Domingo não estava em casa. Cheguei na 3ª feira, os jornais dos dias que estive fora guardadinhos pela Renata, fiquei protelando levá-los "pra fora", pra dar um fim neles, pensando em tudo que não tinha lido.
Ler jornal pra mim é parte do dia. Às vezes chega a hora de ir dormir, vejo-o lá , num canto da sala e se não o li de manhã (acontece, tem dias que começam "pauleira"), leio assim mesmo, com notícias que já vi ao longo do dia, ou alguma reportagem que achei bom não perder. Enfim, hoje resolvi abrir o jornal de domingo passado, 25/03.
Coisas de Lúcia, entre tantas esquisitices.
E me deparei com duas notícias que não gostaria de ter perdido mesmo.
Existe uma terapia chamada Terapia Breve, geralmente 16 sessões. Isso já conhecia, há anos li sobre e guardei uma página por um tempo, fiz contato com a clínica, na época com marcação para muito à frente, acabei nem pensando mais nisso.
Agora descubro que há uma específica para quem tem medo de viajar de avião. Esta vou conseguir marcar!
Eita como detesto entrar naquela máquina! Não fico pensando em acidente, mas me dá uma ansiedade esquisita, um calor na barriga, um mau humor, um desejo de que ninguém fale nada, nem eu ouça nada, enfim, fico com os nervos à flor da pele. Por causa disso deixei de fazer inúmeras viagens, pois como tenho sobrinha que mora na Alemanha e um tio que mora na Itália, já há muito poderia ter ido vê-los, mas nunca aceitei fazer uma viagem tão longa. Agora, quem sabe, é minha oportunidade de ir?
O outro assunto que li, me interessa muito, porque vivo entre meus netos, sei das lutas das filhas, então tudo que envolve pais e crianças me interessa.
A chamada da reportagem: "Os pais procuram ajuda psicológica quando percebem que algo não vai bem com os filhos. Situações estressantes do dia a dia estão levando mais crianças aos consultórios".
Assusta, não? Falar em psicólogo ou psiquiatra para crianças leva a pensar que o problema é muito sério.
Mas o que está levando as crianças, ou os assustados pais aos consultórios é a vida que essas crianças estão levando, sem tempo para brincadeiras, ou até sem lugar para brincar!
O que mais? Crianças vendo todo tipo de notícia na televisão, nas novelas, informações difíceis de serem "digeridas" corretamente por elas. Violência, mortes, assaltos, espancamentos, atropelamentos, ladrões invadindo escolas, bares, lojas, etc. "Ah! Mas a vida é assim mesmo, pra que esconder da criança? Pelo menos ela aprende logo e fica esperta!", é um dos pensamentos mais comuns do adulto. Mas a criança tem que aprender os perigos que a vida ou a sociedade impõem na hora certa, da maneira certa, na dimensão do entendimento dela.
A reportagem aborda o lançamento do livro "Os 10 erros mais comuns na educação das crianças", dos norte-americanos Po Bronson e Ashley Merryman, Editora Lua de Papel. Os autores querem provar que "tudo o que acreditávamos está errado". Sem ler o livro todo, é difícil falar, vou só desdobrando os tópicos da reportagem, que traz mães "apavoradas", com medo de não dar conta de criar bem os filhos!
Se assusta a mim, imagina a quem está criando filhos. Sabemos de muita coisa errada que anda por aí, na minha ideia a principal é a terceirização da criação dos filhos.
Joguem pedra em mim, sinto muito dizer isso, mas filho quem educa é pai e mãe. Não é a escola, não é a empregada, não é a avó, nem a tia, nem a irmã mais velha. (Por que será que coloquei tudo no feminino? Freud explica?!)
Sou avó de neta com pais separados e sei que um dos problemas está aí.
A mãe, que fica o tempo maior com a criança, é a que educa.
O pai, que vê a criança nos finais de semana ou até quinzenalmente, é o que adula. Pode ser rígido, não se esquecer de educar, mas sempre tem a defesa do "já fico tão pouco com ele/a, vou ficar só cobrando?"
Quem teve uma boa educação em casa, vai passá-la para os filhos, seja em que época for.
Isso se não achar que está fora do tempo, que "hoje já não se faz isso ou aquilo, os tempos mudaram". Não. O essencial nunca vai poder ser esquecido.
Como ensinar o filho a respeitar o que é do outro, seja ele o irmão, ou o primo, ou o colega de escola.
Outro grande erro de hoje é a quantidade de tarefas que os pais impõem aos filhos e ainda exigem que sejam o melhor em tudo. Aulas de natação, inglês, futebol, balé, judô, tocar um instrumento musical, quanta criança não tem 2 atividades ou mais, além da escola?
Para não ficar mais longo do que já está, vou mostrar os 10 itens abordados pelo livro.
1 - O poder inverso do elogio. Sem dúvida, seu filho é especial. Mas, segundo pesquisas recentes, dizer isso à criança pode "estragá-la". (Cada item e o desenvolvimento dele copiei integralmente da reportagem). Segundo uma das psicólogas entrevistadas, devemos elogiar a criança por um fato específico: fêz bem uma lição, uma atividade, esforçou-se por algum motivo e o realizou bem. Elogios "vazios', não levam a nada: "Você era a menina mais bonita da festa", "Você é o mais inteligente, o melhor, da escola"...
2 - A hora perdida. Em todo o mundo as crianças estão dormindo 1 hora a menos do que dormiam há 20 anos. O preço disso? Menos pontos no quociente de inteligência (QI), comprometimento do bem-estar emocional, déficit de atenção e obesidade.
3 - Por que os pais não falam sobre preconceito? Ensinar às crianças sobre diversidade racial e cor da pele pode ajudar ou atrapalhar.
4 - Por que as crianças mentem? Apesar do valor atribuido à honestidade, as pesquisas são claras: as estratégias clássicas para estimular a sinceridade apenas levam crianças e jovens a mentir melhor. (Essa não entendi, acho que só lendo o livro, assim ficou muito vago!)
5 - A busca por vida inteligente na educação infantil. Milhões de crianças competem por vagas em programas para superdotados e em escolas particulares. Os responsáveis pelas matrículas afirmam ser uma arte , mas avanços científicos revelam que eles se enganam em 73% dos casos.
6 - A influência dos irmãos. Na relação entre irmãos, as interações sociais podem ser atestadas até o seu limite. A raiva e a irritação não precisam ser coibidos. Irmãos brigam. (Simples assim?!!)
7 - A ciência da rebeldia adolescente. Para os adolescentes, discutir com os adultos é um sinal de respeito e não de desrespeito - e as discussões não são destrutivas, mas construtivas para o relacionamento. (só mesmo lendo o livro pra desdobrar esse pensamento...)
8 - O autocontrole pode ser ensinado? Os pesquisadores sobre métodos inovadores para a educação infantil estão perdendo a verba de financiamento para realizar suas experiências - as crianças têm se saído tão bem que não representam mais um problema tão grave que justifique estudos aprofundados. (Discordo dessa afirmativa. Hoje nem os pais têm um bom autocontrole, que dirá os filhos?!)
9 - Relacionando-se com os outros. Pais modernos e engajados falharam ao tentar criar uma geração de anjos, filhos perfeitos. (Não entendi também...)
10 - Por que crianças da mesma idade não têm o mesmo desenvolvimento? Apesar do alerta dos cientistas, os pais continuam a gastar bilhões todos os anos em parafernálias e vídeos na tentativa de apressar o desenvolvimento da fala das crianças. (?)
Comecei o texto com uma visão, mas acabei me frustrando ao ler os itens abordados pelo livro. Acho que coisa de americano não é sempre que funciona por aqui. Embora pais e filhos sejam pais e filhos em qualquer lugar, a cultura influencia nos comportamentos.
O assunto é longo, dá outro post.
Ontem vi o cartaz abaixo no FB e achei muito certo. Compartilho aqui. ( "Viage" foi mal! O verbo viajar só usa o j. A única viagem com g é do substantivo mesmo. Então, viaje junto).
