Dia das Mães é todo dia!

Toda mãe fala que Dia das Mães é todo dia.
Toda mãe fala que não quer presentes, quer respeito, carinho, educação. Mentira. Nem todas. Há as que fazem questão de ganhar.Como se matéria significasse alguma coisa. Eu me sinto constrangida, porque faço aniversário menos de 2 semanas antes e penso no "prejuízo" dos filhos. rs
Marido não é filho, muitos usam essa fala para se isentarem de presentear, mas a mulher dele é a mãe dos seus filhos. Acho justo que presenteiem-nas. Se elas fazem questão.
Sou a pessoa mais fácil para darem um presente, ou a mais difícil. Porque o valor em si nada significa para mim. Sou simples, mas complico. Não é o preço do presente que me conquista, mas sua utilidade para mim. Não sou de frufrus, de enfeites, de coisas muito pessoais, como peças de vestuário, sapatos, bolsas, etc. 
Não me deem presentes achando que vão me agradar, porque eles nada representam se seu coração não for meu! Prezo muito mais o carinho, o amor, a atenção, a compreensão. 
Mas isso é conversa fiada, que não leva a nada. 
Outro dia encontrei, no Facebook, como lembrança, um texto do ano passado, quando da morte da mamãe. Foi um período quase surreal, nunca me "caiu a ficha" o tamanho da dor que foi vê-la ir-se. Eu e ela, sozinhas no quarto. Olho para ela, seu peito sobe e desce. Baixo os olhos para o sudoko que fazia, levanto os olhos num outro segundo, o peito não se mexe. Ela se foi sem um som, sem um movimento. E essa lembrança acompanha meus dias, mas supero a dor, às vezes. Em outras, choro e lamento, mas sei que ela está muito bem, muito melhor do que imóvel, naquele cama de hospital. 
É uma dor que se modifica, mas não passa.
Foram muitos anos com ela, eu era dela desde os seus 24 anos, ela era minha a vida toda!
Nem sempre vivemos num mar de rosas, mas ela me ensinou a ter-lhe respeito e por mais brava que eu tenha sido com ela, quando ela já começava a dar sinais de cansaço, com mais de 83 anos, sei que fiz por amor. Era brava com ela quando ela era birrenta, quando desafiava, não se conformando por estar perdendo o terreno, cansada demais para gerenciar uma casa e dois filhos dependentes dela. Fui "a" chata, mas fui uma companheira presente e lhe dei o máximo que pude dar, embora ela merecesse muito mais!
E escrevi o texto abaixo há mais de 1 ano, no momento do auge da minha dor. 
Aqui ficará guardado.   

"Obrigada a todos os amigos que me abraçaram. Muita da força que tive nesses quase 15 meses veio dos momentos que passava aqui, me distraindo com vocês. Quem me acompanha sabe o que passamos. Mas nunca perdemos a força e minha mãe teve um tratamento vip, como merecia. Mãe que é mãe merece tudo. Ser mãe não é ter barriga. Ser mãe é amar, cuidar, se importar. E ela teve o privilégio de ter 10 barrigas e ainda abrigou no coração mais uma. Ela era chata, mandona, centralizadora, intolerante a muita coisa, deixou que a amargura de uma vida nada fácil a contaminasse em muitos momentos, mas jamais perdeu o interesse em nos ver bem. Ela foi uma grande mulher, em todos os sentidos. Não era de abraços, de beijos, mas quando nos dava a sua bênção, sabíamos que estávamos protegidos. Perdeu o pai ainda menina, 13 anos, e mesmo não sendo a mais velha, ficou à frente da família. Aos 20 anos já era mãe, seu melhor papel.
Era bonita, por dentro e por fora, era prendada, tudo que fazia era bem feito. Era medrosa e nos dava forças. Era imperfeita e era a mais completa figura de mãe. 
Nesses últimos meses falei por toda a vida o que não tinha falado diretamente. O quanto a amava. Vou ter milhares, milhões de boas lembranças e muito poucas lembranças nem tão boas. Ruins, nenhuma. Sou muito parecida com ela, não fisicamente, não nos talentos, mas no temperamento em geral. Herdei dela ser mandona, achar que o que faço é melhor, ser trabalhadora, ser amiga, ser abrigo, ser certeza de amparo.
"Você jamais saberá, querida, a falta que você faz em mim..."
Mãe, AMA!




Este AMA! tem uma história, que conto aqui https://sem-medida-lucia.blogspot.com.br/2012/03/ama.html

Que meus dias sejam sempre "das mães", na alegria de ter o respeito e a companhia dos meus filhos.
E que todas as mães possam ter a mesma alegria que eu, em ter tido um exemplo de mãe em suas vidas e ter filhos que valeram a barriga que carregamos, as noites passadas em claro, a tortura de vê-los doentes, os medos por suas escolhas pela vida afora. Feliz todos os dias para nós!

5 comentários:

chica disse...

Essa data mexe com todos seja pela emoção e carinhos que recebemos, seja pelo fato das mães não mais aqui estarem A minha, com 91 ainda fisicamente está, mas tão diferente do que era...Pena> Lindo texto, linda tua dedicação à ela, que acompanmhei sempre! bjs, tudo de bom,chica

Ana Paula disse...

Chica tem razão: ficamos mais sensíveis nessas datas, especialmente quando uma perda ainda é recente. O tempo, com seus mistérios certamente transformará tua dor em doce saudade.
Minha mãe se foi nos meus treze anos de idade, doeu de maneira intensa; hoje, doce saudade.
Um beijo pela linda homenagem, dedicação e também pelo dia das mães!

pensandoemfamilia disse...

Passeando pelos blogs amigos, cheguei hoje aqui e li atentamente sua bela declaração de amor a sua eterna mãe. Ela ficará para sempre em seu Ser certamente, mas a dor vai se modificando, deixando a saudade ....

Lúcia Soares disse...

Obrigada, amigas blogueiras. Chica, Ana Paula e Norma, estão sempre presentes nos blogs. Eu é que preciso visitá-las mais! Um beijo em cada uma. Obrigada pela companhia.

Maria Glória disse...

Olá Lúcia!
O dia das mães mexe muito comigo, pois sinto muita falta da minha mãe. Não tenho tristeza, mas a saudade é grande! E sei que você bem entende sobre essa saudade. Tua dedicação para com tua mãe foi completa, eu me lembro bem. Também lembro de uma foto da tua mãe, acho que foi em uma postagem no facebook, um olhar forte, mas muito feminino. Tenho certeza que foi uma grande mulher!
Belas palavras, Lucia. Um beijo amiga!