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Eternas insatisfeitas?


                            (Foto encontrada no FB)


Afinal, somos as eternas insatisfeitas?
A mulher nunca sabe o que quer?
O mundo mudou muito de décadas pra cá e o papel da mulher foi modificado.
De dona de casa, educadora, mãe em tempo integral, passou a disputar o mercado de trabalho com os homens..
O homem sempre foi o provedor, o que levava comida para casa.
Claro que já naqueles tempos muita mulher devia caçar e nem sabemos  disso.
As mulheres sempre estiveram onde menos se espera.
Pouco resta das sinhazinhas. A escravidão acabou e a mulher teve que "por a mão na massa".
Cursar uma faculdade era para poucas, pioneiras mesmo, desbravadoras, guerreiras, que iam primeiro contra um pai e depois contra um marido.
Muita  mulher que não quer ser "mãe, esposa, dona de casa, amante" acabou optando por ser sozinha.
Homem não admitia (e) mulher muito emancipada.
As mais corajosas eram (são?) confundidas com prostitutas, eram odiadas pelas outras mulheres (ainda), pois nenhuma queria o marido envolvido em conversa com colegas "atiradas", "biscas", para estar ali naquele cargo.
"No mínimo, dormiu com alguém grande, para alcançar esse posto".
E ainda hoje se pensa assim. Século XXI, ano 2013, e ainda há quem pense que mulher não pode tudo.
Pra mim, já sabem, mulher não devia ser presidente. Meu argumento é pobrinho, não precisa aceitar: é um cargo tão masculino quanto  piloto de provas, caminhoneiro, mecânico, engenheiro ou técnico de plataforma marinha, marinheiro, etc.
Claro que todas as profissões podem ser exercidas por mulheres. Poder, podem. Mas convém?
São Paulo já dizia: "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém". (Tem outro sentido, mas cabe aqui).
Não duvido da capacidade da mulher em nenhuma função. Nem dos homens. Todos podemos fazer coisas que não imaginávamos, desde que nos empenhemos e realmente queiramos.
Mas a mulher hoje luta por um emprego e luta para não perder a essência e ser mãe.
Porque se resolveu que toda mulher tem que ser mãe, que "nascemos"  para isso e tanto blá blá blá conhecido. E muitas encaram como verdadeiro, maridos cobram essa maternidade e nem sempre é um bom ajudante.
E ter filhos e ser mulher que segue carreira, implica em que um dos dois está perdendo alguma coisa.
Ou a mulher está perdendo o crescimento dos filhos, ou os filhos estão perdendo a atenção das mães.
Conheço uma moça, separada, com filho único, que trabalha de 2a a 6a em SP. O filho fica por conta da tia e da ex-sogra,  pai não mora aqui. Quer dizer, esta mãe luta pra dar uma vida decente para o filho (o pai não paga pensão) e perde a vida escolar do filho, os relacionamentos (amigos, colegas), as reuniões, etc.
É um preço muito alto.
Minha filha mais velha, morando em uma cidade onde não conhecia ninguém ao chegar, com um bebê de 4 meses e 2 anos depois com mais dois, gêmeos, parou de trabalhar fora. Ela que trabalhava desde os 18 anos, tinha seu dinheiro, comprava o que queria, além de se ver sem ele, se viu "apertada", com orçamento diminuído, afinal cuidar de 3 crianças sempre foi caro.
Tudo somado, arranjou uma alergia numa das mãos, onde os dedos feriam todos, nenhum dermatologista dava jeito. Não podia usar nem bijoux nem ouro, nem sabão, detergente, sabonete (só específico, e líquido). No fundo, havia um componente de frustração, de impotência.
 Outras têm colite, úlcera estomacal, fibromialgia, e tantos outros males (comum também aos homens insatisfeitos com o trabalho, etc.).
Onde era errado aprendermos a bordar, cozinhar, engomar uma roupa, tricotar, "crochetar", fazer uma faxina de primeira, ter orgulho em manter a casa limpa, organizada, filhos bem cuidados, tarefas deles prontas e com tempo para brincarem com papai, quando este chegava cansado, mas feliz?
Por que agora "o certo" é a mulher correr o dia todo, sair do serviço, entrar no supermercado, levar comida congelada, ou comer sanduíche toda noite, ou pedir pizza três vezes na semana, no mínimo, pois tem que chegar em casa e cuidar de tudo, colocar roupa na máquina, passar um uniforme, ver se tem roupa do marido passada, limpar rapidamente (só pra não ficar caótica a bagunça), dormir mais de 1/2 noite pra acordar antes das 6, já exausta?
O quadro não é só este, pode ser pior ou melhor.
Melhor para as mulheres que realmente ganham bem, pagam uma ajudante, podem pagar aulas extras para os filhos, têm carro, chegam em casa e só tomam um banho e vão fazer o que quiserem, menos olhar as lições dos filhos.
Pior para as que ficaram no trabalho, ralando o dia todo pra dar conta dos filhos das outras, ou de patrões chatos e machistas, ou fazendo faxinas pesadas, tomando ônibus lotados, todo mundo suado, e ainda chegam em casa e vão fazer "a janta" que tem que sobrar pro almoço, e nem sabem se os filhos foram mesmo na escola, como disseram, e nem têm tempo de olhar o caderno nem nada.
É bom que a mulher possa trabalhar fora, possa ter o seu dinheiro, suado ou fácil (fácil porque se preparou bem, o emprego é tranquilo, trabalha em sala com ar, cafezinho feito ao longo do dia); suado porque deixou a casa toda limpa pra hora da patroa chegar, as crianças foram pra escola na hora certa, uniformes impecáveis, o jantar já ficou pronto, tudo um brinco só.
Para umas se darem bem, outras se sacrificam, muitas vezes além do que podem.
Não gosto do rumo que a vida tomou.
Não acho que lugar de mulher é na cozinha, nem no tanque, nem só cuidando de filhos.
Não acho que vale a pena ficar só em casa, frustrada por não poder exercer uma profissão para a qual se preparou.
Não acho que ter filhos é obrigatoriedade.
Não acho que a vida do homem seja muito diferente da vida da mulher.
Homem só não pode parir nem amamentar no peito. O resto, pode fazer tudo dentro de casa e nos cuidados com os filhos.
Quando homens e mulheres entenderem que colocar filhos no mundo é uma responsabilidade que não se mede;
quando entenderem que viver junto é partilhar;
quando cada um se valorizar e valorizar o outro;
quando a mulher puder entender que trabalho de casa é gratificante, embora cansativo;
quando, enfim, perceberem que nem sempre vale a pena perder de um lado pra ganhar do outro, pode-se chegar a um entendimento.
 Isso sem falar nas mulheres separadas ou que optaram por ter filhos sem se casarem. A jornada dupla, longa e solitária. Quando é opção, tudo bem, deve ter medido todos os prós e os contras. Quando acontece a separação, mesmo que aceita e resolvida, ainda assim a vida é uma constante luta, entre a sua criação de um filho, e os pitacos do pai/amigo/visita que faz as vontades do filho para suprir a falta diária na vida dele. Ou que torna a vida da ex insuportável. Claro que aqui cabe também a parte do homem, que sofre com as loucuras de algumas ex, mas o post é sobre mulheres.
Trabalhei fora durante um período pequeno da vida, com filhos já acima de 10 anos.
Ainda assim não foi fácil.
Imagino então o que não passam as mulheres que optaram por não ter filhos para ter uma carreira.
Ou perderam suas carreiras para terem um filho.
Ou sacrificaram os filhos pra ter uma carreira.
Ou se sacrificaram para cuidar dos filhos.
Mesmo assim, na outra encarnação quero vir mulher.

(06/10/10) (Escrevi há 3 anos e está atual. Ainda sem assunto pra post novo. Acho que escrevi este texto no antigo blog, o "De amor e de...").

Fim de caso

Hoje minha empregada se foi, depois de 7 anos de trabalho em minha casa.
Entrou aqui uma jovem mulher de 29 anos, na época com uma filha de 9, outra de 5 anos e um marido de um casamento de 12 anos.
Hoje sai, aos 36 anos, com uma filha de 16 anos, uma de 12 e um bebê de quase 9 meses, filho de outro marido.
Passamos juntas pelo fim do seu casamento, a entrada de outro homem em sua vida, uma gravidez, empréstimo para que ela não perdesse a casa que comprara junto com o primeiro marido.
Vivemos uma relação de mãe e filha ou amigas íntimas.
Sou uma boa patroa e todas as empregadas que tive foram de muitos anos, salvo algumas que apenas passaram, em experiência.
 Falei com ela que se qualificasse, aprendesse outro ofício, para que pudesse ganhar melhor e ela me disse que o que gosta de fazer é trabalhar em casa de família.
Ponto. Uma moça sem ambições, que entende que o salário acaba privilegiando-a, dependendo da casa e da família com a qual vai conviver.
Aqui em casa dou as ordens, ensino o que devo e deixo-as à vontade, pois se pago para ajudar-me, quero essa ajuda.
Não acho que sou diferente da mulher que optou por não ter empregada fixa, não acho que tenho sangue escravagista e detesto esse discurso, pois elas são muito bem pagas.
Meu esquema, devido ao preço das passagens de ônibus, era ela trabalhar 3 vezes por semana, o que lhe dava todos os direitos trabalhistas. 
Pago salário, INSS, férias, 13º, 1/3 de abono de férias, ônibus, comida, lanche, o dinheirinho total na mão, no fim do mês, sem um desconto sequer.
 E ela tem jeans bonitos, sapatilhas da moda, unhas pintadas, cabelo tingido, relaxado e com luzes, jaquetas, bolsas combinando com os sapatos, relógios da moda, perfume bom, creme hidratante, um aqui em casa e outro na casa dela, para não sair com a bolsa cheia, blush, rímel, batom, tudo renovado quase que trimestralmente. E seu salário proporciona coisas boas para as filhas, adolescentes vaidosas.
Não consigo entender porque não se pode pagar uma empregada doméstica, num país onde uma grande parte da população não pode ou não quer estudar para "vencer na vida".
E para vencer na vida não pode ser trabalhando honestamente numa casa de família, onde são respeitadas, queridas e acolhidas como alguém da família?
Existem patrões canalhas, filhinhos de papais que se aproveitam delas (ou elas deles, pois muitas são vorazes namoradeiras e seduzem mesmo os adolescentes, para se darem bem, "conseguirem" uma gravidez e entrar para a família) , existem patroas más. 
Há as mulheres que querem pagar empregadas fixas, sejam por quais motivos forem e há as que não querem pagar e têm o discurso de que ter empregada doméstica é resquício da escravidão, ou que quem tem uma são pessoas preguiçosas que não querem arcar com o serviço doméstico para si própria e a família.
Tive por que precisei, ajudaram-me a criar meus 3 filhos, não olhando-os por mim, mas me dando tempo para estar com eles.
Tive porque trabalhei fora e elas eram meu braço direito, dando-me o prazer de chegar em casa e não precisar ter outra jornada de trabalho. Enquanto eu descansava, elas recebiam seu dinheiro e viviam suas vidas. E se tinham sua dupla jornada de trabalho, era a escolha delas, assim como eu podia ter escolhido não tê-las e também arcar com minha dupla jornada.
O fato é que minha empregada de tantos anos, sentiu-se cansada, esgotada com sua dupla jornada, bebê em casa, depois de tantos anos, e precisou de um descanso maior.
Talvez volte, daqui uns meses, pois não sabe viver sem seu dinheirinho e não pensa em fazer outra coisa, a não ser trabalhar em casa de família. 
Onde fez amigos, teve carinho, atenção, cuidados, em forma de pagamento até mesmo em dias de falta, sem apresentar uma justificativa, alegando ter ido ao médico e nem trazendo o atestado. Fica o benefício da dúvida.
Por enquanto vou ficar uns tempos sozinha, tomando pé da minha casa, voltando com objetos para o lugar que gosto, pois até isso deixei por conta dela, que limpa e coloca onde gosta mais, afinal, quem cuida..., né?
Por isso acho que o término de uma relação de trabalho parece fim de um casamento.
Temos que colocar a vida em ordem, tomar as rédeas de nossa casa, nossa vida.
Bom que vai me sobrar um dinheiro no fim do mês. Pelo menos isso.