Preguiça existencial

Não tenho uma opinião formada sobre tudo.
Prefiro ver com os olhos da alma, nem sempre com os da razão.
Embora a razão prevaleça na minha vida. Não abro mão das minhas convicções, mas posso abrir mão de ser intransigente. Sempre fui muito "a ferro e fogo", mas o tempo me abrandou.
Fato é que agora posso passar um dia sem arrumar minha cama, coisa inimaginável para mim.
Posso ficar sem varrer a casa diariamente, mesmo que isso me dê "gastura".
Posso abrir mão de ter a cozinha impecavelmente arrumada, com armários organizados, mas sem abrir mão da limpeza, esta, fundamental.

  O tempo nos mostra as mesmas coisas, de maneiras diferentes.
E o que me assustava antes, agora não me assusta mais, ou assusta menos.
Gosto da minha coerência e da minha maleabilidade.
Conviver com pessoas de idades diversas fez diferença em minha vida.
Desde que conheci a internet, principalmente há 6 anos, num blog, o mundo se abriu para mim.
Antes, computador era ferramenta de trabalho e consulta, apenas.
Com o blog conheci uma vida paralela.
Conheci gente legal, gente nem tão legal, vi blogs aparecendo e sumindo. Por vontade dos donos, simplesmente e alguns por morte dos donos.
Sempre vivi em meio a gente jovem, família grande, sempre adulto jovem,  adolescente, criança, em quantidade boa. Às vezes me pego pensando que sou tão jovem no espírito por causa dessa convivência.


Sou jovem, mas sou séria. Nasci com o senso de responsabilidade, de lealdade, de presteza, muito aguçados.
Fui pau pra toda obra, até onde deu.
Mas atualmente estou "jogando a toalha".
Quero sombra e água fresca. Quero passar meus dias lendo, passeando, vendo TV, ficando no computador.
A morte recente de uma amiga blogueira, a Nilce, conhecida da maioria dos que me leem, me fez perceber que não somos donos do tempo, que a hora que é para ser, será. 
E ficar remoendo passado, brigando para ter sempre razão, esquecendo que ser feliz é melhor, é a mensagem do que não deve ser feito.


 Passei dias escrevendo isso, tirando e colocando coisas que sou, mas que, afinal, só a mim interessam, não quero mais provar nada pra ninguém.
Hoje em dia uma discussão boba, sem briga, me desgasta por vários dias, fico pensando no que disse, que não deveria ter dito, que não precisava ter dito, que revela de mim o que levei anos para tirar.


 Não quero ter razão, não quero mais saber de tudo, não quero ficar o tempo todo antenada.
Não quero uma porção de coisas, mas continuo fazendo, falando.
Preguiça de  mim.
(Flores do sítio, menos a penúltima, a trepadeira Jade, casa do filho)

A um passo da felicidade

 A eterna busca pela felicidade. Assunto recorrente. E os conselhos são inesgotáveis.
Segui-los pode dar certo. Basta querer.
E como é preciso praticar, nunca é demais relembrar algumas práticas.
Estas, encontrei no Facebook. As considerações não são minhas, mas do autor.
Não confirmei a autoria, é interessante ver como as informações são desencontradas, então prefiro que, se você souber a verdadeira autoria, comunique-me.

15 coisas que você precisa abandonar para ser feliz

1. Desista da sua necessidade de estar sempre certo
    Há tantos de nós que não podem suportar a ideia de estarem errados – querem ter sempre razão – mesmo correndo o risco de acabar com grandes relacionamentos ou causar estresse e dor, para nós e para os outros. E não vale a pena, mesmo. Sempre que você sentir essa necessidade “urgente” de começar uma briga sobre quem está certo e quem está errado, pergunte a si mesmo: “Eu prefiro estar certo ou ser gentil?” (Wayne Dyer) Que diferença fará? Seu ego é mesmo tão grande assim?

2. Desista da sua necessidade de controle
    Estar disposto a abandonar a sua necessidade de estar sempre no controle de tudo o que acontece a você e ao seu redor – situações, eventos, pessoas, etc. Sendo eles entes queridos, colegas de trabalho ou apenas estranhos que você conheceu na rua – deixe que eles sejam. Deixe que tudo e todos sejam exatamente o que são e você verá como isso irá  fazer se sentir melhor.
   “Ao abrir mão, tudo é feito. O mundo é ganho por quem se desapega, mas é necessário você tentar e tentar. O mundo está além da vitória.” Lao Tzu

3. Pare de culpar os outros
    Desista desse desejo de culpar as outras pessoas pelo que você tem ou não, pelo que você sente ou deixa de sentir. Pare de abrir mão do seu poder e comece a se responsabilizar por sua vida.

4. Abandone as conversinhas autodestrutivas
    Quantas pessoas estão se machucando por causa da sua mentalidade negativa, poluída e repetidamente derrotista? Não acredite em tudo o que a sua mente está lhe dizendo – especialmente se é algo pessimista. Você é melhor do que isso.
  “A mente é um instrumento soberbo, se usado corretamente. Usado de forma errada, contudo, torna-se muito destrutiva.” Eckhart Tolle

5. Deixe de lado as crenças limitadoras sobre quem você pode ou não ser, sobre o que é possível e o que é impossível. De agora em diante, não está mais permitido deixar que suas crenças restritivas o deixem empacado no lugar errado. Abra as asas e voe!
   “Uma crença não é uma ideia realizada pela mente, é uma ideia que segura a mente.” Elly Roselle


6. Pare de reclamar
   
Desista da necessidade constante de reclamar daquelas várias, várias, váaaarias coisas/pessoas/ momentos/situações que o deixam infeliz ou depressivo. Ninguém pode lhe deixar infeliz, nenhuma situação pode lhe deixar triste ou na pior, a não ser que você permita. Não é a situação que libera esses sentimentos em você, mas como você escolhe encará-la. Nunca subestime o poder do pensamento positivo.

7. Esqueça o luxo de criticar
    Desista do hábito de criticar coisas, eventos ou pessoas que são diferentes de você. Nós somos todos diferentes e, ainda assim, somos todos iguais. Todos nós queremos ser felizes, queremos amar e ser amados e ser sempre entendidos. Nós todos queremos algo e algo é desejado por todos nós.

8. Desista da sua necessidade de impressionar os outros
    Pare de tentar tanto ser algo que você não é só para que os outros gostem de você. Não funciona dessa maneira. No momento em que você para de tentar com tanto afinco ser algo que você não é, no instante em que você tira todas as máscaras e aceita quem realmente é, vai descobrir que as pessoas serão atraídas por você – sem esforço algum.

9. Abra mão da sua resistência à mudança
    Mudar é bom. Mudar é o que vai lhe ajudar a ir de A a B. Mudar vai melhorar sua vida e também as vidas de quem vive ao seu redor. Siga a sua felicidade, abrace a mudança – não resista a ela.
  “Siga a sua felicidade e o mundo abrirá portas para você onde antes só havia paredes” Joseph Campbell

10. Esqueça os rótulos
      Pare de rotular aquelas pessoas, coisas e situações que você não entende como se fossem esquisitas ou diferentes e tente abrir a sua mente, pouco a pouco. Mentes só funcionam quando abertas.
    “A mais extrema forma da ignorância é quando você rejeita algo sobre o que você não sabe nada”     Wayne Dyer

11. Abandone os seus medos
     
Medo é só uma ilusão, não existe – você que inventou. Está tudo em sua cabeça. Corrija o seu interior e, no exterior, as coisas vão se encaixar.
     “A única coisa de que você deve ter medo é do próprio medo” Franklin D. Roosevelt

12. Desista de suas desculpas
     
Mande que arrumem as malas e diga que estão demitidas. Você não precisa mais delas. Muitas vezes nos limitamos por causa das muitas desculpas que usamos. Ao invés de crescer e trabalhar para melhorar a nós mesmos e nossas vidas, ficamos presos, mentindo para nós mesmos, usando todo tipo de desculpas – desculpas que 99,9% das vezes não são nem reais.

13. Deixe o passado no passado
      Eu sei, eu sei. É difícil. Especialmente quando o passado parece bem melhor do que o presente e o futuro parece tão assustador, mas você tem que levar em consideração o fato de que o presente é tudo que você tem e tudo o que você vai ter. O passado que você está desejando – o passado com o qual você agora sonha – foi ignorado por você quando era presente. Pare de se iludir. Esteja presente em tudo que você faz e aproveite a vida. Afinal, a vida é uma viagem e não um destino. Enxergue o futuro com clareza, prepare-se, mas sempre esteja presente no agora.

14. Desapegue do apego
      Este é um conceito que, para a maioria de nós é bem difícil de entender. E  tenho que confessar que para mim também era – ainda é -, mas não é algo impossível. Você melhora a cada dia com tempo e prática. No momento em que você se desapegar de todas as coisas, (e isso não significa desistir do seu amor por elas – afinal, o amor e o apego não têm nada a ver um com o outro; o apego vem de um lugar de medo, enquanto o amor… bem, o verdadeiro amor é puro, gentil e altruísta, onde há amor não pode haver medo e, por causa disso, o apego e o amor não podem coexistir), você irá se acalmar e virá a se tornar tolerante, amável e sereno… Você vai alcançar um estado que  permite compreender todas as coisas, sem sequer tentar. Um estado além das palavras.

15. Pare de viver a sua vida segundo as expectativas das outras pessoas
      Pessoas demais estão vivendo uma vida que não é delas. Elas vivem suas vidas de acordo com o que outras pessoas pensam que é o melhor para elas, elas vivem as próprias vidas de acordo com o que os pais pensam que é o melhor para elas, ou o que seus amigos, inimigos, professores, o governo e até a mídia pensam que é o melhor para elas. Elas ignoram suas vozes interiores, suas intuições. Estão tão ocupadas agradando todo mundo, vivendo as suas expectativas, que perdem o controle das próprias vidas. Isso faz com que esqueçam o que as faz feliz, o que elas querem e o que precisam – e, um dia, esquecem também delas mesmas. Você tem a sua vida – esta vida agora – você deve vivê-la, dominá-la e, especialmente, não deixar que as opiniões dos outros o distraiam do seu caminho.


Leia e releia. Vale aplicar pela vida afora. Se eu fosse mais persistente quanto aos meus desejos, certamente não seria quem sou agora e nem estaria onde estou, possivelmente.
Ainda assim, sou feliz. Cada um é feliz à sua maneira, afinal.
(Foto do Facebook) 

Editei para não perder o vídeo de vista. Chegou-me às mãos ontem, 22/11/13 através da Mônica, minha irmã. Tem tudo a ver com o post. Assista com tempo, o documentário dura pouco mais de 1h.

http://www.eumaior.com.br/

Eternas insatisfeitas?


                            (Foto encontrada no FB)


Afinal, somos as eternas insatisfeitas?
A mulher nunca sabe o que quer?
O mundo mudou muito de décadas pra cá e o papel da mulher foi modificado.
De dona de casa, educadora, mãe em tempo integral, passou a disputar o mercado de trabalho com os homens..
O homem sempre foi o provedor, o que levava comida para casa.
Claro que já naqueles tempos muita mulher devia caçar e nem sabemos  disso.
As mulheres sempre estiveram onde menos se espera.
Pouco resta das sinhazinhas. A escravidão acabou e a mulher teve que "por a mão na massa".
Cursar uma faculdade era para poucas, pioneiras mesmo, desbravadoras, guerreiras, que iam primeiro contra um pai e depois contra um marido.
Muita  mulher que não quer ser "mãe, esposa, dona de casa, amante" acabou optando por ser sozinha.
Homem não admitia (e) mulher muito emancipada.
As mais corajosas eram (são?) confundidas com prostitutas, eram odiadas pelas outras mulheres (ainda), pois nenhuma queria o marido envolvido em conversa com colegas "atiradas", "biscas", para estar ali naquele cargo.
"No mínimo, dormiu com alguém grande, para alcançar esse posto".
E ainda hoje se pensa assim. Século XXI, ano 2013, e ainda há quem pense que mulher não pode tudo.
Pra mim, já sabem, mulher não devia ser presidente. Meu argumento é pobrinho, não precisa aceitar: é um cargo tão masculino quanto  piloto de provas, caminhoneiro, mecânico, engenheiro ou técnico de plataforma marinha, marinheiro, etc.
Claro que todas as profissões podem ser exercidas por mulheres. Poder, podem. Mas convém?
São Paulo já dizia: "Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém". (Tem outro sentido, mas cabe aqui).
Não duvido da capacidade da mulher em nenhuma função. Nem dos homens. Todos podemos fazer coisas que não imaginávamos, desde que nos empenhemos e realmente queiramos.
Mas a mulher hoje luta por um emprego e luta para não perder a essência e ser mãe.
Porque se resolveu que toda mulher tem que ser mãe, que "nascemos"  para isso e tanto blá blá blá conhecido. E muitas encaram como verdadeiro, maridos cobram essa maternidade e nem sempre é um bom ajudante.
E ter filhos e ser mulher que segue carreira, implica em que um dos dois está perdendo alguma coisa.
Ou a mulher está perdendo o crescimento dos filhos, ou os filhos estão perdendo a atenção das mães.
Conheço uma moça, separada, com filho único, que trabalha de 2a a 6a em SP. O filho fica por conta da tia e da ex-sogra,  pai não mora aqui. Quer dizer, esta mãe luta pra dar uma vida decente para o filho (o pai não paga pensão) e perde a vida escolar do filho, os relacionamentos (amigos, colegas), as reuniões, etc.
É um preço muito alto.
Minha filha mais velha, morando em uma cidade onde não conhecia ninguém ao chegar, com um bebê de 4 meses e 2 anos depois com mais dois, gêmeos, parou de trabalhar fora. Ela que trabalhava desde os 18 anos, tinha seu dinheiro, comprava o que queria, além de se ver sem ele, se viu "apertada", com orçamento diminuído, afinal cuidar de 3 crianças sempre foi caro.
Tudo somado, arranjou uma alergia numa das mãos, onde os dedos feriam todos, nenhum dermatologista dava jeito. Não podia usar nem bijoux nem ouro, nem sabão, detergente, sabonete (só específico, e líquido). No fundo, havia um componente de frustração, de impotência.
 Outras têm colite, úlcera estomacal, fibromialgia, e tantos outros males (comum também aos homens insatisfeitos com o trabalho, etc.).
Onde era errado aprendermos a bordar, cozinhar, engomar uma roupa, tricotar, "crochetar", fazer uma faxina de primeira, ter orgulho em manter a casa limpa, organizada, filhos bem cuidados, tarefas deles prontas e com tempo para brincarem com papai, quando este chegava cansado, mas feliz?
Por que agora "o certo" é a mulher correr o dia todo, sair do serviço, entrar no supermercado, levar comida congelada, ou comer sanduíche toda noite, ou pedir pizza três vezes na semana, no mínimo, pois tem que chegar em casa e cuidar de tudo, colocar roupa na máquina, passar um uniforme, ver se tem roupa do marido passada, limpar rapidamente (só pra não ficar caótica a bagunça), dormir mais de 1/2 noite pra acordar antes das 6, já exausta?
O quadro não é só este, pode ser pior ou melhor.
Melhor para as mulheres que realmente ganham bem, pagam uma ajudante, podem pagar aulas extras para os filhos, têm carro, chegam em casa e só tomam um banho e vão fazer o que quiserem, menos olhar as lições dos filhos.
Pior para as que ficaram no trabalho, ralando o dia todo pra dar conta dos filhos das outras, ou de patrões chatos e machistas, ou fazendo faxinas pesadas, tomando ônibus lotados, todo mundo suado, e ainda chegam em casa e vão fazer "a janta" que tem que sobrar pro almoço, e nem sabem se os filhos foram mesmo na escola, como disseram, e nem têm tempo de olhar o caderno nem nada.
É bom que a mulher possa trabalhar fora, possa ter o seu dinheiro, suado ou fácil (fácil porque se preparou bem, o emprego é tranquilo, trabalha em sala com ar, cafezinho feito ao longo do dia); suado porque deixou a casa toda limpa pra hora da patroa chegar, as crianças foram pra escola na hora certa, uniformes impecáveis, o jantar já ficou pronto, tudo um brinco só.
Para umas se darem bem, outras se sacrificam, muitas vezes além do que podem.
Não gosto do rumo que a vida tomou.
Não acho que lugar de mulher é na cozinha, nem no tanque, nem só cuidando de filhos.
Não acho que vale a pena ficar só em casa, frustrada por não poder exercer uma profissão para a qual se preparou.
Não acho que ter filhos é obrigatoriedade.
Não acho que a vida do homem seja muito diferente da vida da mulher.
Homem só não pode parir nem amamentar no peito. O resto, pode fazer tudo dentro de casa e nos cuidados com os filhos.
Quando homens e mulheres entenderem que colocar filhos no mundo é uma responsabilidade que não se mede;
quando entenderem que viver junto é partilhar;
quando cada um se valorizar e valorizar o outro;
quando a mulher puder entender que trabalho de casa é gratificante, embora cansativo;
quando, enfim, perceberem que nem sempre vale a pena perder de um lado pra ganhar do outro, pode-se chegar a um entendimento.
 Isso sem falar nas mulheres separadas ou que optaram por ter filhos sem se casarem. A jornada dupla, longa e solitária. Quando é opção, tudo bem, deve ter medido todos os prós e os contras. Quando acontece a separação, mesmo que aceita e resolvida, ainda assim a vida é uma constante luta, entre a sua criação de um filho, e os pitacos do pai/amigo/visita que faz as vontades do filho para suprir a falta diária na vida dele. Ou que torna a vida da ex insuportável. Claro que aqui cabe também a parte do homem, que sofre com as loucuras de algumas ex, mas o post é sobre mulheres.
Trabalhei fora durante um período pequeno da vida, com filhos já acima de 10 anos.
Ainda assim não foi fácil.
Imagino então o que não passam as mulheres que optaram por não ter filhos para ter uma carreira.
Ou perderam suas carreiras para terem um filho.
Ou sacrificaram os filhos pra ter uma carreira.
Ou se sacrificaram para cuidar dos filhos.
Mesmo assim, na outra encarnação quero vir mulher.

(06/10/10) (Escrevi há 3 anos e está atual. Ainda sem assunto pra post novo. Acho que escrevi este texto no antigo blog, o "De amor e de...").

Vamos voltar aos "velhos tempos"?

 (Estou num momento de muita reflexão, muitas dúvidas, muitos desapontamentos. E sem vontade de escrever. Vou continuar postando textos que me servem de lição e estavam guardados em rascunhos. Bom para ler e refletir, sempre.
Meu tempo é hoje, pois estou aqui.
Os jovens, de maneira geral, são mesmo arrogantes e se acham os donos da verdade.
Fui assim também, e ainda sou, em alguns aspectos.
Letícia, aos 5 anos, me surpreende com suas respostas prontas, que nem sei de onde traz. Não pode ser contrariada, o mundo está aí, à sua disposição. Às vezes me assusto.
A vida segue.)

 "Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse: 

- Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu: 

- Este é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora.
Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.
- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se
preocupou adequadamente com o ambiente.
Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidas à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio, que depois será descartada como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou pallets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.
Canetas: recarregávamos com tinta tantas vezes ao invés de comprar outra. Amolávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em 'meio ambiente', mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?"


(O texto termina aqui e fico imaginando a cara do rapaz e de quem mais estivesse ouvindo. 
Belo discurso da velha senhora.
Será que é só isso? Um discurso para não ser ouvido? 
Se formos parar para pensar, que espécie de vida estamos deixando para os filhos e netos? E a pergunta que circula muito pela internet: que espécie de filhos e netos estamos deixando para o mundo? Não assusta demais?)
O texto circula pela internet há um bom tempo e não encontrei o autor. Se souber, me conta.

Você é preconceituoso/a?

(Este assunto se deu há uns meses, mas só agora lembrei-me de postá-lo. Sempre pertinente, porque preconceito nunca sai "da moda").

O maior preconceituoso é aquele que é alvo do preconceito.
Assim, negros são preconceituosos, gays são preconceituosos, gordos são preconceituosos, deficientes são preconceituosos, etc.
Em vez de levar o foco para a sua capacidade, como um todo, se escondem muitas vezes atrás do preconceito, para se sentir um coitadinho.
Numa postagem no FB, da amiga Luciana, brasileira que mora na Noruega, o preconceito racial foi abordado tendo como alvo a denúncia sobre uma poesia que fala de bonecas. 
Sem nem citar se uma delas seria negra, a pessoa se baseou só nas palavras que mostravam que a boneca bonitinha e bem cuidada era loira, de olhos azuis e vestido bonito. Claro que a "denúncia" mostrou só parte da poesia, sem nome, sem autoria. Fui atrás dos fatos. 
O "denunciante" é um vereador baiano, negro, que certamente tem pouca coisa para cuidar, dos problemas da cidade, e se envolve em polêmica sem sentido. (Aqui).

" A bonita se chama Teresa.
Tem grandes olhos AZULADOS
Usa vestido de seda clarinho
Com botões dourados.
A feia não tem nome,
Nem mesmo apelido.
O vestido que usa é velho,
Rasgado e encardido.

A bonita tem cabelo LOIRO
Todo ele trançado
(...)

A feia tem pouco cabelo
De tanto que já foi puxado
(...)".


A reportagem, no FB, mostrava esta parte acima, ou seja, não a poesia completa. Que encontrei e é esta:

AS BONECAS DE FERNANDA

Fernanda tem duas bonecas
Uma é linda de se ver,
A outra coitadinha,
É feinha de doer.

A bonita se chama Teresa.
Tem grandes olhos azulados,
Usa vestido de seda clarinho
Com botõezinhos dourados.

A feia não tem nome,
Nem mesmo um apelido,
O vestido que usa é velho,
Rasgado e encardido. [...]

Mas na hora de brincar,
Veja só o que acontece:
A Fernanda pega a feia
E da bonita se esquece.

Alexandre Azevedo  


E, para surpresa minha, pesquisando sobre o autor, encontro que ele é mineiro, atualmente morando em Ribeirão Preto, casado, pai de 3 filhos, autor de inúmeros livros infantis. (Aqui). 
Depois de saber disso, procurar pela poesia toda, respondi à Luciana:
"A poesia é sobre as duas bonecas da menina Fernanda. E uma poesia, por acaso falando de boneca loira e de olhos azuis (a maioria delas, no mundo todo, é assim!) A boneca "feia", nem foi citada a cor, dos cabelos, nem dos olhos. Quem disse que era negra? Ai, tá difícil isso, né? Acho que eu aproveitaria para perguntar às crianças o que acharam da poesia, porque uma boneca era bem tratada e a outra não? O que significa isso, entre nós, os homens? Como acabar com essa situação? Uma bonequinha loira e de olhos azuis é diferente em quê, da bonequinha preta, de cabelos cacheados e olhos pretos? Tanta coisa pra se discutir, não é só ver o lado do preconceito, simplesmente, mas o que, exatamente o autor pretendeu, com essa linguagem. Criança não discrimina, quem discrimina é o adulto e passa para ela, infelizmente."

E olha que a poesia nem fala se a outra boneca é negra! 
E veio conversar conosco uma moça que mora na Noruega, é baiana, talvez tenha vivido muito o preconceito que nós, brasileiros, temos muito maior do que em outros países:

]Susana Ribeiro B. Freitas] Lúcia, concordo 100% contigo. Você está certíssima ao discorrer sobre essa poesia. O que não afasta, infelizmente, a realidade dura e cruel que os soteropolitanos vivenciam: o racismo velado. Isto, infelizmente, é muito comum por lá. O que, provavelmente, provocou a reação de quem escreveu o post, cansado de assistir isso a toda hora, acabou não discernindo de "olhos limpos", como você o fez."

E tivemos uma boa conversa, que vc pode acompanhar aqui, se quiser. 

E aí, convidei a Luciana a escrever sobre o assunto, e ela me "passou a bola".
Falar de preconceito, principalmente o racial, é desgastante.
Aqui, encontrei o direito de resposta do autor.
Vale muito a leitura. http://www.portallformosa.com/news/direito-de-resposta%3A-alexandre-azevedo,-autor-da-obra-%22as-bonecas-de-fernanda%22-fala-sobre-acusa%C3%A7%C3%B5es-de-racismo/

(Seria bom que vocês lessem os links que passei, principalmente a resposta do autor. Imagina o quanto a repercussão dessa ação do moço baiano pode afetar até a vida do autor. Uma declaração completamente sem sentido, onde ele viu pelo em ovo, já que a poesia não fala em cor das bonecas.)