Eu sinto muito/ A gente sempre tem o que lamentar. Ou não?

Eu sinto muito.
Não pelos
murros e urros.
Nem pelos
berros e erros.
Eu sinto muito.
Pela falta
de sussurros.
Por ter deixado
- de lado -
o pé do seu ouvido.
Por ter mantido
- no lodo -
o que eu devia ter falado.


(Ricardo Coiro)



(Li, há uns dias, no FB da Clara Lúcia, do  blogsimpleseclara.blogspot.com.br
Ricardo Coiro está no Facebook e pode ser lido aqui, também:
http://superela.com/colunista/ricardo-coiro/


(Imagem Tumblr)

O amor está no ar

O amor, afinal, nunca "sai" do ar.
Amor é a mola do mundo.
Pensar no amor, numa data específica como esta, Dia dos namorados, leva ao amor romance, amor entre homem e mulher.
Mais velho do que tudo. Mesmo tão banalizado, como em nossos tempos.
Por mais clichê que seja dizer que o amor é o mais nobre dos sentimentos, isso não pode ser esquecido. 
O amor é cantado em prosa e verso, já inspirou lindas histórias e canções inesquecíveis.
História de amor que se preze tem que ter sofrimento, desencontros, passagem de tempo, lágrimas, para enfim "viverem felizes para sempre".
Amor não tem que ser provado, mas demonstrado.
Um gesto, um olhar, um sorriso. Palavras nem sempre são necessárias.
Amor não precisa de rimas.
Amar não é perdoar, relevar, esquecer.
Amor entre um homem e uma mulher é, antes de tudo, carinho e respeito.
Um amor não sobrevive de amor.
Amor é respeito, admiração, amizade, companheirismo.
Amar se aprende amando, é preciso se entregar e acreditar. 
Amor é plenitude, um complementando e não completando o outro.
E, contrariando isso, essa belezinha de letra, que mostra que, afinal, a gente ainda quer e precisa do amor-romântico, de borboletas no estômago e que toda a teoria caia por terra, porque a vida pode ser mais gostosa quando temos alguém para dividir os sonhos.

Avião sem asa,
fogueira sem brasa,
sou eu assim sem você.
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
sou eu assim sem você.

Por que é que tem que ser assim
se o meu desejo não tem fim?

Eu te quero a todo instante nem mil auto falantes
vão poder falar por mim.

Amor sem beijinho,
Bochecha sem Claudinho,
sou eu assim sem você.
Circo sem palhaço,
namoro sem amasso,
sou eu assim sem você

Tô louca pra te ver chegar,
Tô louca pra te ter nas mãos.
Deitar no teu abraço,
Retomar o pedaço que falta no meu coração.

Eu não existo longe de você
e a solidão é o meu pior castigo.
Eu conto as horas pra poder te ver
mas o relógio tá de mal comigo
Por quê?
Por quê?

Nenem sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
sou eu assim sem você.
Carro sem estrada,
queijo sem goiabada,
sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim
se o meu desejo não tem fim.
Eu te quero a todo instante nem mil auto falantes vão poder
falar por mim

Eu não existo longe de você
e a solidão é o meu pior castigo.
Eu conto as horas pra poder te ver
mas o relógio tá de mal comigo.


 (Falei do amor/romance como sendo o entre um homem e uma mulher, esquecendo-me que homens amam homens e mulheres amam mulheres, como a doce Adriana Calcanhoto, que tão lindamente canta a música que, espero, você tenha ouvido e acompanhado a letra. Ela vive há anos com Suzana de Morais, filha do poetinha que tanto cantou o amor, Vinicius. E viva o amor!)
Blogagem coletiva, proposta pela Norma, do blog http://pensandoemfamilia.com.br/blog/
Participe!

Ser mãe é o quê, mesmo?

Não sonhava ser mãe. Mas sabia que teria filhos, se me casasse. Criada numa família grande, sempre com crianças, e ajudando a olhar, quando me casei disse que queria esperar uns 5 anos para ter um filho. 
Com  pouco mais de 1 ano de casamento engravidei mas tive um aborto espontâneo. 
Quando fiz 3 anos de casada, já tinha um bebê de 4 meses. Então foi tudo no vapt-vupt.
Quando meu bebê ia fazer 2 anos de idade, tive a segunda.
E quando a segunda tinha 1 ano e 4 meses, tive o terceiro.
3 cesáreas, 3 bebês que mamaram pouco no peito, pois tive dificuldade para amamentar, e muita desinformação, e a vida estava completa.
O modelo "namorar-noivar-casar-ter-um-filho-ter-outro-filho-três-tá-bom" foi seguido à risca.
Ser mãe não me fez mais mulher. Não me completou. Não me fez padecer no paraíso.
Esqueci-me dos choros, das noites em claro, das febres, das dores, das birras.
Lembro-me das alegrias: os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro dia de aula, o dia em que aprenderam a ler, as primeiras festas, os amiguinhos, as professoras, as escolas.
E em cada lembrança tenho em mente que fui a melhor mãe que podia ser.
Com toda a chatice, com todas as palmadas, com todos os gritos, com todas as frases-chave, que povoam o universo das mães.
Sim, já tive vontade de sair correndo.
De trancar a porta do quarto e não sair mais lá de dentro.
De passar uma semana sozinha, seja onde for.
De chorar por medo de perdê-los.
De pedir a Deus, Senhor, "não me deixe morrer antes que meus filhos saibam se cuidar sozinhos".
Daí, passei a pedir que os visse se formarem e ter um bom emprego. E tantos, tantos outros pedidos.
Ser mãe não faz de nenhuma mulher um ser melhor, mesmo que a alguns possa parecer.
Embora a maternidade seja divinizada pois somos as portadoras de uma vida nova, ser mãe pode ser uma tarefa ingrata, cansativa, monótona,
Parir é fácil. Difícil é criar e colocar de pé um ser humano digno.
Ser pai ainda parece que é apenas ser o provedor.
Dos pais é "cobrado" pouco, volta e meia as mães são as "culpadas" pelos "defeitos" dos filhos.
Às mães destinaram a parte difícil de criar.
 Li essa frase no FB e fiquei pensando no quanto ela tem de verdade ou não.
Não que muitos maridos não façam pelas mulheres coisas das quais não gostem, mas aí eles são vistos como exemplares.
Uma frase dessas me derruba. Isso não é amor, isso faz parte do amor, mas não significa nada.
Ela pode odiar com todas as forças do seu coração fazer esse café, mas foi ensinada que fazia parte das suas atribuições de mulher, esposa, dona de casa. Ou que, mesmo não gostando de café, não custa nada passar um cafezinho para quem quer que seja.
Minha nora não toma café, mas faz café para o meu filho, não todos os dias, mas sempre que ele quer.
Uma das minhas amigas não toma café e faz café todas as noites para o marido, não porque ele peça, mas ela já incorporou à sua rotina e faz no automático, nem acha que seja um ato de amor. Só faz porque realmente o quer.
Ser mulher e mãe leva-nos a atribuições rotineiras, nem sempre prazerosas, mas necessárias, para sermos "aceitas" como mulheres perfeitas, legais, cumpridoras de seus deveres.
Ser mãe não é simplesmente parir, essa é a parte fácil, sempre digo e repito.
Ser mãe é uma decisão delicada e se formos pensar em todas as suas implicações, teríamos um lado bom e um não tão bom.
Ser mãe é "apenas" um questão de se conscientizar que nem tudo é um mar de rosas, mas tudo vale a pena!


(Não sei pq a frase entrou no texto, a do café, mas acho que "mãe" e "mulher" , no sentido de "esposa", levam sempre a pensar em submissão, em dedicação extremada, em perfeição, e isso me irrita profundamente!)