Quando fiz 50 anos ganhei uma festa surpresa, em casa mesmo, dos filhos. Foi surpresa mesmo, não desconfiei de nada.
Quando fiz 55 anos, dei-me uma festa, em casa também, contratei uma moça que já tinha tido um bufê e ela organizou uma festa pequena, simples, mas muito bonita. Não, não tenho fotos de nenhuma das duas ocasiões.
Quando fiz 60, pensei em fazer um "festão", em salão, bem bacana, mas como a filha tinha tido os gêmeos, morava em outro estado e não podia vir, não o fiz, porque sem eles não teria a menor graça!
Meus aniversários sempre foram divididos, pois nasci no mesmo dia que uma irmã, quando ela fazia 2 anos. Em carta para minha avó, sogra, papai disse que "como presente de aniversário, Beatriz ganhou uma irmã". Mesmo com tias por perto, talvez nesse dia ela não tenha tido sua festinha, pois a mãe estava no hospital. Fui a terceira filha e era grande a expectativa para que fosse um menino. Mas este só viria na próxima gravidez.
Festas, depois de nos tornarmos adolescentes, não eram comuns lá em casa, éramos muitos, era um despesa que pesava no orçamento. E como a memória me prega peças, não me lembro de nenhuma, mas nenhuma mesmo, comemoração de aniversário. Sei que mamãe nunca deixava de fazer um bolo e mesmo que não fosse decorado, a velinha não faltava. E guaraná, quem sabe? Mamãe tinha mãos de fada para quase tudo e seus brigadeiros e cajuzinhos eram "de comer rezando" e ela devia fazê-los também. Por alguns anos, em aniversários em casa, ela substituiu o bolo pela Torta Paulista, que nem sei se ainda tem esse nome, uma delícia, feita com biscoito Maizena, leite condensado, creme de leite, etc., etc., deliciosamente enjoativa e esperada.
Casamos, morei fora um aniversário, tive filha 3 dias antes, outra 10 dias antes do aniversário, e as comemorações se escassearam, até passarmos a comemorar juntas, ou melhor, em casa da irmã, porque nunca dividimos os gastos, eu era convidada e isso facilitava a vida dos parentes e amigos mais íntimos, irem a somente um lugar. E eu perdi mesmo o encantamento de ter um dia especial, só meu, para comemorar. Mas nem eu nem ela, muito menos ela, temos "culpa" de ter nascido no mesmo dia. Comemorar fora da data, eu num dia e ela no outro, nunca pensamos.
Hoje, mais um aniversário nosso, não fui comemorar com ela, desanimada que estou, pela situação de nossa mãe.
Não é tristeza, é apenas desânimo mesmo, dificuldade de estar "fazendo o social", num momento tão delicado.
Feliz aniversário para mim, em meio a tantos amigos virtuais, os reais também, com seus telefonemas, mensagens no Facebook e inbox.
Estou pronta para mais um ano, espero que de muitas alegrias, como receber mais um neto e dois sobrinhos-netos. Vida que se renova, vida que segue, apesar de todos os percalços.
Que eu possa crescer mais, espiritualmente.
Que eu saiba me calar na hora certa.
Que eu possa dizer o que penso, na hora certa.
Que eu possa ser mais alegre, mais otimista, mais feliz, mais amiga, mais sincera, mais humilde, mais crente, mais esperançosa, mais entusiasmada, para receber bem todos que de mim precisarem e comigo convivem.
Sinceramente, não é fácil ser eu!
