Mas passo temporadas sem ajudante e aí tenho que encarar a cozinha.
E faço uma comidinha danada de boa.
Minha mãe tinha mãos de fada, fazia tudo super bem e seus dotes culinários são lembranças boas para nós. Numa casa com tantos filhos e orçamento apertado, tinha que colocar a imaginação para funcionar. Nem sempre havia carne, mas quem precisa dela naquele macarrão que ela fazia? Só com molho de extrato de tomate e um queijo ralado por cima, o minas mesmo, porque parmezon era luxo.
Ela nos colocou na cozinha desde cedo, pelo menos as 3 mais velhas, e acabamos sabendo cozinhar e agora até irmã cozinheira profissional eu tenho. (Mas, interessante, esta não foi da turma "obrigada" a cozinhar, Mônica "pegou gosto" por si só. Clica no nome dela e conheça-a)
Tenho para mim que, mesmo que a gente não goste de algo, se for fazer tem que fazê-lo bem feito e assim eu cozinho o trivial bem gostoso.
Tenho admiração pelas pessoas que amam cozinhar, que já acordam pensando no menu, se não dormiram pensando.
Tenho amiga que se levanta, deixa alguma coisa preparada, sai, passa a manhã fora de casa e na volta, em 20 minutos, coloca o almoço na mesa. Claro que a industrialização veio para ajudar mas agora já é vilã. Eu, como nunca fui adepta, pouco me envolvo com as novidades que propõem nos facilitar a vida. Não gosto de congelados, desconfio na hora se um prato foi feito no dia anterior, que dirá daqueles que são feitos para durar meses no freezer.
Temperinhos milagrosos nunca me pegaram, gosto é da boa e velha dupla alho e sal. Caldinhos prontos, veneninhos em forma de gostosura, não entram na minha cozinha.
Claro que a vida tirou o tempo precioso da gente e agora mal nos sentamos para comer.
Contudo, saber se organizar facilita demais.
Não acredito que cozinhar seja um dom, mas quem tem o gosto para isso e sabe usá-lo, certamente tem um verdadeiro prazer em estar na cozinha.
Eu faço uma comida básica, mas bem feita, sem exagero de sal e de óleo. Sempre tive consciência disso, muito antes de saber os malefícios do não-saber-usar.
Meu pai tinha o hábito de pedir para levar o pilão à mesa e se servir, diretamente no prato, de um bocadinho do alho e sal que restava ali. Ou colocava uma nuvenzinha de sal sobre a comida já no prato. Pimenta do reino era básica e todo tipo de pimenta pura era com ele mesmo.
Acho que hábito de fumante, para ativar o paladar, já que o cigarro o tira em grande parte.
Hoje cozinhei em casa de mamãe e fiquei pensando em como não me desagradou fazê-lo, nem no menu pensei, fiz o que estava à mão, e a carne que tinha sido retirada do freezer.
Carne congelada, só para a semana. Se deixar "meses" no freezer, quero distância.
Pratos mirabolantes, cheios de "fru-frus" não são minha praia. Gosto do trivial, bem feito.
Para ir para a cozinha é preciso inspiração. Mesmo o arroz-com-feijão do dia a dia pode fazer a diferença e ser melhor do que os complementos.
Verdade que se comida caseira não fosse a delícia que é, eu nem abriria o meu fogão. Comprava uma cafeteira, para nem ter que abri-lo para fazer o cafezinho da manhã, que é o único que bebo.
Mas nada me impede de "aprender" a gostar, afinal.
(Imagens retiradas do Google. Se são suas e quer o crédito, me avise.)