O tempo de cada um



Alguns estão solteiros. Alguns estão casados e esperaram 10 anos para ter um filho, e outros tiveram um filho depois de um ano de casados.
Alguns se formaram aos 22 anos, e esperaram 5 anos para conseguir um bom emprego. Outros se formaram aos 27 e encontraram o emprego de seus sonhos imediatamente!
Alguns se tornaram presidentes de grandes empresas aos 25 e morreram aos 50, enquanto outros se tornaram presidentes aos 50, e viveram até os 90.
Cada um trabalha com seu próprio “fuso horário”. As pessoas conseguem lidar com situações apenas de acordo com seu próprio tempo. Trabalhe com o seu próprio tempo.
Seus colegas, amigos, e conhecidos mais jovens podem parecer estar “a frente” de você, e outros podem parecer estar “atrás”.
Não os inveje nem zombe deles. Estão em seu próprio tempo. E você está no seu!
Segure firme, seja forte, e seja verdadeiro consigo mesmo. Tudo irá conspirar ao seu favor. Você não está atrasado, nem adiantado, você está exatamente na hora certa!
Sri Sri Ravi Shankar


(Sri Sri Ravi Shankar é um líder humanitário, mestre espiritual e embaixador da paz. Sua visão de uma sociedade livre de estresse e de violência uniu milhões de pessoas em todo o mundo por meio de projetos de serviço social e dos cursos da Arte de Viver.
Nascido em 1956 no sul da Índia, Sri Sri Ravi Shankar foi uma criança prodígio e aos dezessete anos de idade, em 1973, graduou-se em Literatura Védica e em Física.
Sri Sri fundou A Arte de Viver como uma organização internacional, educacional e humanitária, sem fins lucrativos. Seus programas educacionais e de auto-desenvolvimento oferecem ferramentas poderosas para eliminar o estresse e promover a sensação de bem-estar.
Sua obra tocou as vidas de milhões de pessoas ao redor do mundo, ultrapassando as barreiras de raça, nacionalidade e religião, com a mensagem de uma "família mundial", de que a paz interior e exterior são possíveis, e que uma sociedade livre de estresse e de violência pode ser criada por meio do serviço e do despertar dos valores humanos).

O tempo


E aí? É para aceitar, simplesmente? É uma verdade absoluta?
As coisas não mudam quando não queremos.
Embora os medos, a falta de ousadia é uma escolha.
As coisas não mudam quando nos acomodamos, quando não nos esforçamos.
Ter medos pode paralisar o curso de uma vida. Não de um jeito ruim, apenas podem nos impedir de seguir um rumo diferente.
Tarde, creio que nunca é. Pode demorar, pode não ter o mesmo sabor, mas se acontece é bem-vindo.
Ou sonhamos e buscamos mudanças, ou estas não nos atraem. Mudar o quê, para quê, por quê?
Acostumarmo-nos ao que temos, ao que veio. Acreditamos que tinha que ser assim, que está bom. Aceitar, deixar-se ficar ao sabor dos dias que se seguem, mesmo que mornos, pode ser a melhor solução, quem sabe?
Acreditar que o melhor é agradecer o que se tem, "para que não venha algo pior".
Vida cheia de clichês, conformar-se, obedecer, acostumar-se, é muito mais fácil.
Nada muda quando não queremos.
Aceitar o que vem talvez seja covardia, mas talvez seja simplesmente o medo.
O medo paralisante, que diz que "não se mexe em time que está ganhando" e se leva o jogo até o fim, cumprindo a partida. 
Se ganhou ou se perdeu, depende do ponto de vista.
Pode ser medo.
Pode ser tarde.
Não se sabe, às vezes.



Podemos falar mal do Presidente...


 "Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar."
 - Carlos Drummond de Andrade -

 Época da ditadura ....
 
 Na época da chamada ditadura...
 Podíamos namorar dentro do carro até a meia- noite sem perigo de sermos mortos por bandidos e traficantes.
Mas, não podíamos falar mal do presidente.
 
 Podíamos ter o INPS como único plano de saúde sem morrer a míngua nos corredores dos hospitais.
 Mas não podíamos falar mal do presidente.
 
 Podíamos comprar armas e munições à vontade, pois o governo sabia quem era cidadão de bem, quem era bandido e quem era terrorista.
Mas, não podíamos falar mal do Presidente.
 
 Podíamos paquerar a funcionária, a menina das contas a pagar ou a recepcionista, sem correr o risco de sermos processados por “assédio sexual”.
Mas, não podíamos falar mal do Presidente.
 
 Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (ei!negão!), credos (esse crente aí!) ou preferências sexuais (fala! sua bicha!) e não éramos processados por “discriminação” por isso.
Mas, não podíamos falar mal do presidente.
 
 Podíamos tomar nossa redentora cerveja no fim do expediente do trabalho para relaxar e dirigir o carro para casa, sem o risco de sermos jogados à vala da delinquência, sendo presos por estar “alcoolizado”.
Mas, não podíamos falar mal do Presidente.
 
 Podíamos cortar a goiabeira do quintal, empesteada de taturanas, sem que isso constituísse crime ambiental.
Mas, não podíamos falar mal do presidente.
 
 Podíamos ir a qualquer bar ou boate, em qualquer bairro da cidade, de carro, de ônibus, de bicicleta ou a pé, sem nenhum medo de sermos assaltados, sequestrados ou assassinados.

Mas, não podíamos falar mal do presidente.
 
 Hoje a única coisa que podemos fazer...
   ...é falar mal do presidente!
 
 ... que merda !
 
  (recebido por e-mail, sem autoria)

Bons tempos, maus tempos, depende de cada visão.
O que sei é que a vida passa e vamos vivendo de acordo com o que se nos apresenta. Este texto não é muito atual, porque "delinquência" estava grafado com trema. rs 
Enfim, só para descontração. Rir um pouco, porque tudo está tão pesado, as pessoas andam irritadas, inconsoláveis com muita coisa.
O que seria bom mesmo é que vivêssemos novos tempos, com mais certezas, mais segurança, menos bandidagem em todas as áreas. 
E nunca mais precisar falar mal dos nossos presidentes. 
Que os eleitos daqui para a frente honrem o cargo e governem pelo povo, para o povo, como deve ser numa verdadeira democracia.

O sapatinho bonito e barato

O sapato dockside é um modelo "meio-irmão" do  mocassim.  É um mocassim com mais cara de verão, segundo a moda. (E que vou usar no inverno, ou quando quiser, pq não sigo moda...)
Hoje estreei meu dockside e deixei a etiqueta presa num dos pés. 
Bem que entrei numa loja e vi a moça olhando várias vezes para os meus pés. Vai ver, ela pensou que era uma nova moda. 
Postei no FB e os comentários foram muitos, achando lindo o sapato.
Ele tem uma história.
Entrei na loja, em fevereiro, e me apaixonei. Número 34. Calço 35. Mesmo assim experimentei e serviu como o sapatinho da Cinderela. Olhei por dentro e tinha uma etiqueta: 33,34.
Estranhei, achei barato demais e fui para o caixa. 
A moça me falou:
 - É lindo, último par,  que bom que serviu. E está com um preço ótimo, de "cento e alguma coisa" (nota minha:não me lembro o valor original) por 89,00. 
- 89,00? E esta etiqueta 33,34?
- Ah, é a numeração..
- Mas com vírgula? Teria que ser 33-34 ou 33/34, esta vírgula me dá a ideia de valor. Enfim...
A outra moça, que tinha subido para pegar o pé que faltava, disse que ainda podia ter um desconto a mais, se fosse pago em dinheiro. Olhei na bolsa, tinha 80,00 mas precisava de 10,00 para pagar o estacionamento e falei:
- Tenho 70,00 em dinheiro. E ela:
- Pode ser!
(E se eu tivesse 60,00, será que pagaria também? Ou 50,00? Sei lá, mas não iria mentir sobre quanto tinha.)
E  aí está ele, nem tão caro, lindo e fez sucesso.
Agora vou tirar a etiqueta. Senão, corro o risco de sair com ela de novo.

Deus, a dor e eu

Exercendo uma das coisas que mais gosto: minha capacidade de colocar no papel (no caso, na tela) o que sinto. Difícil é saber colocar em ordem os pensamentos.
Tanta coisa acontecendo, na minha vida e no mundo. Esse mundo caótico, a cada dia mais selvagem e estranho.
E as coisas que nos acontecem, quase sempre interessam apenas a nós. Não são para serem espalhadas, mesmo porque entendi que poucas pessoas se interessam realmente pelo que nos acontece. Nem os amigos entendem. Mesmo amigos de anos se afastam, temendo incomodar. Mas como? Amigo mesmo não é para os piores momentos? Não sei, cada um sabe de si. Eu sou amiga de insistir, de procurar, de "incomodar", de dar o ombro.
Mas é preciso olhar a vida com olhos de bem querer, senão ela fica chata, enfadonha, triste demais.
Tudo que lemos nos leva a acreditar que devemos entender o sofrimento, não sofrê-lo, ser magnânimo, ser agradecido e tocar a vida, como se sofrer fosse ingratidão.

É preciso ser muito sábio para passar pelo sofrimento achando que ele nos tornará mais fortes. Na verdade, tudo que é muito óbvio pode nos passar despercebido.
Deixar nas mãos de Deus tudo o que nos acontece, sem entender que somos nossas próprias atitudes, decisões, é fácil. Deus nos deu a vida e o livre arbítrio e não somos recompensados simplesmente se agimos bem, somos donos dos nossos atos.   
                                                                                   
Fica parecendo que somos marionetes em suas mãos, Deus é bondade, é amor, é acolhimento.
Será mesmo? Não podemos passar a vida, nós mesmos, escolhendo o que queremos para nós?
São frases que nos fazem entender algumas coisas, aceitar outras, acreditar em mais outras. Nem sempre é fácil ler e assimilar, há que se contestar também. Tudo é aprendizado.
Sei que ando numa batalha com Deus, tentando entender esse momento, mas sabendo que tudo é como é, não adianta contestar, Ele comanda tudo e temos que pelo menos tentar entender.
       É estranho demais pensar que nascemos e não somos donos do nosso destino. Apresentam-nos um Deus cruel, dominador, que parece brincar com nossa vida. 
É preciso ser forte para crer e não desanimar. Quer dizer, então, que temos que sofrer, passar por coisas ruins, senão não teremos a vida eterna?
Verdade é que algumas situações nos tornam mais fortes, nos fazem parar para pensar, nos levam a compreender muita coisa.
Sabedoria é nos deixarmos moldar pelas circunstâncias, O que não tem remédio, remediado está.. E Ele sabe exatamente como nos levar à melhor forma. 


 Acho que é mesmo por aí...
Também é algo a ser aceito, tão simples de entender.

A melhor maneira de tocar a vida é aceitar. Simplesmente aceitar, sem tentar entender.

(Este post foi montado quando mamãe estava no hospital e muitas dúvidas estavam na minha cabeça. Tudo que me chegava às mãos, sobre Deus, eu arquivava, sem tentar entender, sem entender, sem aceitar como verdade.)


O Facebook me estressou!

Esta disputa política no Brasil está tirando o senso das pessoas. 
Da maioria, claro. Ainda acho que estou na minoria pensante e avaliadora. 
Não há como defender esse estado de coisas sem ser parcial. 
Não há como defender gente que rouba, que tira o dinheiro público do lugar em que deveria estar e o coloca nos bolsos.
Não há defesa para o ladrão. Talvez o que roubou uma lata de sardinha para matar a fome dos filhos seja preso. Mas o chamado "ladrão de colarinho branco"...
É verdade, muitos estão presos, mas muitos ainda faltam para serem julgados, alguns ainda nem capturados.
Hoje estamos tentando "fazer a limpa" no país, mas não é mérito da presidente em exercício. 
É que a roubalheira tomou proporções tão grandes que não dava mais para ser ignorada. Nem uma presidente omissa e inadequada podia impedir que tudo viesse à tona e se esclarecesse.
Não se sabe nada dela, nas delações, mas certamente ela tem culpa, porque foi conivente. Não é possível que em quase 14 anos dentro do governo ela desconhecesse o que se passava. Não entrou no meio, talvez, não se beneficiou, ok, mas sabia de tudo e participou da farsa.
E mentiu, enrolou o pobre com sua Bolsa e suas casas, mas não lhe deu emprego, não lhe deu escolas, não lhe deu condições de caminhar com suas próprias pernas.
E o Brasil ainda é o país dos contrastes, com cidades com boas estruturas, cidades média batalhando para crescer, mas o dinheiro é sugado para os cofres federais e desaparece do jeito que sabemos. 
E há as cidades, vilas, vilarejos, eternamente esquecidos. Onde ainda falta energia elétrica, onde não há escolas, onde crianças ainda andam léguas para frequentar uma, ou andam em ônibus caindo aos pedaços, passam por pinguelas ameaçadoras, chegam nas escolas mortos de sono e de fome. 
E muitas vezes, nada comem. E fazem o caminho de volta para a casa com o coração e o estômago nas mãos. 
E ainda há os que falam em justiça social e vivem encastelados. 
Acostumaram-se com mentiras históricas e agora, sabe-se lá como contarão esta fase que estamos vivendo.
Não fazemos política a sério no Brasil, desde o começo. 
A terra aqui era pródiga e o interesse maior foi para dilapidar os bens naturais, a riqueza sempre falou mais alto.
Sempre, no mundo todo, e em todos os tempos, haverá as diferenças sociais.
Porque o mundo é assim e não vai mudar. 
Porque estamos predestinados e temos que lutar, se quisermos mudar.
Sempre haverá o opressor e o oprimido, não lutemos contra moinhos de vento.
Cada um, e só ele, cuida do seu destino.
Somos o que queremos ser.
Ninguém vai fazer por mim o que eu não deixar.
Há tanta incoerência entre o que é a nossa realidade e o que algumas pessoas enxergam, que dificilmente sairemos disso.
Não há harmonia, não há irmandade, estamos uns contra os outros, como se nossos destinos fossem diferentes, como se vivêssemos em 2 Brasis, que darão a cada um exatamente só aquilo que querem. 
Eu estou fora de discussões, agora. 
Chega de ler e ouvir mentiras, chega de enganação.
Só o tempo nos contará a verdadeira história.
Vou continuar falando por mim, e aqui, que é um espaço mais reservado.
O Facebook se tornou lugar de disputa, de brigas inúteis e fúteis.
Lá é meu play, agora. 
Aqui será conversa séria.


Quem sou?

Sou uma mulher de 20, solteira, que encontrou "seu príncipe encantado".
Sou uma mulher de 30, casada, três filhos.
Sou uma mulher de 40, repensando a vida, recomeçando.
Sou uma mulher de 50, avó, numa corrida vertiginosa contra o tempo.
Fui bebê, menina, adolescente, moça, mulher.
Deixei a vida passar e estou passando pela vida.
Hoje posso ter 20 anos, amanhã posso ter 80.
Hoje sou alegre, amanhã posso estar "no fundo do poço". Mas bato e volto. Respiro e continuo.
Sou fé, sou otimismo, sou brava, sou cordata, sou sábia, sou burra, sou desconfiada, sou crente.
Sou amiga, sou crítica, sou mordaz. 
Quando falo, falo o que penso e não assopro depois. Falei, tá falado, mesmo que me arrependa interiormente. 
Vejo o mundo com olhos de desconfiança, mesmo acreditando.
Não acredito no mal como base. 
Ninguém pode preferir ser mau a ser bom.
Filosofo. Vejo um mundo onde tudo se combina, tudo dá certo, tudo só acontece para o bem.
Não sou só alegre, nem só triste, nem poeta, nem ferro, nem fogo, nem pau, nem pedra.
Gosto de mudar de ideia, troco de ideais, a vida não é estática.
Sou mulher, filha, irmã, mãe, avó, sobrinha, prima, tia, madrinha, amiga, patroa, vizinha, motorista, passageira, babá, cozinheira, lavadeira, faxineira, cuidadosa, metódica. 
Sou grata. Choro, rio, não canto muito, não ouço música com constância. 
Sou seletiva, caprichosa, não muito habilidosa para o manual, mas se faço, tem que ser muito bem feito.
Gosto de ler, de conversar, de rir, "jogando conversa fora". 
Gosto de cinema (filmes, não as salas de cinema), de internet.
Não sou branca, nem negra, nem baixa, nem gorda, nem alta, nem magra, nem gay, nem pobre, nem rica, nem jovem, nem velha.
Sou gente.

(Texto de 2008, encontrado nos rascunhos.)

Das coisas que não fiz...

A vida passa, célere. Ou nem tanto...
Há dias que parecem durar meses, meses que parecem durar anos, anos que parece que aconteceram ontem, enfim, cada um dimensiona o tempo a seu bel prazer.
Mas o tempo realmente passa e cura os males, sejam do corpo, sejam da alma.
E como tudo é relativo, ou não cura nada.
Sei lá. 
O fato é que o que não fizemos ontem, não fazemos hoje.
No sentido de que, a cada dia temos a vivência para aquele dia e se o aproveitamos bem, ok. Se não, amanhã é outro dia e o que for feito nele, não foi o de ontem... Dá pra entender? 
Meus pensamentos andam assim, sem coerência, sem tempo, sem espaço, apenas acordo, faço o que tem que ser feito - ou nada faço - e o tempo passa do mesmo jeito...
E vejo que não usei muito o tempo a meu favor.
Não aprendi a nadar.
A andar de bicicleta.
A fazer uma estrela, aquele movimento de ginástica, também chamado de roda. 
A andar de patins.
Não fiz escaladas, não fiz trilhas, não acampei, não viajei de mochila nas costas, não andei de moto.
Algumas coisas das que não fiz, foram por opção.
Não sou aventureira, gosto dos pés no chão. Se pudesse, na minha lista do que não fiz estaria "viajar de avião", pois é algo que faço e não gosto. 
Não gosto do mar, acho-o traiçoeiro, embora belo, repousante. Por isso não viajei de navio.
Não montei num camelo, nem num elefante, e isso não me fez falta alguma. 
Como as outras coisas que não fiz. Algumas são frustrantes, outras passaram a época, apenas. E se não fiz, não faço mais. 
Não porque não tenha tempo, mas porque não quero.
Algumas vezes me surpreendo em ver o quanto deixei o tempo simplesmente passar e nada fiz.
Outras vezes penso que fiz demais e fiz o melhor para mim.
Ontem passou.
Amanhã é futuro.
Só temos hoje. 
Se não lhe faz mal pensar no que não fez e ainda dá tempo, faça-o.
Se tanto faz para você, viva seu tempo sem se sentir "culpada" pelo que não fez.

Até um dia, mãe!

Depois de um longo verão, aqui estou.
Verão, diga-se de passagem, é minha estação preferida. Mas nem eu estou aguentando esse calorão, algo surreal.
Março promete a "enchente das goiabas",  época de chuvas fortes, que encerram o verão.
Dia 19 é dia de São José, dia previsto para uma chuvarada, que nem tem acontecido mais.
Janeiro chegou com a internação de mamãe, que durou 25 dias no CTI e 32 dias num quarto, aguentando os desmandos da medicina, que não nos ouviu e infligiu a ela um final de vida que, se para ela não foi doloroso, para nós o foi, demais.
Não vamos nos esquecer nunca do que passamos, mas temos a certeza do dever cumprido.
No dia 28 de fevereiro o ciclo de vida de mamãe se encerrou, calmamente, num final de noite de domingo. Eu estava com ela, olhava para ela, mas no segundo final baixei os olhos para uma revista e não a vi se despedir.
Saiu lindamente de cena, serena, sem um suspiro, sem um som. Apenas deixou de respirar.
Não quero falar, evito pensar.
Acabou-se.
Que descanse em paz, mãe. A senhora merece.
E vamos vivendo a vida, às vezes parecendo sem sentido, às vezes parecendo rica demais, pois seu legado foi maravilhoso.
Vamos seguir, e algum dia nos veremos de novo, é preciso acreditar.
João e Malu serão nossa responsabilidade, daremos conta. Se a senhora sozinha conseguiu, por que não o conseguiremos?

A alegria voltará, o sol estará sempre aí, brilhando ou encoberto, os dias se sucederão, e nada vai mudar o que é inexorável.
Agora a sabemos livre, podendo andar e falar.
Ah...A senhora falava tanto! E andava pra lá e pra cá, dando conta de tudo, comandando sua tropa, como uma general.
Mandona, autoritária, séria, não se permitia brincadeiras, afinal a tropa era enorme e tinha que dar conta de tudo.
Deu, afinal. Não ganhou todas as medalhas, mas ganhou as suficientes para provar sua bravura.
Para resumir tudo o que me vai na alma: quem dera meus filhos me amem como eu amei a senhora!

Esta estrela, uma de suas poucas joias, com rubis e um diamante no meio, ela me deu e foi roubada em minha casa, num assalto. Uma grande tristeza  minha. Procuro por antiquários se encontro uma igual, nunca desanimei, mas não encontro.


Não é a melhor foto dela, mas é a última. 4 dias depois ela teve o AVC, que a tirou de nós, desde já, em 10/12/2014.
"Você jamais saberá, querida, a falta que você faz em mim..."


2016 de esperanças

Passou o Natal, afinal!
Despontou o Ano Novo e aqueles votos e propósitos todos de um ano muito bom ficaram  no ar.
Netos juntos, não quero nada mais. 
                                           (Os 5 meninos, o irmão carregando o caçulinha)


                                    (Os 4 mais velhos)         
Se antes eu disse que não gostava de anos pares, confirmo. Mesmo que 2015, ímpar, não tenha sido dos melhores. A parte boa é que nasceu Augusto, meu sexto neto. Além de mais 2 bisnetos da mamãe: Maya e Clara. E um sobrinho-neto do meu marido, que é como se fosse meu também, Thomás. Nascimento é renovação de vida e foi o contraponto ao nosso sofrimento por estar com mamãe acamada o ano inteiro, sem movimentos, sem comunicação conosco. 
A vida é cheia de inesperados, parece que está tudo determinado, sinto-me como se viver fosse dar murros em ponta de faca.
Mas esse pessimismo não é meu e vou tratar de me aprumar, porque o prejuízo de me entregar à dor fica para mim, somente.
Saber viver de acordo com as circunstâncias é sabedoria. Para cada dia ruim há um bom. Para cada momento ruim há muitos bons. Para cada tristeza, uma alegria. e "dias melhores virão" é o meu mantra. 
A vida não é um mar de rosas e querer que seja é o grande equívoco. 
Acontece que há um tempo onde temos mais ilusão, onde esperamos mais de tudo e de todos, e o tempo em que já entendemos que não é bem assim. 
E resta-nos viver com as desilusões. 
Mamãe está num leito de CTI desde a madrugada do domingo, dia 3. Estado grave, mas que precisa de tempo, para ver se reage à medicação. E o que me dói é saber que ela está sozinha, como que abandonada. Claro que não é assim, claro que é o melhor para ela. Está sedada e entubada, para respirar melhor, visto que os pulmões estão comprometidos. Mas há chance de que se recupere. 
E entendo que a vontade de Deus é soberana, não temos o controle de nada. 
Só nos resta esperar o que for determinado nesse momento, alheio à nossa vontade. 
Deus nos ampare e que esses momentos sejam apenas lembranças, no decorrer de 2016, pois não vamos desanimar. 
Agradeço aos amigos que se preocuparam com minha ausência do Facebook e me enviaram mensagens no whatsApp ou inbox. 

" Uma das razões para a infelicidade, eu acho, vem dessa incapacidade de viver com leveza, de conviver com o fato de que – e esse é um segredo de polichinelo– a vida não tem sentido." (Contardo Calligaris, psicanalista)