Quase" um Central Park. Parque Municipal de BH

Belo Horizonte completou, no dia 12/12, 115 anos de vida. Uma cidade-menina, ainda. Traçada numa área plana, estendeu-se pelas montanhas e o resultado é uma cidade cheia de altos e baixos, literalmente.
O Parque Municipal, em pleno coração de BH, foi inaugurado 16 dias antes da cidade, em 1897.
O local era o de uma chácara e o Parque foi idealizado pelo mesmo engenheiro que projetou BH, Aarão Reis.
O arquiteto francês Paul Villon fêz o projeto do Parque, inspirado nos parques parisienses, da antiga Belle Époque. (Em várias pesquisas aparece que o estilo era o romântico inglês).


Originalmente nosso parque era muito maior, 555 mil metros quadrados. (Hoje está reduzido a 182 mil metros quadrados). Depois, a urbanização tomou parte de sua área. 

                      (Inspiração num quadro de Monet? O jardim em Giverny, me lembra esta ponte, no nosso Parque Municipal).
                                           (A tela de Monet)
Para quem conhece BH, onde é hoje a Faculdade de Medicina, o Hospital das Clínicas, toda a extensão das avenidas Alfredo Balena, a Alameda Ezequiel Dias, até a av. Assis Chateubriand, eram áreas do Parque Municipal, chamado Américo Renée Giannetti (nome do prefeito, entre 1951/54, época do governo de JK).

                     (Foto espetacular, de Frederico Haikal/Jornal Hoje em Dia) 
Hoje o parque ocupa pouco  menos do que 1/3 de sua área original. Abriga o Colégio Municipal Imaco, o teatro Francisco Nunes, o Palácio das Artes, um orquidário, coreto, concha acústica, banheiros, etc.
 Em alguns domingos há concertos com a orquestra sinfônica, aproveitando a movimentação da feira de artesanato, que se estende ao longo da avenida, próxima às grades do parque.
                                (Vista de cima, a feira de artesanato, antigamente chamada de "Feira Hippie". O Parque, do lado esquerdo).

Por ali passeiam, além de pessoas, 110 espécies de pássaros, gambás, micos, inúmeros gatos.
Há 280 espécies de árvores nativas e 3 lagos naturais. Árvores centenárias, algumas se deteriorando. Em 2011 uma delas tombou e atingiu uma mulher, que fazia caminhada pelo parque. O que obrigou o fechamento dele, para vistoria em várias árvores, algumas sendo retiradas, para evitar novas tragédias.
Em 1920 teve que ser cercado por grades, depois retiradas, as mesmas que  hoje cercam o Cemitério da Saudade.
Em 1977 a área foi novamente cercada, até os dias de hoje, abrindo às 6h e fechando às 18h seus vários portões.
O parque tem quadras de tênis e outros esportes, pista de patinação, aparelhos de ginástica, área para caminhadas, um parquinho com brinquedos eletrônicos e os brinquedos naturais aos parques, burrinhos para passeios das crianças, trenzinhos que contornam o parque e os fotógrafos lambe-lambes. (Dos burrinhos e dos fotógrafos falarei depois).
Morei pertinho dele por anos e todas as manhãs lá íamos brincar e catar coquinhos, literalmente, aqueles amarelinhos, em cachos, e um maior, da casca dura, cujo nome era "coco catarro".
 É um lindo parque, atravesseio-o, a pé, durante alguns anos, quando ia para o serviço e cortava caminho entre a Av. Afonso Pena e a Alameda Ezequiel Dias. 


Não sei quanto a outros lugares, mas o belorizontino não gosta de frequentar o parque. Normalmente é visitado por famílias mais simples, é lugar de entrada gratuita, embora tudo que se use lá dentro seja pago. Mas é um bom local para um pic-nic, coisa que por aqui não fazemos.
Guardadas as devidas proporções (inclusive em tamanho , manutenção, estrutura física) temos o nosso Central Park, mas poucos usufruem do prazer de frequentá-lo, nem que seja esporadicamente. Talvez a única coisa em comum entre os dois parques seja o fato de estarem no centro de uma grande e moderna cidade.
 Descia do ônibus do outro lado da avenida, atravessava 6 pistas e 1 canteiro e entrava no parque, para cruzá-lo, pela manhã. (menos às segundas-feiras, quando fecha, para limpeza). A mudança de ar, assim que passava pelo portão, era impressionante. Uma delícia respirar ali, em meio às árvores centenárias.

Li uma reportagem, em dezembro passaado (15/12), no nosso jornal Estado de Minas, sobre o parque, por isso quis falar dele, um dos cartões postais de BH. Usei informações contidas nela, algumas de sites e fotos do Google.
Eu mesma nunca levei um visitante de fora para ver o parque, por vários motivos. O maior deles, o descaso pelo parque, quanto à manutenção. Embora seja constante, não temos a política de torná-lo um local turístico. Culturalmente, somos preguiçosos para caminhadas e nossos meios de transporte não são para turistas usarem, infelizmente. Então, ir ao Parque fica em segundo plano, pois a pé não vamos, de carro é inviável, não há onde parar, e de ônibus é impensável. 
Belo Horizonte é uma cidade linda, em muitos aspectos, mas ainda é uma província, em matéria de infraestrutura para o turismo. O que não me impede, nem um pouco (olha a passividade de cidadã!) de amá-la radicalmente. 


(http://br.kekanto.com/biz/parque-municipal-7 - um site com opiniões de visitantes. Muito interessante para ser lido).

Quem se lembra do Veludo?


História d’um cão

Luiz Guimarães Eu tive um cão. Chamava-se Veludo: Magro, asqueroso, revoltante, imundo, Para dizer numa palavra tudo Foi o mais feio cão que houve no mundo Recebi-o das mãos dum camarada. Na hora da partida, o cão gemendo Não me queria acompanhar por nada: Enfim - mau grado seu - o vim trazendo. O meu amigo cabisbaixo, mudo, Olhava-o ... o sol nas ondas se abismava.... «Adeus!» - me disse,- e ao afagar Veludo Nos olhos seus o pranto borbulhava. «Trata-o bem. Verás como rasteiro Te indicará os mais sutís perigos; Adeus! E que este amigo verdadeiro Te console no mundo ermo de amigos.» Veludo a custo habituou-se à vida Que o destino de novo lhe escolhera; Sua rugosa pálpebra sentida Chorava o antigo dono que perdera. Nas longas noites de luar brilhante, Febril, convulso, trêmulo, agitado A sua cauda - caminhava errante A luz da lua - tristemente uivando Toussenel, Figuier e a lista imensa Dos modernos zoológicos doutores Dizem que o cão é um animal que pensa: Talvez tenham razão estes senhores. Lembro-me ainda. Trouxe-me o correio, Cinco meses depois, do meu amigo Um envelope fartamente cheio: Era uma carta. Carta! era um artigo Contendo a narração miúda e exata Da travessia. Dava-me importantes Notícias do Brasil e de La Plata, Falava em rios, árvores gigantes: Gabava o steamer que o levou; dizia Que ia tentar inúmeras empresas: Contava-me também que a bordo havia Mulheres joviais - todas francesas. Assombrava-me muito da ligeira Moralidade que encontrou a bordo: Citava o caso d’uma passageira... Mil coisas mais de que me não recordo. Finalmente, por baixo disso tudo Em nota breve do melhor cursivo Recomendava o pobre do Veludo Pedindo a Deus que o conservasse vivo. Enquanto eu lia, o cão tranquilo e atento Me contemplava, e - creia que é verdade, Vi, comovido, vi nesse momento Seus olhos gotejarem de saudade. Depois lambeu-me as mãos humildemente, Estendeu-se a meus pés silencioso Movendo a cauda, - e adormeceu contente Farto d’um puro e satisfeito gozo. Passou-se o tempo. Finalmente um dia Vi-me livre d’aquele companheiro; Para nada Veludo me servia, Dei-o à mulher d’um velho carvoeiro. E respirei! «Graças a Deus! Já posso» Dizia eu «viver neste bom mundo Sem ter que dar diariamente um osso A um bicho vil, a um feio cão imundo». Gosto dos animais, porém prefiro A essa raça baixa e aduladora Um alazão inglês, de sela ou tiro, Ou uma gata branca sismadora. Mal respirei, porém! Quando dormia E a negra noite amortalhava tudo Sentí que à minha porta alguem batia: Fui ver quem era. Abrí. Era Veludo. 

 Saltou-me às mãos, lambeu-me os pés ganindo, Farejou toda a casa satisfeito; E - de cansado - foi rolar dormindo Como uma pedra, junto do meu leito. Preguejei furioso. Era execrável Suportar esse hóspede importuno Que me seguia como o miserável Ladrão, ou como um pérfido gatuno. E resolvi-me enfim. Certo, é custoso Dizê-lo em alta voz e confessá-lo. Para livrar-me desse cão leproso Havia um meio só: era matá-lo Zunia a asa fúnebre dos ventos; Ao longe o mar na solidão gemendo Arrebentava em uivos e lamentos... De instante em instante ia o tufão crescendo. Chamei Veludo; ele seguia-me. Entanto A fremente borrasca me arrancava Dos frios ombros o revolto manto E a chuva meus cabelos fustigava. Despertei um barqueiro. Contra o vento, Contra as ondas coléricas vogamos; Dava-me força o torvo pensamento: Peguei num remo - e com furor remamos Veludo à proa olhava-me choroso Como o cordeiro no final momento, Embora! Era fatal! Era forçoso Livrar-me enfim desse animal nojento. No largo mar ergui-o nos meus braços E arremessei-o às ondas de repente... Ele moveu gemendo os membros lassos Lutando contra a morte. Era pungente. Voltei à terra - entrei em casa. O vento Zunia sempre na amplidão profundo. E pareceu-me ouvir o atroz lamento De Veludo nas ondas morimbundo. Mas ao despir dos ombros meus o manto Notei - oh grande dor! - haver perdido Uma relíquia que eu prezava tanto! Era um cordão de prata: - eu tinha-o unido Contra o meu coração constantemente E o conservava no maior recato Pois minha mãe me dera essa corrente E, suspenso à corrente, o seu retrato. Certo caira lém no mar profundo, No eterno abismo que devora tudo; E foi o cão, foi esse cão imundo A causa do meu mal! Ah, se Veludo Duas vidas tivera - duas vidas Eu arrancara àquela besta morta E àquelas vís entranhas corrompidas. Nisto sentí uivar à minha porta

  Corrí, - abrí... Era Veludo! Arfava: Estendeu-se a meus pés, - e docemente Deixou cair da boca que espumava A medalha suspensa da corrente. Fôra crível, oh Deus? - Ajoelhado Junto do cão - estupefato, absorto, Palpei-lhe o corpo: estava enregelado; Sacudi-o, chamei-o! Estava morto.


(Luis Guimarães, escritor, poeta e diplomata brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 1847, falecendo em Lisboa no ano de 1898. Sua obra fabulosa é quase desconhecida pela nova geração que chegou a empastelar os versos, os dramas, os contos, as poesias soltas, envolvendo-as na cultura de seu filho, Luis Guimarães, também escritor, poeta, diplomata e uma das figuras mais representativas do movimento cultural brasileiro. Luis Guimarães Filho nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1878 e como diplomata esteve representando o Brasil até no Japão, onde colheu subsídios para um de seus melhores livros, intitulado Samurais e mandarins (1911).
Por este motivo o poema História de um cão, encontra-se como sendo para uns, de Luis Guimarães (1847) e para outros, assim como nós, de Luis Guimarães Filho (1878). Por mais que ouvíssemos grande número de intelectuais norte-riograndenses, estes não souberam identificar o autor, o que é uma pena. Pela beleza dos versos, pela tragédia enfocada na história, pela sensibilidade que o poeta envolve a figura de um simples cão, demonstrando a lealdade, fidelidade, meiguice, carinho, indulgência que procurou dar-lhe fim, é que publicamos essa jóia primorosa da poesia brasileira.
Daqui.)

Tenho essa poesia há anos, mais resumida, não continha os versos que falava da carta do antigo dono de Veludo. Ela sempre me comoveu, pois retrata a fidelidade de um cão. Fica a dúvida sobre a autoria, se pai ou filho.



Lá da Tailândia/Agora EUA

 Li esse texto no blog da Renata, que mora na Tailândia. Uma pessoinha (porque é pequenina) muito boa, doce, arretada, como tem que ser gente de opinião. 
Sem medo de ser feliz. 
O que não é meu caso, sempre tenho medo de ofender as pessoas, porque quando me intrometo, bagunço mesmo, quero abrir os olhos das pessoas, mesmo sabendo que somos como somos.
 http://www.umaesposaexpatriada.blogspot.com.br/2012/10/a-mulher-de-cesar-rc.html
Se acessar o blog dela, vai se deliciar. 
 Certamente foi um desabafo, por algo que tenha lhe acontecido. Identifiquei-me com o que ela escreveu.
A partir de agora, o texto é dela.

"Desse modo, descobri que eu não era quem eu pensava. Ao menos no olhar dos outros. Ou melhor, usando as palavras de César, não bastava eu ser (ou pensar que era) mas eu precisava "parecer"...
Pensei que eu fosse alegre e divertida
Descobri que sou exagerada e ridícula
Pensei que eu fosse generosa e amorosa
Descobri que sou orgulhosa e calculista
Pensei que eu fosse dedicada e amiga
Descobri que sou malvada e intrigueira
Pensei que eu fosse querida
Descobri que sou temida

Pensei que era engraçada
Descobri que sou grossa
Pensei que eu era sincera
Descobri que falo demais
Pensei que transmitia aos outros as coisas que eu sabia
Descobri que eu tenho mania de saber de tudo
Pensei que eu ajudava a escolher um tecido
Descobri que ‘’agora também vai decidir o que eu vou usar’’?
Pensei que sabia quem era meu amigo
Descobri que eu era seu inimigo
Pensei que escutava as pessoas e suas historias, e as respeitava, e não as contava “por ai”
Descobri que “eu conto tudo por ai”, ou melhor, dizem que eu conto para poderem aumentar um ponto!
Se sou alegre e espontânea, e não me envergonho nem escondo isso, sou um problema.
Sim, sou mesmo um problema. Porque a alegria pura e simples incomoda. A caridade incomoda. A bondade, incomoda. O desinteresse no ganha-ganha e a disponibilidade da alma incomodam. Eu sei, muita coisa incomoda. O outro pensar e mudar a própria vida fica muito mais difícil do que criticar e macular a imagem alheia.
Com tantas surpresas eu parei para pensar. Pensar mais ainda.
E… no final das contas o que descobri foi que não é  fácil ser eu."

 Volto eu, Lúcia, a escrever:

Fiquei pensando no quanto podemos ser mal interpretadas, às vezes.
Por isso me contenho mais, hoje em dia. E sei distinguir quem me merece, ou não. Posso, certamente, dar com os burros n'água, eventualmente, mas hoje saio-me muito melhor. Estou mais decepcionada do que nunca com o ser humano.
Realmente cansada.
O que mais quero é saber me desligar do que me incomoda.
Por mais racional que seja, certas atitudes minhas não consigo mudar.
Pensando fazer o bem, acabo atingindo os que amo.
Ser feliz é escolha minha, com certeza.
Mas onde aprender que posso ser feliz sem que os que amo estejam também felizes?
Tem manual pra isso? Onde se compra? 
Quando paramos para pensar que problema é falta de saúde, problema é não ter onde morar, o que comer, o que vestir; problema é precisar de uma cadeira de rodas, de uma cama especial, de um tubo de oxigênio; problema é estar sem emprego, não ter uma boa escola, pagar imposto e não ter um médico que o atenda, fica tudo em segundo plano.
Mas as inquietações da alma são inexplicáveis e me acertam em cheio.
Não é o caso de "chorar de barriga cheia".
Não é falta de um fogão para esquentar a barriga, nem de um tanque para esfriá-la.
É natural, para algumas pessoas, a melancolia, a angústia de não saber entender o mundo, a vida, os seres que a habitam.
Se fosse fácil, já teria aprendido.

(Sou muito assim, com rompantes. Não significa nada, só filosofia. Beijo para a Renata, que me inspirou).
 

Basta seguir e ser feliz?

Claro que esta lista poderia ser muito maior, ou conter 20 itens diferentes desses.
A receita para a felicidade é infinita. O que pode fazer feliz a uns, pode não fazer parte dos desejos de outros. Como já disse tantas vezes, felicidade é pessoal. 
  1 - Não sou  muito dada a elogios, em excesso me soam falsos. Nunca fui de elogiar os filhos, nem irmãos, nem amigos. No Facebook ou nos comentários em blogs consigo me soltar um pouco e elogio, mas nunca em excesso. Só não economizo elogios a crianças, sei bem como elas precisam ouvir um agrado.
  2 - Poucas vezes na vida assisti ao nascer do sol e algumas das que me lembro não foram por bons motivos. É um espetáculo digno de plateia, mas não me sinto feliz só por vê-lo. Tem que ser circunstancial, prolongamento de uma boa noite.
  3 - Sempre.
  4 - Sempre.
  5 - Também não determina minha felicidade.
  6 - Sempre.
  7 - Se depender disso a minha felicidade...Esqueço, relevo, mas não dou a oportunidade para que me magoem de novo. Por isso tenho cuidados para não magoar ninguém.
  8 - Gosto muito! Coloco sempre no FB, rir, para mim, é essencial. Mas não guardo a piada, sou ruim de contar, também.
  9 - Sempre.
10 - Sempre.
11 - Não sou muito aberta, mas fiz grandes amigos através dos blogs. Do virtual para o real, mas levei um tempo para escolher. Sei escolher bem.
12 - Sempre. Se é para me calar, sei fazê-lo. Mas há "segredos" que nos contam justamente com a esperança de que o passemos adiante, exatamente para a(s) pessoa(s) envolvida(s). 
13 - Sou mestra na arte! Por isso sempre tenho insatisfações. Relevo muito, sempre deixo que passem na minha frente. Só agora estou entendendo que minha satisfação vem em primeiro lugar.
14 - Sempre. Sei me desculpar, procuro não cometer o mesmo erro.
15 - Sempre.
16 - Sempre. Ou quase sempre. Às vezes temos que pedir, mas quase nunca peço para mim. Peço para quem precisa. Para mim, saúde e paz estão sendo suficientes. E sabedoria.
17 - Não sei. Sou mais feliz quando relevo sem sentir dor, é pior sofrer por desilusão imposta por outra pessoa, mas muitas vezes dar a segunda chance é dar a outra face, e isso não consigo.
18 - Tomo, várias vezes. Pode dar certo, ou não. Melhor esperar passar, se puder. 
19 - Sempre.
20 - Sempre.
       Ajuda muito seguir esses 20 conselhos. Nem sempre garantia de felicidade, mas faz-nos bem à saúde, pelo menos. São regras do bem-viver, do saber viver, do saber respeitar.

(Cartaz recebido no Facebook)

Blog Retrô/ 2012

A blogagem sobre postagens durante o ano de 2012 que nos marcaram, de alguma maneira, foi uma sugestão da Elaine. (elainegaspareto.com)

A postagem mais querida, em 2012, foi a da árvore de Natal de madeira, feita por meu marido, há alguns anos. Decorei-a algumas vezes, depois deixei-a aposentada, no sítio. Esse ano resgatei-a, enfeitei-a e curti muito.

A postagem que me deu mais prazer em fazer foi a sugerida pela Nina, do blog entremãeefilha, falando de como gostaria que meus filhos se lembrassem de mim.
 A mais popular, em número de comentários foi a blogagem em homenagem à Glorinha Leão, por ocasião da sua morte. Depois dela, a que mais teve comentários foi a da morte do meu irmão. O principal motivo dos comentários certamente é a solidariedade, num momento delicado.
 A postagem menos popular, com menor número de comentários,  foi a que escrevi, meio cifrada, sobre a doença da minha irmã, Malu. Momentos de dor me fazem escrever com mais sensibilidade que o normal. Acho que o que desmotivou os comentários foi o fato de que nem sempre é agradável ler sem entender o que realmente a pessoa quis dizer. Mas recebi um comentário lindo, de uma pessoa que não conhecia, veio pela primeira vez no blog.

Sobre blogagem mais pessoal, com o Sem Medida resolvi ser mais contida. No outro blog  falava mais em mim, agora estou quietinha. Mas em cada post que faço tem uma opinião, e me mostro um pouco. Gosto do meu lado de mãe e sempre que falo nos filhos em abro mais, me empolgo, como nessa postagem.

É divertido rever postagens, acho que deveria ser um hábito. Muitas vezes tenho vontade de deletar algumas, só não o fazendo por causa dos comentários, que tanto prezo.
Foi bom reler-me.  
No blog da Elaine (link acima) tem um mosaico com todos os participantes. Clique na parte do texto em negrito e leia o post mencionado.
Bom fim de semana! 

Somos sempre inteligentes?

PESSOAS INTELIGENTES


Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia.
Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.
Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grandede 400 REIS e outra menor, de 2.000 REIS.
Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
'Eu sei' - respondeu o tolo. Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda".
***
Pode -se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.


1 - Quem parece idiota, nem sempre é.
2 - Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
3 - Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.
4 - A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito.


Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.


Moral da História.:
"O maior prazer de uma pessoa inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente."

(Em recesso, curtindo os netos). Texto recebido por e-mail, desconheço a autoria.