O que eu penso

Ontem saí de carro, calor do meio da tarde, passei por uma obra na rua e vi um homem já mais velho com enxada nas mãos, empurrando terra pra dentro de um calçamento. Pensei imediatamente porque estava chateada (estou há dias) se minha vida é tão boa, como aquele senhor gostaria de estar num carro com ar refrigerado, naquela hora do dia. E fiquei pensando por horas nisso, em como tudo pode estar tão aparentemente bem na vida da gente, enquanto um torvelinho de emoções desconecta nossa alegria, nosso otimismo.
Pare pra pensar que nesse momento milhões de pessoas, no mundo inteiro, estão dando seu último suspiro.
Milhões de crianças estão inalando oxigênio pela primeira vez.
Milhões estão em uma sala de cirurgia.
Milhões ouvirão o diagnóstico de uma doença que os matará.
Milhões riem às gargalhadas.
Milhões choram , cada um pelo seu motivo.
Milhões têm uma vida boa, com conforto.
Milhões não têm o que comer. Nem hoje, nem amanhã.
E nada pode ser feito para modificar isso. É o ritmo da vida.
Os que não destroem a própria vida, os que respeitam a natureza e os seres até tentam mudar esse ritmo, olham pelos irmãos desfavorecidos, mas são passos lentos, muitas vezes solitários, em busca de uma igualdade que nunca virá.
Não acredito mais que a miséria deixará os homens de lado.
Penso mais que cada um tem seu destino e se não lutar por modificações, nada acontecerá.
Ninguém tem azar nem sorte por mérito. As coisas acontecem à nossa revelia, embora seja válido lutar.
Ninguém nasce com "bumbum pra lua" ou "cagados de arara".
Cada um é cada um e vai passar por boas ou ruins situações. A maneira de encará-las faz a diferença.
Uns limpam o chão e tocam a vida.Outros olham e choram o leite derramado.
Nenhuma fortuna traz consigo a garantia da felicidade.
Nenhum miserável vem com a tarja de "para sempre".
Não somos nós que fazemos nosso destino, nós  regemos a orquestra e vamos dando sentido à música.
A dor pode ser opcional, como dizem por aí. Cada um é um e encara a vida como quer.
O otimismo tem que nos acompanhar, senão fica difícil seguir vivendo. Mas nem sempre tudo depende somente de ser otimista ou não.
De ser alegre apesar das adversidades.
De ser conformado com o que não pode ser mudado.
De entender que cada um é um e vive como quer.
Tudo depende de como acordamos para o dia. 
Recebê-lo como uma dádiva. Entender que nem tudo sairá do jeito que pensamos ou que queremos.
E entender sempre que ficar de braços cruzados não vai nunca melhorar nossa situação.
"A maioria das pessoas é tão feliz quanto decide ser".
(Frase atribuida a Abraham Lincoln.Todos nós somos pensadores, podemos criar frase que permanecerão para sempre). 
(Este texto foi escrito em 04/04/2012)

22 comentários:

Bombom disse...

Quando olhamos só para nós, muitas vezes só reparamos naquilo que queríamos ter e não temos, no que queríamos ser e não somos, enfim, somamos as nossas insatisfações e frustrações. Mas quando olhamos à nossa volta e observamos as pessoas que connosco se cruzam, descobrimos que afinal somos uns privilegiados que temos tantas razões para dar Graças e para vivermos mais felizes.
Eu não sei se temos um destino marcado, mas acho que viemos a este mundo para fazer uma aprendizagem de vida e que temos uma missão a cumprir. Como? Cada um é livre de tomar as opções que achar melhor. E são essas opções que nos traçarão o caminho. Isto é o que eu penso, mas como sabes cada um pensa à sua maneira. Obrigada por esta reflexão tão oportuna neste tempo Pascal. Bjs. Bombom

Macá disse...

Lucia
Tenho conversado muito ultimamente sobre esse assunto.
Eu acredito que estamos aqui para melhorarmos como ser humano, a cada vez que vivemos. Isso mesmo, acho que a gente vai voltando sempre. Várias pessoas com quem conversei, acham que a vida é somente esta, e que morreu.... acabou.
Eu, tem dias que reclamo um pouco(quando quero viajar mais, trocar de carro, essas coisas) mas geralmente sou e me sinto muito feliz por tudo que tenho.
Muito bom o texto.
beijos

Bel Alves disse...

Lúcia...é muito trsite quando não conseguimos fazer nada por alguém, ou quando alguém não se deixa fazer nada.Dúvidas e dúvidas.A gente tenta ser e fazer o melhor, mas as pessoas também precisam se deixar serem ajudadas.
Paz e bem

Brechique da Dodoca disse...

A grosso modo a felicidade é uma decisão pessoal mesmo! Vejo pessoas que, a meu ver, tem tudo para serem felizes (pelo menos estar em paz) e não o são. E outras com tantos desfalques em suas vidas e sorrindo, apreciando as coisas, agradecendo as bençãos.
Daí que estar feliz ou não depende de nosso temperamento, de nossa escolha, de nossa vontade. Talvez essas posições frente a vida tenham relação direta com o grau de evolução interior (espiritual) de cada um.
Bjssssssssssss, quérida!

Lu Souza Brito disse...

Lucia,

Eu penso que temos momentos umbiguistas e as vezes, ver a dificuldade alheia nos faz parar e pensar se a nossa vida é mesmo assim é tão ruim quando achamos.

Por outro lado, cada um é cada um, nada é eterno. É preciso ter força, coragem e vontade para tentar mudar, melhorar, mas nem sempre isso depende de nós.
Eu acho sim que tem gente que nasce com a bunda virada para a lua e que tudo acontece para esta pessoa com o minimo de esforço. Conheço casos assim. E nem estou falando em ser otimista não.
Enquanto que outros, com todo esforço e boa vontade, além de inumero sacrificio, está sempre ali. cagado de urubu? Não sei. Mas com certeza sua dose de paciencia e resignação tem que ser bem maior.

Eu nao entendo muito não. A vida acontece para todos. É por isso que quando se fala em valorizar as pequenas coisas da vida, para mim, faz todo sentido. Cada um dentro da sua realidade. Um pobre miserável pode ser feliz vendo seus filhos crescer com carater e dignidade. Um rico esnobe que nunca pensa em ajudar os outros pode considerar pequena felicidade ter ao menos um amigo leal, que o houve e dá atenção verdadeira.

O que não podemos é dramatizar demais a vida tal maneira que o que é complicado se torne um fardo tao dificil de carregar que nos faça jogar a toalha antes de tempo. E muitos fazem isso.

Eu levo minha vida como posso. Mediana. Sem bens materiais ou dinheiro sobrando na conta. Ainda sem poder fazer todas as viagen que gostaria, sem ter um carro e com a saude capengando. Mas dentro do meu conceito de felicidade eu sou muito feliz! E sou mesmo, e dou graças. Há coisas que são aprendizado e pelos quais precisamos passar, e ainda assim sorrir e seguir em frente!
Vixe, escrevi demais, desculpa.
É que seu post me fez pensar em um milhão de coisas...poderia escrever o dobro do que já escrevi, mas vou parando por aqui.
Bjoooos.

Lu Souza Brito disse...

Na emoção da escrita, vários pequenos erros. Onde escrevi Houve, quis dizer ouve.
Bjos

VIVIAN!!! disse...

E assim a gente vai encarando a vida não é não!!!
Cada um do seu jeitinho , mas sempre trilhando em busca da felicidade,do sonho, isso é a vida,isso é viver, conseguir sair em busca do que voçê deseja, seja de sol a sol ou na sombra mesmo, uns com um pouco mais que os outros..alguns com mais garra , outros já cansados de lutar..
Belo texto!!!
Tenha uma bela semana!!!
bjs

Valéria disse...

Oi Lúcia!
Também penso muito sobre isso.A vida é complexa e cada um a vive como acham que devem, muitos não se dão conta nem do mal que fazem a si mesmos quanto mais na necessidade do seu vizinho. E assim vamos levando uns tropeçando e levantando e outros fcando pelo caminho. Só cabe a cada um de nós descobrir o melhor caminho. Você como sempre nos botando pra refletir.rsss
beijinhos e uma semana abençoada!

Luma Rosa disse...

Lúcia, cada um vive uma vida diferente não por acaso, algum motivo há de ter! Mas não podemos ter consciência pesada porque aparentemente a nossa vida é melhor que a do outro. Quem sabe o outro gosta da vida que tem?
Boa semana!! Beijus,

none disse...

Tão lindo este texto que você escreveu Lucia,tão verdadeiro,eu as vezes me pego na mesma situação,com tudo bem,andando por ai de carro e tudo o mais,e vejo que estou triste,como se algo tivesse errado.Na esta...não da pra ser feliz vendo seu semelhante,seja ele adulto ou criança sofrendo,chego a me sentir mal,mas não posso fazer nada por todo mundo,dentro das minhas possibilidades eu ajudo quantos consigo.Não depende de mim,mas me doi muito.
bjs
Deusa

sheyla xavier disse...

LIndo post, carregado de muitas verdades. Não acho que estamos aqui e quando morrermos tudo acaba, construir nosso dia a dia, é tarefa nossa. Uma bela reflexão , parabéns!!

Uma semana boa com muita luz,
Sheyla

Misturação - Ana Karla disse...

Depois de refletir Lúcia, dá pra perceber a inexatidão das pessoas nesse mundo.
E costumo dizer que, somos exatamente o que queremos ser.

Xeros

Isadora disse...

Oi Lúcia acho que somos responsáveis por nossas vidas, por buscarmos oportunidades, para melhorarmos. É claro que uns tem mais dificuldades que outros, mas quando vemos exemplos de pessoas de famílias muito humildes que deram a volta por cima e conseguiram melhorar sua condição vemos que é possível sim, mas que requer muito esforço e sacrifício. Fica de exemplo para os que sentam e esperam que a vida lhes ofereça algo.
Aproveito o comentário para te convidar a visitar o novo espaço do blog: http://tantoscaminhos.blogspot.com/ No ano passado fiz tantas alterações que muitas pessoas não recebem mais as atualizações e não conseguem segui-lo. Por isso achei melhor fechar o anterior e criar esse novo.
Um beijinho

Dani dutch disse...

OI Lúcia, eu acho que todos nós temos esses momentos, as vezes alguma coisa não sai da forma como planejamos, mas nada como um dia após o outro.
beijos

Cissa Branco disse...

Lúcia,

Nessas horas me debato com o que estudei, com meus conceitos familiares e, sinceramente, não chego a nenhuma conclusão, mas creio que nada melhor do que o tempo para refazer nossas esperanças, renovar nosso espírito, no homem, no mundo e nas transformações necessárias.
Grandes beijos

Luciana disse...

"E entender sempre que ficar de braços cruzados não vai nunca melhorar nossa situação.
"A maioria das pessoas é tão feliz quanto decide ser".

Perfeito.
Vou compartilhar no Face, claro.

Beijo

ANA LÚCIA disse...

Já estou por aqui e voltarei mais vezes... Blogueiras sempre!
Bjs,
Ana

Irene Alves disse...

Pois é amiga este seu texto diz
muito. Muita vez só olhamos para
nós mesmos, e à nossa volta há
tanta coisa bem pior. Nós deveríamos
ser mais sensíveis ao que nos rodeia,
mas talvez não aguentássemos tantos
sofrimentos, não sei.
Eu sou uma constante revoltada
e não tenho filhos e já estou na
curva da vida, mas aflige-me tanto
os casais novos com filhos.
Um beijinho
Irene Alves

Celia disse...

É verdade; muitas vezes pensanmos que nossa vida nao ta boa, que somos infelizes...dai quando deparamos com uma pessoa numa situacao dificil é que paramos pra pensar um pouco e questionar se nossa vida é mesmo ruim como pensamos.
Tenha um bom fim de semana. Bj

ML disse...

Fica chateada não, Querida, pensa na sua turminha da "baguncinha", aposto que isso deve ser o suficiente para fazer aparecer aquele sorrisão!
Quanto à vida, é mesmo uma loteria, vai entender por que!
Eu reclamo pra caramba, ai minha mãe me manda agradecer e "olhar pra trás que a fila é longa"... Dá muita vergonha de reclamar,né não?
Quanto à frase (dizem) do Lincoln, tendo a discordar: acho que a gente não decide, simplesmente há quem consiga, independentemente do que tenha conquistado, mas simplesmente porque tem um cérebro mais positivo (e mais sábio).

bjnhssssssssssssss

Cláudia Marques disse...

Pois é, Lúcia, às vezes nós aparentemente até temos muitos motivos para ser felizes, mas quando nos falta o ânimo, não conseguimos ver direito as coisas boas que temos.
Existe uma canção que diz "só estou bem onde não estou, só quero ir aonde não vou", e por aí.
Espero que você se anime, para poder ver o mundo com cores mais bonitas e curtir melhor o ar refrigerado e outras pequenas coisas. :)
beijos

Unknown disse...

Lúcia
você tocou em um ponto tão importante...
eu sou encanada com isso.
por que alguns têm tanto e outros não possuem nem o mínimo pra viver com dignidade?
você sabe da minha história e esse lance de condição econômica pra mim é um assunto muito sensível.
Por conta da situação sócioeconômica dos meus pais eu precisei ser posta para adoção.
Depois disso, vi meus pais lutarem muito para conseguirem ter uma casa e um carrinho velho.
acho que a distribuição de renda desigual, que o sistema capitalista não deu conta de resolver as coisas, pelo contrário.
A desigualdade social gera problemas graves, inclusive a violência e a marginalização.
Confesso, queria muito Lúcia mudar a minha condição sócioeconômica, sim.
Me irrita esta impossibilidade.
De um outro lado, percebo que certas pessoas são infelizes, egoístas mesmo estando em situações privilegiadas.
Então, penso que ficar contente tem que nascer de dentro da gente, independente de qualquer coisa.
Será que eu estou certa, tia Lúcia?
beijos...