Não tenho claustrofobia, que é o medo de ficar em lugares fechados (elevador, avião, cômodos fechados, principalmente se pequenos, trens,etc.) mas pode se manifestar também em meio a multidão.
Portanto, nunca estarei no meio de aglomeração, seja de que ordem for: um show, uma missa campal, uma palestra concorrida, grandes espaços cheios de gente, seja em local fechado ou aberto.
Mas, curiosamente, vou ao cinema e ao teatro, talvez porque ali esteja sentada, cômodamente. Não há confusão, as pessoas não se acotovelam.
Acho que, de verdade, não gosto mesmo é de muvuca.
Palavra de origem indígena, é a mistura de vários grãos e sementes com terra, para reflorestar uma área devastada. Mas, não se sabe como, acabou ganhando outra denominação: grupo de pessoas fazendo bagunça, desorganizado. Bagunça, farra, festa.
Por isso, sem chance de me colocarem num espaço onde cabem 1000 pessoas, totalmente fechado (sem janelas), com apenas uma porta para que eu saísse, mesmo que calmamente, na mesma hora que umas tantas pessoas quisessem o mesmo, como é comum num fim de festa.
Ainda mais se, neste espaço estivessem mais 500 pessoas , sem lugar sequer para se balançar ao som da música (números inexatos).
Entraria, veria a situação do local, não ficaria ali, nem procuraria nenhuma autoridade, porque sei que numa noite de sábado não encontraria nenhuma. Nem comentaria com meus pais o absurdo de estar num lugar pelo qual paguei para me divertir e encontro-o superlotado. Eles nem sabem os riscos que corro nas noites que saio para me divertir.
E, se mesmo pensando assim, não quero decepcionar meus amigos entro ali para curtir a banda, o show pirotécnico, lutando por meus 30 cm quadrados de espaço?
Tiro um pé, me equilibro dançando, coloco o outro pé. Desequilibro-me, resvalo pro lado do outro, rio e tá bom, vamos curtir a noite. Não cabe a mim, nem a meus pais, saberem se os extintores de incêndio estão funcionando.Não tenho como saber se a forração da boate, para conter o som, foi feita como deve ser.
Não tenho que pedir o documento de alvará concedido à casa de shows onde estou.
Não tenho que ter medo ao ver apenas aquela saída, o mesmo lugar por onde entrei, estreito, afinal, não tenho que pensar em nada, só fui ali me divertir.
Não preciso entender o caos que se faz, de repente. Só sou empurrada pra fora, como por milagre, espremida entre muitos. Ainda bem que não fui muito longe da porta. Tento não respirar a fumaça preta que toma conta de tudo. Saio. Estou livre!
Agora são muitos os culpados. Alguns serão penalizados, outros não sofrerão nenhuma punição.
E a vida segue.
Sem os mais de 200 jovens que estavam na boate Kiss, em Santa Maria, pequena cidade do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, 27 de janeiro de 2013.
13 comentários:
A euforia da juventude age conforme vc descreveu,Lucia.Poucos são os que ouvem os conselhos dos pais em resguardarem-se em situações assim, abrindo espaço pros oportunistas que se aproveitam deste fato pra ganhar dinheiro em cima dum público distraído.
Só nos sobra a revolta diante disto.
Bjos,
Calu
E só a mídia pra fazer as autoridades "se coçarem" para "apurar os fatos".
O que nos resta é saber exatamente aonde é a saída quando a gente entra em algum lugar.
Esse foi o melhor aprendizado dessa tragédia.
bjnhssssssssssss
Para mim, nao haverá aprendizado algum com isso tudo. Só vao acontecer algumas mudancas, agora, inicialmente, por causa de todo o susto causado por essa terrível tragédia mas depois passado um tempo, tudo voltará a normal irresponsabilidade, tao comum a nós, brasileiros despreocupados, como estavam, tadinhos, a grande maioria daqueles jovens lindos que se foram.
sei lá. isso pode acontecer em qq lugar, em qq país, mas ahh sei la...sei la.
Também tenho agorafobia. Tenho pavor de multidão me encostando, me acotovelando... não consigo respirar.
E desde sempre, qdo entro nos lugares, sempre procuro saber onde é a saída de emergência, e de preferência, fico perto. Uns me acham maluca por isso, mas depois dessa tragédia, acho que mudaram de opinião.
Vc disse muito bem, o correto é confiarmos no bom senso de quem abre um lugar público, com toda a segurança que a lei determina. Não cabe a nós fiscalizarmos. Não mesmo!
Ainda muito chocada com tudo isso...
beijos
Esse é o perigo, geralmente a gente não faz certas coisas, mas no meio da "muvuca' a gente acaba cedendo... e ai acontecem as tragédias !!!
Ah, Lucia sua generosidade nos comentários lá em casa chegam emocionar... fico toda fofa e também te acho muito centrada, pessoa gostosa de conversar !!!
Bjus 1000 queridona
Lúcia,
Fico imaginando quanto perigo já corri, ia para boates com uma saída só, sem extintores, sem luzes de emergência, com uma multidão onde mal podíamos nos mexer,mas tudo era festa, gostava demais, não perdia por nada, nunca me preocupei, até porque isso não era uma prioridade no momento. Nessa fase, nunca pensaríamos nisso. Só comecei a me preservar e aos meus, quando fui numa festa junina com o Felipe com um aninho, dentro da universidade onde o Tiago trabalhava e no meio de tudo dois policiais disfarçados puxaram as armas, não sabia para onde correr e morri de medo pelo meu filho, nunca mais permiti que ficássemos em situação de risco novamente, mas sei que não poderei controlar tudo para sempre, meu filho crescerá e viverá os momentos dele, onde nada importa, só a diversão, embora eu cultive valores diferentes para ele. Creio que nada poderá ser feito por aqueles que perderam os seus nessa tragédia, mas acredito que é nossa responsabilidade criarmos mecanismos de defesas para nossos filhos, lutar por fiscalização e para que os culpados assumam suas responsabilidade. Impensável a dor de quem vivenciou a tragédia, passei o domingo procurando notícias de amigos, sofrendo pelos pais, irmãos e amigos, numa tragédia sem fim que poderia ser evitada.
Ainda estou chocada, o Rio Grande ficou abalado, todos que me encontravam me perguntavam sobre, porque vive próxima a região e a cada relato percebia a perplexidade de quem assistiu a tudo o que aconteceu.
Beijos
Aqui em Recife, depois dessa tragédia, começaram a fiscalizar algumas boates, notificando algumas e fechando outras.
Isso tem que ser feito em toda e qualquer casa de show, boates, bares, restaurantes.
Mas não precisava esperar essa tragédia.
Concordo com o comentário de Nina.
A rapaziada só quer se divertir!!!
Segurança é uma questão obrigatória.
Sempre que eu entro em um local fechado, procuro logo a saída de emergência.
Pode ser até neura, mas fico um pouco mais tranquila.
Xero
Sem dúvida, uma tragédia anunciada. Todos os donos de estabelecimentos de diversão pecam (uns mais, outros menos) por não cumprirem todas as normas de segurança.
Todos sabemos o quanto é incontrolável uma multidão, num momento de pânico.Para mim, um dos grandes erros foi a superlotação do local. Isso é inconsequência, tanto de quem vende os ingressos quanto de quem compra. Meus filhos já deixaram de ir a muitos lugares pq sabiam que ia da multidão e não se sentiram seguros em ir. Isso, não sem que antes eu pedisse que pensassem bem se queriam ir. Claro tb que muitas vezes foram, mesmo sabendo dos riscos. E eu só podia rezar e esperar pela volta deles. Claro está que não estou "culpando" os jovens, só retratei uma condição de risco, que talvez ajudasse a não matar a tantos, caso pudessem sair por estar o local mais apto a que se locomovessem e corressem para a única saída.
Não são nossos jovens que têm que fiscalizar, claro. Saem para se divertir, não pensam em nada mais.
Há muitos culpados no caso, como sempre.
Contudo, o erro começa pela prefeitura, que deu o alvará para a boate funcionar, com a série de ítens que eram obrigatórios serem vistoriados.
Só preferi mostrar meu ponto de vista a partir do jovem, que muitas vezes é apenas parte de um grupo e faz tudo no automático, para estar "na turma".
Era um sábado como qualquer outro, uma festa como qualquer outra, uma multidão de jovens como qualquer outra.
Como disse a Nina, pode acontecer em qualquer lugar, com qualquer grupo de jovens. Deus nos livre e abençoe cada dia mais a todos nós.
Minha amiga, a juventude não se
preocupa muito com certos perigos...
vive sem rede...
Compete às autoridades dar licencia-
mento depois de rigorosas fiscaliza-
ções, mas infelizmente não é isso
que acontece e acontecimentos dra-
máticos como este já não são a
primeira vez que acontecem.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Irene Alves
Triste,não? Também não gosto de aglomerações...Acabo de voltar das férias e daquela paz!! Pena que acaba,né?
beijos,chica
Mães que vão ficar sem os seus mais preciosos bens para sempre, por ignorância e safadeza de uns e outros que deveriam a esta hora estar queimados no lugar dos jovens que inocentemente perderam suas vidas...
Sem comentários, pois nunca os terei
O que eu sei mesmo é que a juventude sempre foi assim, aqui e em qualquer lugar, tempo e hora. Imagine se nós também olhávamos se só tinha uma porta ou se estava muito cheio? A gente sempre quis 'estar junto'.
Agora, compete ao poder público dar segurança aos seus cidadãos e por aqui, tá difícil isso!
O que fica na gente é muita revolta de saber que mentes jovens e de futuro para o país, se foram ou estão marcados para sempre.
bjs cariocas
Oiii Lucia, gostei muito do texto, eu tbém não suporto lugar apertado e cheio de gente, mas já suportei um dia, e hj minhas filhas é quem frequentam esses lugares, tenho orientado muito, sobre muitos cuidados, mas a gente sabe que uma vez da porta p fora nossos filhos estão expostos a muitos perigos, só por Deus mesmo! Que as pessoas não se esqueçam tão rápido desta tragédia e que as politicas de fiscalização desses lugares sejam mais agressivas, infelizmente depois da tragédia, mas já será alguma coisa! Bjoooss
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