Pais e filhos

" Não há qualquer necessidade de que o filho tenha que concordar com o pai. 
Na verdade parece muito melhor que ele não tenha que concordar. 
É assim que a evolução acontece. Se toda criança concordar com o pai, então não haverá qualquer evolução, porque o pai terá concordado com seu próprio pai, e todo mundo estará no ponto em que Deus deixou Adão e Eva: nus e expulsos do jardim do Éden. 
Todo mundo estará lá. 
O homem tem evoluído porque os filhos têm discordado de seus pais, dos pais de seus pais e de todas as tradições. Toda essa evolução é uma tremenda divergência com o passado. Quanto mais inteligente você for, mais você irá discordar. 
Mas os pais valorizam as crianças que concordam e condenam as que discordam."  (Osho) 

 Bom para pensar, em véspera do Dia das Mães. Pais, aí, implica em pai e mãe. Embora o texto  fale em "pai", entendo que aí entra também a mãe, figura muito mais presente na vida dos filhos.
Enquanto criei meus filhos, não aceitaria essa premissa. Achava-me a dona da verdade e passei para meus filhos que a autoridade de pai e mãe é incontestável.
Hoje, vendo a criação dos netos, sei que não é bem assim, que temos que ter, essencialmente, respeito à criança e perceber desde cedo as diferenças entre elas e nós, pais. E deixar que se exprimam, que exponham seus pensamentos, mesmo rudimentares, mas são nuances, são sinais da sua personalidade. Só o que não pode faltar é pulso firme, para direcioná-los.
O que acontece com as famílias de hoje, onde cada filho vive à sua maneira e pais preferem a agressão à saudável conversa, a discussão "amigável", sem briga, só mostrando pontos de vista diferentes?
Ando sem vontade de ler noticias de jornal e TV, só dão destaque à violência.
Pais e filhos juntos, numa ação bárbara, agredindo uma pessoa até levá-la à morte, como aconteceu no Guarujá, esta semana.
Meninos e meninas bandidos-mirins, nocivos à sociedade aos 10, 12 anos, ou até menos. Produtos de um meio onde não prevalece o respeito, a hierarquia entre pais e filhos, a educação, o carinho, o amor, a família como a base.
Meninas de 14 anos, ou menos, que dão à luz filhos dos quais não cuidarão, pois elas mesmas ainda precisam de cuidados.
Aos 30 anos, muito provavelmente serão mães de um marginal de 16 anos, que já "toca o terror" na área em que moram.
Culpa da sociedade injusta? Culpa do governo? 
Não há respostas a perguntas como essas.
Filhos podem, certamente, discordar dos pais, mas quando já tiverem embasamento. Discordar aí, não é impor sua opinião, é simplesmente ter a sua visão sobre a mesma coisa.
Embora a vida de hoje em dia nos pareça diferente, há milênios os homens se superam na arte de surpreender, e muitas vezes o que parece evolução não passa de um retrocesso.
Colocar filhos no mundo nunca foi fácil, nem romântico. É algo sério e a ser muito pensado.
Filho não é apenas fruto de amor entre os pais. Filho pode ser "um descuido", "um vacilo",  e é assumido apenas pela mulher, às vezes nem ela sabendo quem é o pai...
Por um mundo melhor, que todas as crianças vindas à luz cheguem trazidas pelo amor, pela determinação, pelo desejo legítimo dos pais de criarem um ser à imagem e semelhança de suas melhores virtudes. (Não se pode falar de Deus, então, que seja à imagem e semelhança de um Ser do bem).
Filho não vem para que exista um lindo quarto a ser decorado.
Filho não vem para que o armário se encha de roupas e sapatos.
Filho não vem para que todos os espaços da casa se ocupem  de brinquedos, muitos dos quais nem são apreciados pelos filhos, mas são "sonho de consumo" dos pais, que nunca puderam tê-lo.
Que filhos discordem dos pais quando for para o bem de ambos.
(Imagens Tumblr)

6 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida Lúcia
Estamos as duas sem a menor vontade com a tele e os seus diversos jornais...
Cada notícia pior do que a outra...
Ao invés de ficar tão apavorada,tento ser crédula de um mundo bem melhor para meus netinhos...
Sei como anda a crueldade do mundo mas não quero perder a esperança de dias melhores que os atuais, amiga...
Um post muito pé no chão...
Seja muito abençoada e feliz!!!
Bjm fraterno de paz e bem

Beth/Lilás disse...

Pois é, tá difícil a coisa!
O que estamos assistindo é a deterioração da família, falta realmente o comando da casa aos pais.
Não fui e nem sou uma pessoa que imponha ideias, mas respeito, sem dúvida, foi o que impus aqui em casa, pois não tem essa de falar palavrão na minha frente como se fosse com o coleguinha. Reclamo e muito disso, já que hoje é coisa normal entre jovens e pais.
Quanto à crueldade humana dos dias de hoje, continuo achando que é a falta de educação que tem levado às pessoas a não raciocinarem e serem levadas como gado pelo precipício abaixo.Nosso povo é sem educação completamente.
Educação e base familiar, estofo, é o que tá faltando hoje em dia.
beijos cariocas



chica disse...

Lucia, adorei o texto e cada vez vemos as famílias onde pais não conseguem dar limites...Crianças crescem e dá no que vemos.Pena! Acabei de saber que a cirurgia da Cuca foi bem.Ela está na recuperação e amanhã ,se tudo der certo, a teremos conosco em casa.Já agradeci na igreja aqui mesmo em Gramado! bjs,chica

Allan Robert P. J. disse...

Toda ação provoca uma reação. Quando tentamos impor algo aos filhos, criamos uma resistência que pode nunca se desfazer.

Procuro conversar com minhas filhas. Conversar, comunicar, trocar pontos de vistas e emprestar um pouco da minha experiência. Porque educar eu já eduquei. Hoje ensino apenas que toda ação gera não somente uma reação, mas consequências. E elas sabem que podem contar comigo (conosco, pai e mãe)e quando precisam, contam mesmo.

:)

Cristina Pavani disse...

Oi, Lucinha!
Pertinentes considerações, principalmente vindas de você com experiência de sobra.
Na sala de aula convivo com todo tipo de família, e vejo que entre si as crianças vão fazendo as trocas, tentando suprir as ponderações que não trazem de casa, tanto prá mais quanto prá menos.
Seus futuros? Infelizmente meu quinhão de 200 dias são como gota numa lagoa.
Um domingo de brandura procê!

Adelina disse...

Ei Lúcia! Eu estava sumida do seu blog, mas sobrou um tempinho aqui no trabalho. Adorei este texto e vou compartilhar. Beijinhos.