Óculos, para que te quero?/Semana Colorida


Óculos podem ser usados com prazer ou serem "carregados" no rosto.
Nem todos gostam de usar.
Mas hoje até viraram  moda e  muita gente que nem tem problemas de visão usa um.


Podem ser chics, incrivelmente caros.

Dar um ar intelectual.


Ou um ar abobalhado, proposital.


 Podem ser baratos.

Podem nos livrar dos raios solares inconvenientes.

Podem ser só para um momento de descontração

 Podem, simplesmente, ser necessários e nem questionável usar ou não. 
Uso desde os 42 anos, nunca gostei, mas finalmente este ano me acostumei, entusiasmei-me para comprar um modelo mais moderninho e afinal, fiquei contente com o resultado.
Não é fácil ficar o dia inteiro com eles no rosto, mas acabamos nos acostumando. O que não tem jeito, não tem jeito, é melhor aceitar. Não posso usar lentes de contato, então não tenho alternativa.
Óculos acabaram virando objeto de desejo, de tantos modelos e cores que são oferecidos, tanto os masculinos quanto os femininos.

Para mim, que uso por absoluta necessidade, não consigo ver lirismo em seu uso, nem glamour. Mas ainda assim, que bom que podemos fazer uso desse objeto que nos devolve a alegria de uma visão límpida e clara.
A história dos óculos está no Google, para quem quiser ler, e é fascinante. Para aguçar a curiosidade, os primeiros modelos de óculos.
(Este post faz parte da Blogagem Colorida, promovida pela Anne Lieri, a cada semana com um tema diferente. http://menina-voadora.blogspot.com.br/p/semana-colorida.html)

À espera da sexta-feira



 Não entendo a espera frenética que as pessoas andam tendo pela sexta-feira.
Parece que a vida fica em suspenso, só esperando pelo fim de semana. Claro que há brincadeira no meio mas,...há?
Namorei "de longe", com encontros só nos finais de semana e aí, claro, sonhava com a 6ª feira. Ou talvez fosse porque era jovem e queria que o tempo corresse, como sempre querem os jovens.
Não faz  muito sentido querer que os dias passem rápido, pois é sabido que o fim de semana passa mais rápido ainda. Trocar 5 dias por 2 me parece tolice.
Claro que há toda a problemática de se acordar cedo demais, para o trabalho ou para a escola, enfrentar ônibus, trem, metrô, cheios de gente mal-acordada e, portanto, mal-humorada. No inverno, sair da cama quentinha é mesmo uma tremenda injustiça para conosco.
Agora que meus dias são cheios de horas, fico deveras preocupada pelo que parece ser o "não-viver" das pessoas, só querendo o descanso do final de semana.
Não temos, pelo menos nas grandes cidades, o hábito de sair do serviço, num dia qualquer, e emendar com um cinema, uma visita a uma exposição, uma parada para um café ou um encontro com  amigos. 
Claro que há os famosos "happy hours", mas não é todo mundo que adere, seja por não poder mesmo ficar na rua, seja por falta de condições de torrar o dinheiro num bar, jogando conversa fora.

 O fato é que o fim de semana, para alguns, pode ser o período do sufoco, com casa para limpar, crianças para olhar com mais atenção, trabalhinhos escolares a fazer, visitas em casa de parentes, para uns quase obrigatoriedade.
Acho que o principal do fim de semana é o não fazer nada com tempo marcado, é ter tempo para o nada, apenas deixar as horas passarem...e ver chegar o domingo à noite, tão alegre para uns e tão melancólico para a maioria.

 Cada dia tem que ser vivido ao máximo, esgotado em suas horas.
Há beleza numa segunda-feira, mesmo vista pela janela embaçada do trem, do ônibus ou do metrô. Ou do carro, que seja, com o trânsito caótico de cada dia.
O pulo do gato é pensar que cada dia é um bem em si mesmo, pois estamos vivos, saudáveis para a luta em busca do pão, ou da bolsa, do sapato, do carro do ano...
Desde os 9 anos de idade, quando fui para o que se chamava terceiro ano do curso primário, acordava cedo. Antes da minha mãe. Vestia o uniforme e me deitava de novo, esperando que ela se levantasse e me desse o dinheiro para ir à padaria. Era um tiquinho de gente, atravessava uma avenida imensa, ela nem gostava que eu fosse, mas eu era cuidadosa e ela confiou, com o tempo. Também, os tempos eram outros, as ruas com poucos carros. Depois,trabalho,filhos, e os dias começavam cedo. Agora é meu tempo de nem pensar no relógio. Às vezes fico horas sem saber que horas são...

E, apesar da tristeza de deixar o namorado, nunca me sufoquei pela chegada da segunda-feira, pois amava estudar, até sair de casa, abarrotada de irmãos, e ter uns minutos para mim, enquanto descia por uns 10 quarteirões, para ir à pé para a escola. 
Tudo tem um lado bom, temos que descobri-lo e viver plenamente o hoje.


Amigo é coisa para se guardar...

Não sou uma pessoa segura.
Nessa altura da vida, admitir isso é uma condenação. Não vou mudar, mesmo que me esforce.
Preciso da aprovação das pessoas, mas não preciso de luz de holofotes. Fico na minha, remoendo o que me incomoda e deixando as coisas se assentarem, internamente.
Por isso acho que sou boa com as palavras, escrever é muito fácil, chega a ser um desabafo.
Vejo tantas pessoas serem tão positivas, de bem com a vida, parece que nada as atinge, que a vida é só cor de rosa, e me pergunto o poder que essas pessoas têm dentro de si, se entendem o quanto são abençoadas.
Aceito qualquer pensamento divergente do meu, mesmo que não mude o que penso.
Mas acho triste, numa rede social, entre amigos (supostamente) que uma pessoa pense diferente de você e vá a outras postagens, rir da sua posição, comentar entrelinhas, mas para bom entendedor...Né?
Ao mesmo tempo que sou insegura emocionalmente, sou seguríssima nas minhas atitudes. 
Se sou amigo, sou amigo. 
Entregar-me é normal. Nada me serve mais ou menos.
Ou gosto, ou não gosto.
Ou quero, ou não quero.
Ou sinto, ou não sinto.
Nunca sem meios-termos?  Sim, também com meios-termos.
Porque não sou dona da verdade. Porque posso me equivocar. Porque posso mudar de ideia.
Quantas vezes, ultimamente, pensei em deletar meu perfil no FB? Muitas. Mas se o fizer, não volto mais. E não quero deixar para trás tantos amigos que fiz, de verdade. 
Alguns que já conheço pessoalmente e que foram exatamente o que pensei. Um encontro programado por Alguém, que nos juntou porque sabia que seria bom para ambas as partes.
Gente que acrescenta em minha vida, mesmo que só nos tenhamos visto uma vez, mas colamos coração com coração e sentimos que não é a distância que nos separa o empecilho para uma amizade real.
Sei ser dura, sei ser grosseira, sou brava, sou positiva no que penso, mas realmente não sei lidar com quem aparentemente me abraça enquanto ri de mim, sobre meu ombro.
Ilusão? Para que se doar, "isso aqui é só uma brincadeira", "se for se incomodar com tudo o que lê...", "não sinta como se tudo fosse indireta para você". 
Mas a gente sabe. E, porque gosta, sofre.
Estou me desgastando, estou chateada, estou sem saber se volto para o "play" (playground). 
Uma ovelha que se afasta do rebanho é procurada exaustivamente pelo pastor.
Eu também, entre tantos amigos, procuro aquele que se separa de mim, inexplicavelmente.
Mesmo porque, se fosse amigo mesmo, viria até mim e me contaria o que o/a aborrece. 
Pensando bem, nem sei se isso é insegurança minha. Vai ver que não, né?
Vai ver, eu é que estou certa. 
Amar faz muito mais bem do que mal.
(Acabei se "subir" o post e fui ao FB, fechá-lo, quando me deparo com esse cartaz. Nada, nunca, é por acaso)

Mulheres podem mais?




"Nunca houve tanta oportunidade de estabelecermos novas relações e de aprofundarmos as que já temos. Multiplicaram-se os canais de comunicação, com celulares, aplicativos de troca de mensagens em tempo real, redes sociais, Skype, FaceTime. Nunca tivemos tanto acesso à informação, muito mais do que necessitamos ou conseguimos experimentar, por sinal. Nunca viajamos tanto. Era de esperar que já estivéssemos mais sábios, mais receptivos, mais tolerantes, mais respeitosos com a diversidade do mundo e com as particularidades de cada pessoa com quem nos relacionamos. Era de se esperar que pudéssemos, mais do que respeitar as diferenças, conviver com elas, incorporá-las, enxergar nelas uma fonte de riqueza social, cultural, intelectual. No entanto, nunca foi tão difícil se relacionar. A falta de tempo que assola a todos contribui em grande parte, mas escolho chamar a atenção para a escalada da intolerância e de um certo autoritarismo que tem transformado o velho e bom hábito de discordar em suicídio social. As conversas ficam mais hostis quando não há convergência de opiniões. Em consequência, ficamos mais guardados, menos espontâneos. Perdemos a oportunidade de um bom embate de ideias. Mas, sobretudo, as relações definham com a superficialidade, a falta de acolhimento e de respeito. Estamos mais sozinhos.
O objetivo aqui não é reclamar - é convidá-la a virar esse jogo. A responsabilidade pelas relações é de todos, mas acredito que nós, mulheres, temos um talento especial para mudar o tom das conversas, em casa e em todos os ambientes que frequentamos. 
Acho que esse é um passo essencial para que tenhamos mais encontros do que desencontros e relações mais significativas com nossos amigos, colegas de trabalho, nossos filhos e nossos amores. Vamos?

(Paula Mageste - Diretora de redação da revista Cláudia. Seção "Eu e você" - Junho 2014)

Quando fiz a primeira leitura, gostei muito. Resolvi ler de novo, copiar e trazer para cá, mas já com alguma discordância. A conversa começou muito bem, mas depois, no finalzinho, foi pras cucuias. Uma revista feminina propondo que a mulher seja, mais uma vez, a conciliadora, a que consegue tudo, a que dá "o tom" para que as coisas se resolvam. Já passei da fase de querer que seja assim. Acho que arrumar o que está errado pode ser feito lindamente pelos homens, desde que deixemos para eles o encargo. Chega de achar que podemos tudo, que somos melhores argumentadoras, que podemos mudar o mundo com nossa (suposta) delicadeza, capacidade de doçura, tolerância, etc. Convivo com 90% de mulheres nas minhas relações "internéticas" e o que vejo são pessoas com um tipo de agressividade que nem posso dizer que seja "coisa de homem", porque passa pela absoluta falta de educação. 
Tem jeito de conviver só com gente boa. Basta selecionar. Ou deletar. 

(Imagem Tumblr)