Lá da Tailândia/Agora EUA

 Li esse texto no blog da Renata, que mora na Tailândia. Uma pessoinha (porque é pequenina) muito boa, doce, arretada, como tem que ser gente de opinião. 
Sem medo de ser feliz. 
O que não é meu caso, sempre tenho medo de ofender as pessoas, porque quando me intrometo, bagunço mesmo, quero abrir os olhos das pessoas, mesmo sabendo que somos como somos.
 http://www.umaesposaexpatriada.blogspot.com.br/2012/10/a-mulher-de-cesar-rc.html
Se acessar o blog dela, vai se deliciar. 
 Certamente foi um desabafo, por algo que tenha lhe acontecido. Identifiquei-me com o que ela escreveu.
A partir de agora, o texto é dela.

"Desse modo, descobri que eu não era quem eu pensava. Ao menos no olhar dos outros. Ou melhor, usando as palavras de César, não bastava eu ser (ou pensar que era) mas eu precisava "parecer"...
Pensei que eu fosse alegre e divertida
Descobri que sou exagerada e ridícula
Pensei que eu fosse generosa e amorosa
Descobri que sou orgulhosa e calculista
Pensei que eu fosse dedicada e amiga
Descobri que sou malvada e intrigueira
Pensei que eu fosse querida
Descobri que sou temida

Pensei que era engraçada
Descobri que sou grossa
Pensei que eu era sincera
Descobri que falo demais
Pensei que transmitia aos outros as coisas que eu sabia
Descobri que eu tenho mania de saber de tudo
Pensei que eu ajudava a escolher um tecido
Descobri que ‘’agora também vai decidir o que eu vou usar’’?
Pensei que sabia quem era meu amigo
Descobri que eu era seu inimigo
Pensei que escutava as pessoas e suas historias, e as respeitava, e não as contava “por ai”
Descobri que “eu conto tudo por ai”, ou melhor, dizem que eu conto para poderem aumentar um ponto!
Se sou alegre e espontânea, e não me envergonho nem escondo isso, sou um problema.
Sim, sou mesmo um problema. Porque a alegria pura e simples incomoda. A caridade incomoda. A bondade, incomoda. O desinteresse no ganha-ganha e a disponibilidade da alma incomodam. Eu sei, muita coisa incomoda. O outro pensar e mudar a própria vida fica muito mais difícil do que criticar e macular a imagem alheia.
Com tantas surpresas eu parei para pensar. Pensar mais ainda.
E… no final das contas o que descobri foi que não é  fácil ser eu."

 Volto eu, Lúcia, a escrever:

Fiquei pensando no quanto podemos ser mal interpretadas, às vezes.
Por isso me contenho mais, hoje em dia. E sei distinguir quem me merece, ou não. Posso, certamente, dar com os burros n'água, eventualmente, mas hoje saio-me muito melhor. Estou mais decepcionada do que nunca com o ser humano.
Realmente cansada.
O que mais quero é saber me desligar do que me incomoda.
Por mais racional que seja, certas atitudes minhas não consigo mudar.
Pensando fazer o bem, acabo atingindo os que amo.
Ser feliz é escolha minha, com certeza.
Mas onde aprender que posso ser feliz sem que os que amo estejam também felizes?
Tem manual pra isso? Onde se compra? 
Quando paramos para pensar que problema é falta de saúde, problema é não ter onde morar, o que comer, o que vestir; problema é precisar de uma cadeira de rodas, de uma cama especial, de um tubo de oxigênio; problema é estar sem emprego, não ter uma boa escola, pagar imposto e não ter um médico que o atenda, fica tudo em segundo plano.
Mas as inquietações da alma são inexplicáveis e me acertam em cheio.
Não é o caso de "chorar de barriga cheia".
Não é falta de um fogão para esquentar a barriga, nem de um tanque para esfriá-la.
É natural, para algumas pessoas, a melancolia, a angústia de não saber entender o mundo, a vida, os seres que a habitam.
Se fosse fácil, já teria aprendido.

(Sou muito assim, com rompantes. Não significa nada, só filosofia. Beijo para a Renata, que me inspirou).
 

15 comentários:

Anônimo disse...

Bom, essa Renata sou eu! vou ler o post dela depois! "se" identifiquei muito! kkkk

Silvana Coutinho disse...

É verdade, não é fácil, mas tbem não é impossivel. As buscas são intermináveis...Mas uma coisa não faço mais: me decepcionar com o ser humano. Somos, todos nós, cheios de erros e acertos, e nossa natureza não é lá gdes coisas. Por isso, passei a não esperar muito das pessoas, assim, fiquei mais razoável comigo mesma.Bjs,

Neli Alves disse...

Ui! A Renata somos todas nós mulheres, que pensam em ajudar, auxiliar, acolher, e vivem levando "o troco". Está errada sempre: se ri, se chora, se fica alegre, se dá bronca... arff...
Há muito deixei de me preocupar com o que os outros pensam ou deixam de pensar. Só faço o que quero e gosto!!!! Delícia da idade - quase 70 - a gente perde a "necessidade" de fazer e passa a ter o "prazer" de fazer.
Ai, ai, só filosofando também. rsrs
Bjks. Neli

Cristina Pavani disse...

Lúcia, amiga... Também fiquei tocada quando a Renata postou este texto. Já vi comentários seus por lá.
Nunca pensamos em como o outro interpretará nossas ações e falas.
Quanto à melancolia, é típica de janeiro!
Abração do leste paulista.

Maria Luiza disse...

Perfeito, Lúcia. Sou e estou decepcionada com as pessoas que conheço e convivo. Eu achei que todos adorariam ter um presente feito por mim, pela minha criatividade, mas não preferem de loja! E muitas outras coisas eu percebo com tristeza! Mas eu gosto de ser como eu sou e c'est fini! Amei! Beijos!

Unknown disse...

Já Fernando pessoa se queixava!

Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou váriamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).
Sinto crenças que não tenho. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpétuamente me ponta traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore [?] e até a flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada [?], por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço.

Beijo.

chica disse...

Texto lindo da Renata e cabe um pedacinho pra cada uma de nós...beijos praianos,chica

Beth/Lilás disse...

Bem, Lúcia, diante de todo o exposto, deixo a seguinte pergunta: Você já começou a fazer academia? Vai enxergar de uma forma diferente tudo isso. Acabei de chegar e tô com minha endorfina lá em cima, coisa boa sô!
beijos cariocas


pensandoemfamilia disse...

Sermos quem desejamos ser não é fácil, até porque o olhar do outro é um referencial que nos persegue.
Mas se atentarmos para os nossos limites podemos ser mais felizes. Não temos como entender a todos ou sermos compreendidas por todos. Assim, caminha a humanidade, rs,rs,.
Voltando das férias e contactando os amigos.
bjs

Luciana disse...

Amei seu post, vou voltar amanha pra ler a parte toda que você copiou da menina, so li o comecinho e pulei pras suas palavras, o tempo me cobrando correr, mas amanha volto.
Olha, essa sua frase diz muito: "as inquietações da alma são inexplicáveis". São mesmo.
Beijo e ate amanhã

Palavras Vagabundas disse...

Lucia, adoro a Renata e esse texto é tão a cara dela!
Eu pessoalmente já desencanei da humanidade em geral é melhor assim do que criar rugas.
bjs
Jussara

irene alves disse...

Interessante este seu post.
2 em um.
Vou então ver o blogue ue
refere.
Beijinhos Lúcia.
Irene Alves

Renata C., UMA EXPATRIADA (mulher moderna, esposa, mãe...) disse...

Adorei!
É... realmente... não é fácil descobrir que suas boas intenções (e, dize, o Inferno esta´ cheio delas) são mal interpretadas por algumas pessoas... mas ´´espremendo´´ a crítica, de um modo geral, quando tão equivocada, vem de pessoas que não conseguem lutar por si mesmas, não conseguem atuar daquele jeito, etc, e... bem... acaba ficando mais fácil ´´distorcer´´ o real e ficar no imaginário quartinho reservado...

Agradeço a todos que leram aqui e lá no Blog o Texto destacado pela queridissma Lucia! A quem ainda não conheço pessoalmente, mas que tenho imenso carinho e amizade sincera.

Só finalizando (falo muito, ne?), depois de tudo isso, quando um BALDE DE AGUA GELADA CAIU NA MINHA CABEÇA QUENTE, eu mudei de um jeito MARAVILHOSO, rápido e SEM DOR. Foi como Mágica!

A tranquilidade e a serenidade tomaram conta da minha espinha dorsal, e eu, agora, consigo respirar aliviada, e tomar as decisões que eu preciso, sem ter que me preocupar com a ´´interpretação alheia´´ (já que em sua muitas vezes era equivocada mesmo!

Nota Final: tudo isso não quer dizer que eu estava certa o tempo todo, nem que eu não me analisava nesse tempo todo. Sou daquelas que está sempre pensando, sabem?
O que quero dizer é que diante de uma GRANDE DECEPÇÃO (ou duas) eu MUDEI, fiquei mais LEVE, e sem ESPECTATIVAS. Já dizia um Anonimo (kkkk): SÓ SE DECEPCIONA QUEM SE ILUDE!

Pois bem! Estou assim!
Livre para ser quem eu sou. E, MODÉSTIA á PARTE, gosto MUITO de quem sou!

Bjs mil. Especiais, claro, para a deliciosa Lucia!

ML disse...

Corajoso o "desabafo" da sua amiga, né, Lúcia? E que texto lindo!!!!

Eu, e provavelmente muita gente, às vezes "sofre" da mesma coisa: quantas vezes a gente acha que está fazendo certo e o que entendem é bem diferente... Melhor não encucar muito com isso, ou só o mínimo. E, como vc falou e muito bem disse, contenção é a palavra/atitude/caminho que evita a má interpretação alheia.
Há um tempo, eu, tentando fazer "justiça" a um querido "injustiçado" por um terceiro, fiquei mal com todos!
Pedi desculpas, e aprendi a ... calar a boca - como dizia minha bisa, a palavra é de prata, o silêncio de ouro ; > )

bjnhs e ótima semana!

Cissa Branco disse...

Lúcia,

Os sentimentos são sempre parecidos, a decepção com o outro e com nos mesmos em nos preocuparmos com coisas que não vale a pena. Temos que aprender a ser mais superficiais, não querer salvar o mundo, mas é tão difícil e com isso a preocupação vem e a frustração acompanha. Difícil isso, mas como negar nossa essência?!
Beijos