Doida ou santa?

Sou doida, sou santa.
Sou doida (mesmo sabendo que a palavra é forte) quando me perco de mim e solto os bichos todos que me habitam.
Sou santa quando aceito que tenho que cumprir meu papel.
Sou doida quando desacredito das pessoas.
Sou santa quando encontro quem compartilha da minha luta.
Sou doida quando quero falar tudo que sinto.
Sou santa quando consigo me calar.
Soi doida quando acho que todos têm que pensar como eu.
Sou santa quando entendo que cada um é um e vê a vida com as lentes que tem.
Sou doida quando espero das pessoas o que não podem dar.
Sou santa quando  percebo que nem todos têm o que dar.
Sou doida quando acho que basta querer para conseguir.
Sou santa quando me curvo à vontade de Alguém maior que eu, que me ensina a esperar.
Sou doida quando quero que tudo seja do meu jeito.
Sou santa quando aprendo que cada um tem sua maneira de ser.
Sou doida, sou santa, sou tantas.
Principalmente sou eu.
Com minhas doidice e santidade, cada uma na sua hora, atuando de acordo com a necessidade.

(Saiu-me de um tapa, quando li a poesia de Adélia Prado, que a Sílvia Masc postou no Facebook).

A SERENATA
 (Adélia Prado)
  Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?        

(Por causa desta poesia de Adélia Prado o título de um dos livros de Martha Medeiros, "Doidas e Santas". Imagem Google) 

13 comentários:

Calu Barros disse...

Somos todas esta mistura, Lucia. Santas e doidas alternadas nos instantes de certezas e incertezas que humanamente vivemos.Mas, além dessa dualidade somos tbém corajosas, guerreiras de cada dia, fênix(s) ressurgidas na luz de cada amanhecer.
Sou Santa e Doida!Yn e Yang!Terra e Mar!
Tua inspiração é contagiosa e como reenergiza...
Bjos,
Calu

Sonhos melodias disse...

Lindo o que te inspirou e o que escreveu Lucia. Somos essa mescla mesmo. Passeamos entre a insanidade e a lucidez. Maravilha!
Bjs

Brechique da Dodoca disse...

Oi, Lucia!
Dizem que a sabedoria reside em encontrar o caminho do meio. Então, como vc muito bem descreveu, vivemos percorrendo dois lados que se alternam.
Que os alternemos com equilíbrio, tentando o meio a meio, nem muito lá, nem muito cá. E sigamos em frente!
Bjsssssssssssssss, quérida!

Valéria disse...

Oi Lúcia!
Menina que maravilha!
Somos mesmo um misto de doidas e santas,só não podemos extrapolar um dos lados.rsss
Beijinhos e um lindo fds!

Beth/Lilás disse...

E eu disse lá pra nossa amiga Silvia que adoro o jeito poético que Adélia tem para dizer sobre nós, mulheres.
E você mandou bem também, mostrando a dualidade de nosso ser. Também sou meio assim, um dia doida, noutro santa. gosto disso!
beijos cariocas

Pandora disse...

Essa primeira poesia parece com você Lúcia, parece com todos nós seres humanos na verdade. Somos bipolares, temos em nós o céu e o inferno... Ou no minimo a capacidade para cria-los...

chica disse...

Todos temos de cada uma um pouco e até é bom ser assim. Seria sem graça se fôssemos todas certinhas, quase mortas,rsrs beijos,lindo fds!chica

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Lúcia,
Embora também esteja no facebook, não havia lido essa linda poesia da Adélia Prado trazida pela Sílvia, e que lhe serviu de inspiração para esse poema incrível.
É verdade. Ora somos doidas, ora santas. Somos humanas, com erros, acertos, buscas e encontros.

Quanto ao facebook, não entendo o motivo pelo qual não recebemos tudo que é postado por nossos amigos.

Beijos.

Clara Lúcia disse...

Lúcia soltando seu lado poeta...
Que lindo!!!!

Gostei muito....
Tbm gosto muito de Martha Medeiros.

Beijos e ótimo fds...

Bia Jubiart disse...

Gosto muito da poeta, ela diz que não gosta de ser denominada como poetisa... Porém este mix de personalidades diz muito da pluralidade da alma da poeta...

Lúcia, tenha um ótimo sábado!

Bjooooooooo

Luma Rosa disse...

Saiu de um tapa, depois de um beliscão!! Pois fez bem extravazar, pois resultou em uma prosa visceral!! Você devia fazer sempre, ficou muito bom! Bom fim de semana!! Beijus,

ML disse...

Poetisa você, sábia Lúcia!
Em gente do bem, há - acho - muita santidade nas atitudes "doidas" e muita doideira nas atitudes "santas".

bjnhs e ótima semana!

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Lucia, somos doidas por sermos mulher, somos doidas porque queremos ser amadas com todas as conjugacoes que o verbo nos permite.

Boa semana

Bjos