A vida dá tantas voltas e numa dessas, prostrou minha mãe na cama.
Era um grande medo seu, ficar presa a um leito.
Pode ser revertido, tudo é possível, ainda é prematuro saber.
A vida vem em ondas, como o mar...
E a gente não pensa que tudo, tudo mesmo, pode ficar melhor ou pior, um dia.
E quando a saúde sai de cena é que realmente tudo fica pior.
Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia...
89 anos de vida. Uma vida rica de graças e também de muita luta e tristezas, como é quase sempre, o tempo todo.
E ela sabe o significado correto de ser guerreira.
Segunda de 7 filhos, perdeu o pai aos 13 anos. Ele, 39 anos. A mãe, 35 anos. 7 filhos e poucos recursos, pois o pai era farmacêutico, dono de farmácia, mas a doença levou todos os bens e só restou a família. Viveram de ajuda dos irmãos, cunhados, avós, bem situados na vida. Nunca nada lhes faltou, a não ser a presença marcante de um pai maravilhoso, amigo e companheiro.
E ela, a segunda dos irmãos, a mais nova com 2 anos, tomou a frente de tudo e tocaram a vida.
Casou-se aos 17 anos, levou mãe e irmãos, aos poucos, para morar com ela.
Muitas lutas, muitas alegrias, muita união, mas sempre aquela falta inconformável da perda do pai.
Mais de 50 anos depois, perdeu aquele amor de desde os 13 e novamente a luta foi dura.
2 filhos especiais para cuidar, todos já adultos, muitos netos, muitas alegrias, muita luta.
Autoritária, independente, centralizadora, sempre à frente de tudo. Ciumenta, quer sempre ser o centro das atenções. Sempre bonita, cuidada, vaidosa, chic, mesmo com apenas um vestido e um par de sapatos no guarda-roupas, pq por muitos anos foi assim. Mas era sempre a mais festejada em festas de família, amada por todos os cunhados e cunhadas, sogros, irmãos, sobrinhos.
11 filhos. 10 paridos e uma neta que criou como filha e ai de quem fizer a contagem e incluí-la entre as netas!
Ano que vem, mais um/a bisneto/a chegando, ou mais de um, pois há algumas netas na parada, para uma gravidez a qualquer momento.
Sou muito parecida com ela, brava como ela, já "tomei conta dela" com a mesma autoridade que ela fez com a gente, porque chega um tempo que os pais se tornam meio filhos dos filhos. Ela relutou muito em "entregar os pontos", tinha mais de 80 anos quando finalmente deixou, não de bom grado, mas com juízo para entender que era a hora, que os filhos pouco a pouco fossem tomando conta dela.
Há 2 anos perdeu um filho e passou por isso de uma maneira que não entendemos, uma fortaleza, uma quase "indiferença", que não foi senão um mecanismo para não sucumbir à dor. Porque era um filho muito amado, que especialmente exigiu muito dela, como mãe, mas que era alguém com quem ela podia contar sempre. E ela pouco falar dele a mim parece que é uma forma de negar que ele esteja morto.
Minha mãe, que Deus tenha piedade e só a leve de nós se for para não sofrer mais.
Tudo muda, o tempo todo, no mundo. Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo, agora, há tanta vida lá fora, aqui dentro, como uma onda no mar...
17 comentários:
Lucia a vida é assim, as pessoas chegam vivem suas experiências, lidam com ela. Ter sua mãe por perto por tanto tempo com saúde é uma dádiva e, infelizmente agora é rezar e pedir que não fique sofrendo, que o melhor aconteça.
Lamento o ocorrido e solidarizo-me com o seu momento.
bjs
Norma, obrigada. Só coloquei no FB em consideração a quem pode estar notando o meu silêncio. Não quero falar nada por lá.
A vida nos prega peças, algumas boas, a maioria ruins...
Beijo.
Minha amiga lamento muito o que se
passou com a senhora sua mãe.
Também considero que agora precisará
de todo o carinho à sua volta e pode
acontecer (e deve acreditar que sim)
que possa recuperar.
Desejo o o melhor possível,dentro
da situação por que está a passar.
Bj.
Irene Alves
Lúcia,
Sinto muito, que pena que esteja acontecendo isso com a sua mãe. Ela teve uma vida rica e vitoriosa, e, pelo que li, com muitos pontos em comum com a minha própria mãe. Que a sua mãe se recupere e desfrute de bons anos de vida junto à família.
Gosto muito desta música e de outras do Lulu Santos.
Um beijo, boa tarde e ótima semana!
Lúcia, entendo o que está passando e peço que Deus os ajude, principalmente sua mãe. Ela cumpriu com grandeza sua missão nessa vida e só Deus sabe os caminhos que lhe foram destinados. O melhor presente que ela está recebendo é o amor e ele é poderoso alimento.
Perdi a minha em julho. Ela não queria entrar em um hospital porque imaginava que de lá não sairia. Infelizmente, tive que levá-la a um, em decorrência de pneumonia. E depois foi só dor.
Os caminhos são diferentes e espero que sua mãe se recupere. Que viva dias de alegria, rodeada pelos que ama. Sabemos que não temos poder para mudar certas coisas, apenas orar para que se encaminhem da melhor forma. Cada dia é um presente a ser comemorado. Força e grande beijo!
Irene, Marli e Marilene, obrigada.
Olá Lúcia,
Emocionei-me ao ler o seu lindo e triste relato. Pela descrição de sua mãe, vi a minha nela. Mulheres guerreiras, que não se tombam diante das vicissitudes da vida. Posso compreender a sua angústia. Perdi minha mãe há menos de seis meses, com 88 anos. Ela amava a vida e tinha medo da morte. Saiu de casa andando para uma consulta e não mais retornou para casa. Que você tenha força e fé nesse momento, pois para Deus tudo é possível. Desfrute da presença de sua mãe e faça o que tiver ao seu alcance para torná-la feliz. O resto é com Deus, que sabe o que cada um de nós precisamos nessa jornada terrena. Apesar dos pesares, desejo que seu Natal seja de serenidade e que as bençãos do Menino Deus fortaleça toda a família. Não obstante as dores e desalento, celebremos, com amor, o aniversário de Jesus.
Que 2005 lhe traga muitos sorrisos e felizes realizações.
Beijo.
Oi Lucia, bem que senti tua falta no FB. Logo imaginei que tivesse acontecido algo com sua mãe, sei como são essas coisas. Já passei por esse tipo de experiência na minha mocidade (pois fui criada com meus avós e cuidei deles até o fim, e meu vô ficou hemiplégico aos 78 anos em virtude de um AVC). Agora estou com meu pai, 89, necessitando de mim, inclusive para o banho. Como te entendo minha amiga! Força na peruca! Deus abençoe tua mãezinha e não a deixe sofrer! Bjs
Lucia, que emocionante te ler. Sei bem o que é isso,minha mãe tem quase 89 ,mas parou nos 72,rs.
Está numa clínica com as cuidadoras, pois não anda mais sozinha, depende de tudo e para tudo de outros, o que acho terrível.
Tua mãe é forte e tomara fique bem, se for para ficar sem sofrer, como dizes! Vamos rezar e torcer muito! E o que sente, com a vida toda lá fora e de repente parece tudo trancado, tudo parado, m banho-maria, esperando a melhora! Que ela aconteça! Fica tu bem, cal,a e tranquila e ela sentirá tua força bjs, chica e obrigadão por mesmo com isso tudo te preocupando, ainda ires me visitar! Dá notícias,sempre que der!
Lúcia... que triste!
Mas que guerreira é sua mãe... E vc aprendeu direitinho com ela, com seu exemplo...
Viveu intensamente, não do jeito que queria, mas do jeito determinado por Deus, que sabe exatamente o peso que podemos carregar nessa vida.
Talvez essa não emoção da perda do filho seja isso, a fortaleza que ela se tornou, a dureza, mesmo sendo tão frágil.
Que Deus faça o melhor pra ela...
Um abraço bem carinho em vc, maninha... Beijos também!
Lucinha, que pena, que linda história de sua mãe. Que Deus lhe dê forças e que ela não sofra anto. tenha fé e força.
Bjos e boa semana,
http://blogdmulheres.blogspot.com.br/
Lúcia,
Fui lendo tudo com grande aperto no coração.
Lembrei da minha mãe, também uma fortaleza, que partiu há quase 4 anos, deixando um vazio enorme.
Desejo que sua mãe logo se recupere, saia da cama e viva muito bem no meio de vocês, ainda por bastante tempo.
Beijos.
Lúcia, fiquei perdida, esperando por lá, pelo Face, notícias tuas.
Agora que a insônia me pegou para ler os blogs amigos, dei com a notícia por aqui.
Poxa vida, como deve ser difícil para ela, tão forte e outros atributos que você a define, estar assim agora!
A dor deve ser imensa ao vê-la, pois reconheço que ver aqueles que amamos desse jeito entregue aos cuidados de todos, e sabendo que ela não gostaria disso, estou aqui a pensar e imaginar toda a tristeza desses dias que vocês têm enfrentado.
Eu só espero que ela não sofra, não merece, assim como nenhuma mãe merece, elas são nossas flores, nosso porto seguro.
Força, cara amiga! Rezei bastante estes últimos dias, pedindo a Deus que fizesse sua vontade e assim será.
Aguarde com fé, e saiba que estamos aqui para um ombro amigo.
Um grande abraço fraterno e muitos beijinhos.
Minha doce amiga,
entendo tanto o que está passando.
Cada uma de nós tem o regalo de ter nosso pais e o momento de ser o cuidador deles.
Só posso te deixar todo meu carinho, que é muito , o sabes bem.
E orar para que, como mesmo citou as ondas do mar ao voltarem traga o lenitivo da cura. Mesmo que fique algumas sequelas, que seja o mais leve possível possível.
Para ela, que merece e muito ter amenizada suas dores.
E calma para as filhas e netos.
Muita paz e força , amiga querida!
Beijo.
Mãe, estou aqui agora, "dormindo" com ela. Desde as 23:30 ela dorme tranquila e serenamente. Segunda, quando cheguei, estava desanimada, desacreditada e, a cada dia, noto melhoras nela. Hoje, especialmente. Ontem (quarta, quero dizer, como não dormi ainda é ontem, rs) fizemos as orações em conjunto e hoje novamente, não sei, mas a fé que estamos tendo, a união e o amor que estamos transmitindo e, acima de tudo, a vontade dela de permanecer aqui, pq, se ela quisesse, já tinha sucumbido, essa era a hora! Mas ela está aqui, e tenho certeza absoluta de que logo ela estará em casa, sem sonda, falante e "implicante", se Deus quiser! Que seja feita a SUA vontade!
Oi, Querida, espero que agora, quase 1 semana depois do seu post, sua mãe esteja recuperada.
Acho que fez super bem de não mencionar no FB.
Um beijo grande!
Luv!
Estou aguardando ansiosa por boas notícias e acho que teremos, sua mãe vai surpreendê-los, verão, ela é forte, uma rocha, mineira de fibra.
Que Deus a proteja!
um beijo, querida Lúcia.
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